Bolsa fecha em queda e dólar em alta com desempenho ruim do varejo

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fechou em queda de 1,30%, voltou ao patamar dos 117 mil pontos, puxada pelo desempenho fraco do comércio varejista doméstico em maio, o que acabou prejudicando os papéis ligados ao consumo. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 0,99%.

Mais cedo, as vendas no varejo em maio apontaram queda de 1,0% e expectativa era de estabilidade. Na comparação com 2022, as vendas subiram 3,0% e o mercado previa alta de 2,00%.

Entre as ações do varejo, Natura (NTCO3) caiu 3,67%, Lojas Renner (LREN3) perdeu 3,36%, Guararapes (GUAR3) teve queda de 5,43%, Soma (SOMA3) cedeu 2,10%.

O destaque de alta ficou para Meliuz (CASH3) com o BTG Pactual reiterando recomendação de compra para o papel.

Em relatório, o banco colocou preço-alvo para o papel em R$ 18 e espera um balanço positivo para o 2T23. As ações da empresa subiram 13,25%, cotada a R$ 8,03.

O principal índice da B3 caiu 1,30%, aos 117.710,54 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 1,36%, aos 118.840 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, disse que a Bolsa cai puxada por dados mais fracos do varejo. “O mau humor foi generalizado por conta do recuo nas vendas no varejo na comparação mensal e anual e impactou as ações do setor do ciclo doméstico, além disso todos os vértices das curvas de juros abrindo e acabou azedando o humor no mercado como um todo; voltou a pauta do corte da Selic em 0,25pp ou 0,50 pp e se vai ser em agosto ou setembro; a Vale tem leve alta e a Meliuz tem alta expressiva com recomendação do BTG, outro fator que contribuiu para o pessimismo do mercado foi a piora das bolsas nos Estados Unidos”.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que a Bolsa recua em um movimento de realização “com correção nas ações do setor de varejo, após os dados ruins de vendas no varejo em maio; a Bolsa vem oscilando entre os 116,5 mil pontos e 120 mil pts e não consegue ganhar força para romper os 120 mil pontos”.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, disse que o Ibovespa passa por um movimento de correção. “O Ibovespa subiu muito nas últimas semanas e não vejo nenhuma notícia que justifique a queda de hoje, mas uma realização de lucros. Há muita expectativa em cima da política monetária menos contracionista. A possível queda de juros no Brasil e o mercado precificando um possível final de ciclo nos EUA, muita gente esperava uma recessão nos Estados Unidos, inclusive. E agora a gente está vendo, que é provável que seja diferente, já que o mercado lá não está caindo. Na sexta-feira normalmente a gente tem um movimento um pouco mais ameno de bolsa, dado que [o investidor] não quer ficar posicionado”.

Segundo um gestor de investimentos, a queda na Bolsa reflete os dados piores de venda no varejo em maior, “e as ações de consumo já começam a sofrer”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,10%, cotado a R$ 4,7950. Além do Varejo, que caiu 1,0% em maio anta projeções de estabilidade, a sessão foi marcada pela baixa liquidez. Na semana, a moeda teve desvalorização de 1,46%.

O sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem entende que além do varejo, a liquidez reduzida, comum às sextas, também tem impacto direto no câmbio.

Nagem prevê, contudo, que o dólar chegue em R$ 4,75 ao final da próxima semana e ressalta que as medidas do Governo têm sido positivas para a economia.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta na tarde desta sexta-feira, depois de abrirem em queda. O impulso para cima foi dado com a divulgação dos dados de confiança do consumidor dos Estados Unidos mais robustos do que era estimado.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,845 % de 12,845% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,905% de 10,800%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,320%, de 10,095%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10, 320 % de 10,120% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, apesar de encerrarem a semana em alta, com balanços otimistas do JPMorgan e Wells Fargo, que elevaram suas ações com novos dados de pesquisa mostrando que os americanos estão mais confiantes com a economia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,33%, 34.509,03 pontos
Nasdaq 100: -0,18%, 14.114,0 pontos
S&P 500: -0,10%, 4.505,42 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA