Bolsa fecha em queda com mercado cauteloso às vésperas de feriado doméstico; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda com os investidores mantendo a cautela por conta do feriado de amanhã aqui e dia em que saem os dados de inflação ao produtor nos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês) e ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e ninguém gosta de “dormir comprado” em um cenário externo de incertezas.

Mais cedo, a fala do dirigente do banco central da Inglaterra (BOE), Andrew Bailey, sobre retirar a liquidez no mercado deixou os investidores temerosos e as bolsas caíram.

Do lado positivo, por aqui, as ações da Braskem (BRKM5) lideraram as altas do Ibovespa em 20,40% depois que o fundo norte-americano Apollo teria de feito uma nova oferta pela companhia e o mercado aguarda os dois maiores acionistas da petroquímica, Petrobras e Novonor (ex-Odebrecht) se manifestarem.

Outro ponto que se especula no mercado é de que a Petrobras poderia utilizar o dinheiro da venda para o pagamento de dividendos aos acionistas.

O principal índice da B3 caiu 0,94%, aos 114.845,95 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdia 1,03%, aos 114.860 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,6 bilhões. Em Nova York, os índices operavam mistos.

Cassiano Konig, sócio da GT Capital, disse que a Bolsa fechou em queda “com indícios mais fortes de recessão global e um recrudescimento dos juros nos países para tentar conter o ímpeto da inflação”.

Segundo um analista de uma grande gestora de investimentos que não quis se identificar, a fala do dirigente do BOE, “assustou o mercado aqui e nos Estados Unidos, bolsas caíram e o dólar disparou. É um recado para quem trabalha alavancado e que for retirada a liquidez, vai aumentar o custo do dinheiro”.

O banco central da Inglaterra tardou em subir os juros para combater a inflação.

João Abdouni, especialista em investimentos da Inversa, disse que o mercado está preocupado com o cenário externo “em meio à escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia, questões de endividamentos na Alemanha e Inglaterra, que dificultam a elevação da taxa de juros no combate à inflação; na margem a situação do Brasil está bem até porque a taxa de juros está muito alta”.

Abdouni acredita que “os investidores estrangeiros estão vendendo as ações de peso no índice, como Petrobras e Vale”.

Mais cedo, Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, disse que o mercado está cauteloso. “Como amanhã não temos negociação na B3 e saem os dados de inflação ao produtor nos EUA e na quinta o CPI [índice de preços ao consumidor norte-americano], o investidor não quer ficar posicionado com medo do número que vai sair nesta quarta-feira; e o IPCA está fazendo um pouco de preço, veio queda menor e deve equilibrar um pouco as expectativas”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,54%, cotado a R$ 5,2710. A sessão foi marcada pela forte atmosfera de cautela causada pela expectativa com a divulgação de importantes indicadores norte-americanos, amanhã e quinta-feira.

Segundo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o pessoal está protegido para amanhã, é muito complicado ficar posicionado. E dólar está na direção oposta ao mercado global por isso”.

O economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio Leal, segue a mesma linha, e entende que o cenário externo é muito conturbado e internamente a cautela predomina.

Serão divulgados nos Estados Unidos, amanhã, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de setembro e a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Já na quinta é a vez do índice de preços ao produtor (CPI, na sigla em inglês), também referente ao mês passado.

De acordo com o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o mundo está preocupado com uma recessão, e o dólar está respeitando a faixa dos R$ 5,20”.

Além da preocupação com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), Brigato ressalta que a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que será divulgada amanhã, deve vir dura, com a instituição reforçando seu combate à inflação.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) opera em alta, devido ao pano de fundo de um cenário internacional de aversão ao risco, neste ambiente recessivo.

Abdelmalack explica que, além de ser véspera de feriado no Brasil, a leitura da inflação nos Estados Unidos, e que caso se confirme a desaceleração do CPI no acumulado de 12 meses pode ocorrer um movimento de descompressão no dólar.

A economista não acredita que o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que caiu 0,29% em setembro ante agosto, tenha surtido algum efeito no câmbio, já que o resultado veio em linha com o esperado e é o terceiro mês seguido de deflação.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta. À medida que a divulgação de importantes indicadores nos Estados Unidos se aproximava, a cautela ganhou ainda mais força em um ambiente doméstico de busca por proteção. O o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,680% de 13,674% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,805%, de 12,705%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,650%, de 11,475% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,510% de 11,320%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2680 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, com o S&P recuando pelo quinto pregão consecutivo, numa sessão instável à medida que Wall Street foca nos principais dados de inflação e no início da temporada de balanços, ambos programados para o final da semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,12%, 29.239,19 pontos

Nasdaq 100: -1,10%, 10.426,2 pontos

S&P 500: -0,65%, 3.588,84 pontos

Com Paulo Holland / Darlan de Azevedo / Agência CMA.