Bolsa fecha em queda com investidores cautelosos às vésperas do carnaval; na semana encerrou em alta

1442
Foto: Burak K / Pexels

São Paulo – A Bolsa fechou em queda em um dia em que os investidores mantiveram cautela, reduzindo as posições, por conta do feriado de carnaval e exercício de opções sobre as ações e o foco se concentrou no exterior com o temor dos agentes financeiros de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantenha o ritmo de alta de juros por um período mais longo. Na semana, o índice acumula alta de 1,01%. A sessão foi de baixa liquidez.

A queda das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), com peso relevante no índice, também ajudou no movimento negativo da Bolsa acompanhando a desvalorização do petróleo.As ações ordinárias e as preferenciais caíram igualmente 1,52%, cotadas respectivamente R$ 29,69 e R$ 26,44.

Por conta do carnaval, a Bolsa ficará fechada de segunda-feira (20), terça-feira (22) e na Quarta-Feira de Cinzas (23) volta a funcionar a partir 13h.

O principal índice da B3 caiu 0,69%, aos 109.176,92 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril fechou em queda de 1,15%, aos 110.860 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,9 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam mistas.

Marcus Labarthe, especialista em investimentos e sócio-fundador da GT Capital, disse que o Ibovespa acompanha o mau humor externo. “O que gerou esta frustação foi um entendimento do mercado de que existe uma grande possibilidade de alta de juros nos EUA, ou seja, um tom mais contracionista”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, Ibovespa cai com os investidores mais preocupados com os juros nos Estados Unidos porque a inflação por lá não está retrocedendo e algumas falas de dirigentes do Fed sugerem que as taxas podem passar do patamar de 5%; falas do Lula de que se a economia não andar ele pode reavaliar a independência do Banco Central também incomoda o investidor”.

Mota também destacou que devido ao carnaval e o exercício de opções “o investidor fica mais cauteloso e não quer se posicionar muito porque pode ter alguma fala nesse período em que a Bolsa estará fechada”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos disse que as ações da Vale (VALE3) passam por realização na sessão de hoje. “O balanço veio abaixo do consenso de mercado- registrou lucro líquido no 4T22 de US$3,724 bilhões, recuo anual de 30,4%-, mas o ativo tem uma realização de lucros por conta da alta dos últimos meses na toada da reabertura da China, o papel saiu de R$ 64 em nov/22 para quase R$ 100 em fev/23”.

O dólar fechou em queda de 0,86%, cotado a R$ 5,1640. A moeda refletiu, majoritariamente, um movimento de correção. O cenário, tanto no Brasil quando no exterior, continua indefinido, repleto de incertezas. Na semana, a moeda norte-americana sofreu desvalorização de 1,09%.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “é um movimento global do dólar, que está desvalorizando bastante contra as moedas emergentes. Existe o medo de recessão por causa da manutenção dos juros altos nos Estados Unidos, mas na visão do estrangeiro os mercados emergentes podem ser uma alternativa”.

Komura acredita que “o dólar está na contramão dos juros e bolsa. O Brasil é atrativo para o investidor estrangeiro, mas o movimento não está melhor pois há muito ruído local”.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, mercados ainda digerem discursos mais hawkish (duro, propenso ao aumento dos juros) dos membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Por aqui, num dia de fraca agenda, os ativos domésticos devem seguir a piora dos mercados internacionais”.

É importante notar, contudo, que as falas foram da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e do presidente do Fed de Saint Louis, ambos membros não-votantes em 2023 – os dois defenderam uma alta de 0,25 ponto percentual (pp) na próxima reunião da instituição.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, acompanhando uma melhora externa. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,240% de 13,235% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,535%, de 12,550%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,635%, de 12,730%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,820% de 12,950% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1610 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo misto com a inflação teimosamente alta e possíveis aumentos nas taxas de juros continuando a pesar sobre o sentimento dos investidores.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos :

Dow Jones: +0,39%, 33.826,69 pontos
Nasdaq Composto: -0,59%, 11.786,0 pontos
S&P 500: -0,27%, 4.079,09 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Julio Viana / Agência CMA.