Bolsa fecha em queda com juros no radar e na expectativa para payroll; dólar recua

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda, na região dos 128 mil pontos, em dia de agenda fraca e com o mercado atento à possibilidade de mudanças no corte da Selic por conta do cenário de juros americanos.

Os investidores ficam no aguardo de indicadores do mercado de trabalho nos Estados Unidos ao longo da semana. Pouca liquidez.

Entre os setores com quedas maiores ficaram os de varejo. Pão de Açúcar (ON, -7,21%), Grupo Soma (ON, – 4,36%) e Petz (ON, – 5,72%).

“As quedas refletem a continuidade da tendência baixista para ativos de varejo em geral em função do cenário macroeconômico no Brasil e o mercado busca avaliar o preço justo para as ações das empresas e aproveita oportunidades de trade nos ativos”, disse Felipe Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.

A Vale (ON, -0,22%), Itaú (PN, -0,76%); Bradesco (ON, -1,53%; PN, -0,94%). Embraer (ON, +4,32%) ficou entre as maiores altas do Ibovespa, após a American Airlines comprar 90 jatos da empresa.

O principal índice da B3 caiu 0,65%, aos 128.340,54 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,50%, os 129.840 pontos. O giro financeiro era de R$ 17,6 bilhões. Os índices norte-americanos fecharam mistos.

Leonardo de Santa, analista da To Gain, disse que a sessão de hoje está sem grandes motivadores e com liquidez baixa.

“Todos os setores caem-mineradoras, siderúrgicas, de petróleo, financeiro e varejo, mas nenhum destaque, o mercado está na expectativa do payroll e indicadores da China ao longo da semana [como PMI de setor de serviços]”.

Felipe Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que a queda do Ibovespa está relacionada a questão dos juros.

“A falta de confiança dos investidores nas perspectivas de uma baixa mais acelerada da taxa de juros no Brasil no futuro próximo, decorrente da política de arrecadação e gastos do governo em comparação com as oportunidades vislumbradas para mercados mais consolidados como os Estados Unidos, que devem manter a taxa de juros nos próximos meses”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que as falas de Campos Neto refletiram um pouco no mercado.

“O mercado já está precificando que o BC pode reduzir a velocidade se o banco central norte-americano não começar o ciclo de corte de juros. Campos Neto disse que vai depender dos passos do Fed. Se perderemos o diferencial de juros, também perdemos capital estrangeiro. O fator eleição nos EUA pode fazer a atividade econômica por lá esfriar e, se não forem ágeis, o segundo semestre será ruim por lá”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,14%, cotado a R$ 4,9469. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a espera pela divulgação e outros indicadores do emprego, nos Estados Unidos, nesta semana.

“Estamos vendo os mercados globais mais cautelosos por conta da agenda da semana. Teremos Livro Bege e Payroll. O payroll vai ser importante porque no mês passado tivemos um dado muito forte e caso isso se repita, podemos ter uma nova reprecificação dos mercados”, avalia o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura.

“As moedas de emergentes e de países ligadas a commodities estão estáveis devido as expectativas em relação a reunião na China, que começa esta semana. Acreditamos que o real pode se valorizar ao longo do tempo, mas não vemos gatilhos claros para que isso ocorra no curto prazo e de forma rápida”, observa Komura.

Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, o mercado está de lado à espera do relatório de emprego

“O mercado está ‘largado’, com a falta de notícias e as atenções estão para o payroll. Existe uma tensão em relação as decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), se o início do corte de juros será mesmo no meio do ano.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham próximas à estabilidade, em dia de agenda esvaziada e cautela à espera de novos dados que serão divulgados, além de fala oficial do do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,930%, de 9,940% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,735% de 9,945%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,935%, de 9,935%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,185% de 10,190% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, enquanto os investidores se preparam para uma semana marcada pelo depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e o relatório mensal de empregos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,25%, 38.989,83 pontos
Nasdaq 100: -0,41%, 16.207,5 pontos
S&P 500: -0,11%, 5.130,95 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA