Bolsa fecha em queda com Vale e temor de ingerência na Petrobras; dólar encerra a R$ 4,97

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo -A Bolsa fechou em queda pressionada pela Vale (VALE3) e mineradoras por conta da queda do minério de ferro na China, mas a Petrobras (PETR3 e PETR4) que deu o tom do mercado na sessão dessa segunda-feira com muita volatilidade nos papéis.

Esse movimento refletiu a possibilidade de os conselheiros indicados pelo governo reverter a posição sobre os dividendos extraordinários e as ações subiram, mas depois que vazaram trechos da entrevista que Lula concedeu ao SBT e vai ao ar hoje à noite, em que o presidente disse que a Petrobras não tem que pensar nos acionistas e os papéis caíram.

Na sexta-feira (8), a Petrobras perdeu mais de R$ 50 bilhões de valor de mercado quando os papéis caíram mais de 10% com a frustação dos investidores pelo não pagamento dos dividendos extraordinários.

A Vale (VALE3) caiu 3,10% e Petrobras (PETR3 e PETR4) recuaram 1,91% e 1,30%. Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) caíram 4,69% e 1,77%, nessa ordem. CSNMineração (CMin3) perdeu 1,77%. As petroleiras 3RPetroleum (RRRP3) e Petrorecôncavo (RECV3) subiram 2,93% e 1,49%.

O principal índice da B3 caiu 0,74%, aos 126.123,56 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,72%, aos127.400 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que a entrevista de Lula ao SBT fez as ações voltarem a cair.

“Ele [o presidente] defendeu que os recursos dos dividendos sejam destinados a investimentos, que a petroleira precisa pensar nos 200 milhões de brasileiros “sócios” da empresa e não pode ficar presa a “choradeira do mercado”. Isso mais uma vez gera bastante desconfiança com relação a governança da companhia”.

Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, disse que a Bolsa cai “com um cenário de incertezas que parece tomar conta de parte do mercado, principalmente com possíveis intervenções do governo em empresas como a Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)”.

O head de renda variável e sócio da GT Capital disse que a alta da 3RPetroleum (RRRP3) ainda reflete o balanço da companhia acima do esperado e ainda com a expectativa da fusão com PetroRecôncavo (RECV.). A possibilidade da fusão tem atraído investidores, inclusive que podem estar migrando de PETR4 para essas duas empresas.

Já a Braskem (BRKM5) segue “com os rumores sobre sua venda, o que faz o papel ter grande volatilidade e às vezes aparecendo nas maiores altas”. A ação subiu 1,48%.

Em relação à Vale, a queda do minério de ferro empurrou a Vale para baixo, levando também outras empresas como Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3), disse Silva.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que em uma semana repleta dados a ser divulgados, principalmente lá fora, duas notícias em relação à Vale e Petrobras estão sendo digeridas pelo mercado.

“Após abertura negativa das ações da Petrobras, ao longo da manhã os papéis reverterem em cima de notícias de que os conselheiros que tinham votado para suspender o pagamento extraordinário poderiam rever sua posição. Ainda há muita coisa pra ser olhada nessa questão da Petrobras, mesmo porque esse dividendo de lucro retido tem uma finalidade específica. Não dá para o governo querer utilizar a Petrobras com esse dinheiro e fazer investimento. Já na Vale, a recondução do Bartolomeo [Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale] até o final do ano acaba a celeuma de quem vai ser [o presidente], mas por outro lado, a gente foi impactado negativamente com notícias advindas da China no que tange à estoque de minério-veio acima das expectativas do mercado tendo mais estoques nos portos e fez com que o minério tivesse uma queda de mais de 5% refletindo nas empresas de mineração como Vale, CSN Mineração, CSN e Usiminas (todas tem mineração na sua composição), outras empresas já começaram a se recuperar de uma abertura negativa como bancos e proteína; as ações de consumo estão patinando haja vista que os DIs estão tentando uma recuperação”

O dólar fechou em queda de 0,05%, cotado a R$ 4,9784. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a emissão de títulos offshore de sete anos pelo Banco do Brasil. Contudo, a inflação nos Estados Unidos – que será divulgada amanhã – e a Petrobras seguem no radar.

“Esperamos que a inflação venha dentro do esperado, para mostrar que a política monetária está surtindo efeito”, observa o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o Banco do Brasil tirou a pressão do câmbio com a emissão dos títulos offshore”.

“O contexto ainda não é favorável ao real, com a queda das commodities e o dólar ganhando da maioria das moedas”, explica Borsoi.

De acordo com a Ajax Asset, “lá fora, ativos de risco em baixa com os investidores no aguardo da inflação de fevereiro. Por aqui, incerteza com Petrobras se mantém, com maior risco de intervenção do governo em seus assuntos interno”.

A Petrobras anunciou, na última sexta, que não irá pagar os dividendos extraordinários referentes ao 4º trimestre de 2023,

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda. Os DI passaram a cair depois que surgiram boatos de que a Petrobras estaria negociando com o governo a fim de reverter a decisão de que os pagamentos extraordinários – que vão além do que está escrito na política de remuneração a acionistas da estatal – não ocorram. O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,885%, de 9,890% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,730% de 9,745%%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,955%, de 9,970%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,235% de 10,245% na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, enquanto os investidores aguardavam os dados de inflação que testarão as apostas para o início dos cortes de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,12%, 38.769,66 pontos
Nasdaq 100: -0,41%, 16.019,3 pontos
S&P 500: -0,11%, 5.117,94 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA