Bolsa fecha em queda de 2,42% após tom agressivo na ata do Fed; dólar sobe

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São Paulo – No terceiro pregão do ano, a Bolsa fecha em forte queda de mais de 2% e perdendo os 103 mil pontos após a divulgação da ata da última reunião (15/12) do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) com um tom mais agressivo sobre a política monetário. O documento mostrou que a maioria dos dirigentes considerou aumentar os juros antes do esperado e a acelerar na retirada de estímulos.
O principal índice da B3 caiu 2,42%, aos 101.005,64 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 2,51%, aos 101.790 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em forte baixa.
Júlio Pinelli Delta, especialista em renda variável da Delta Flow Investimentos, comentou que a ata mostrou um tom mais agressivo da política monetária dos Estados Unidos com os dirigentes do Fed dizendo que a inflação está acima do esperado, isso levou o mercado de ações acentuar às perdas aqui e lá fora. “Desagradou o mercado a retirada de estímulos e uma alta de juros acima do que o mercado esperava em termos de velocidade”.
Outro ponto que o mercado recebeu mal foi em relação ao emprego. “Membros do Fed disseram que se o mercado de trabalho continuar dessa forma o aumento de juros pode acontecer em um ritmo até mais que acelerado que o mercado estava esperando”. Mais cedo, o relatório ADP mostrou a criação de 807 mil empregos em dezembro no setor privado nos Estados Unidos. O mercado previa abertura de 375 mil vagas.
O especialista em renda variável da Delta Flow Investimentos afirmou que o pregão de hoje está pressionado pelo externo, mas “temos um problema fiscal no nosso País que impactou as duas primeiras sessões do ano e os setores Ibovespa vêm sofrendo de forma parecida com o noticiário macro, com destaque para o varejo”.
Os riscos fiscais em um ano eleitoral também permaneceram no foco dos investidores durante a sessão de hoje e as preocupações com os protestos dos servidores reivindicando aumento salarial.
Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, comentou que a venda de 21 milhões de ações do Banco Inter (BIDI 11) pelo Fundo Ponta Sul, do Rio de Janeiro, foi o grande tema na primeira metade do pregão. “O fundo estava bem alavancado em Banco Inter e vinha ‘stopando’ a posição há semanas; vários fundos de investimentos de ações (FIAs) estavam tomando resgate por isso e o fluxo de venda não parava”.
Após o leilão, em que o preço saiu a R$ 24,60 e não a R$21 como temia o mercado, “parece que muita gente respirou aliviada”. As ações do (BIDI11) fecharam em queda de 5,79%. Este Fundo Ponta Sul já se desvalorizou 56% no ano passado.
O fundador e CIO da Chess Capital ressaltou que “a curva de juros futuros por aqui ainda incomoda bastante”. As taxas de contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) de longo prazo seguem pressionadas.
Em relação à ata do Fed, Zuffo acredita em um tom mais duro “em linha com que o mercado espera”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,7100, com alta de 0,36%. Volátil durante toda a sessão, a moeda norte-americana virou após a divulgação da ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que deu indícios de aceleração do tapering (remoção de estímulos) e antecipação do aumento dos juros.
Para a equipe da Ouro Preto Investimentos, “a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) veio com um tom mais hawkish (duro) que o esperado, e possivelmente o aumento da taxa de juros vai começar em março”.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, segue a mesma linha: “A ata de hoje nos parece muito mais hawkish do que o comunicado sugeriu, principalmente no tocante as discussões de política monetária”, avalia.
De acordo com o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “o ano de 2022 deve ser marcado por volatilidade, embora exista uma expectativa de queda do dólar”. Ele acredita que os constantes ruídos fiscais e políticos no cenário doméstico contribuem para não desanuviar o quadro brasileiro.
Serrano não acredita que a ata do Fed altere o cenário instável do câmbio, e continua: “Tem havido uma reavaliação da inflação no mundo, pois mesmo com o avanço da Ômicron nos Estados Unidos e Europa, existe menos preocupação de contração econômica”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta com riscos fiscais no radar dos investidores. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,045% de 12,040% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa 11,590, de 11,470%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,300%, de 11,175% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,210% de 11,115%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,7000 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda superior a 1%, com o Nasdaq perdendo mais de 3%, depois que a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) foi divulgada. O documento mostrou a preocupação dos membros com uma inflação insistente e um comprometimento com o aperto monetário.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -1,07%, 36.407,11 pontos
Nasdaq Composto: -3,34%, 15.100,2 pontos
S&P 500: -1,93%, 4.700,58 pontos