Bolsa fecha em queda com exterior e commodities metálicas, apesar da aprovação do marco fiscal

789

São Paulo -A Bolsa fechou em queda pelo terceiro dia seguido, apesar da aprovação do texto-base do arcabouço fiscal ontem, com os investidores focados no exterior.

A queda das commodities metálicas, a lentidão no avanço das negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos, ademais de uma ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais dura contribuíram para o pessimismo dos agentes financeiros.

A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice caiu 2,26%, cotada a R$ 65,05. CSN (CSNA3) perdeu 3,81%, a R$ 12,61 refletindo a forte queda do minério de ferro com o receio em relação à recuperação da economia chinesa.

O principal índice da B3 caiu 1,02%, aos 108.799,54 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho cedeu 1,28%, aos 109.630 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em baixa.

Felipe Leão, analista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa cai influenciada pelas commodities metálicas “pressionadas pela baixa do minério, fica a tensão em relação ao teto da dívida dos Estados Unidos com declarações do pres. Da Câmara de que as partes estão distantes de um acordo e a ata do Fed, divulgada agora à tarde, apontou que vai ter um limite da dívida federal e que pode não ser elevado em tempo hábil, diminuíram as chances de novos aumentos de juros e os membros concordaram que a inflação segue alta e continua prevendo recessão”.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que a Bolsa é impactada “pelas commodities metálicas e exterior, a curva de juros está bem-comportada, cedendo um pouco ao longo de todos os anos as ações ligadas ao consumo doméstico estão melhores; em relação ao arcabouço, a melhora recente da Bolsa já vem precificando a aprovação”.

Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que o movimento da Bolsa reflete uma questão doméstica e macro. “Apesar do arcabouço estar impactando positivamente nos juros e no dólar, a Bolsa está realizando porque já precificou esse otimismo, temos espaço de correção; o foco principal é a Vale, que cai por conta do minério de ferro, e as bolsas internacionais puxando forte por falta de acordo em relação ao teto da dívida dos Estados Unidos e impactam aqui”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que a grande notícia é a aprovação do arcabouço fiscal. “O texto acabou sendo um pouco mais rígido, mas dá força para o governo aprovar as próximas reformas e está ajudando mercado mais vinculado a ele performar bem como os juros e dólar, movimento antecipado ontem. Já a Ibovespa futuro está em linha com os futuros norte-americanos em meio às negociações do teto da dívida e aqui as commodities metálicas prejudicam bastante a Bolsa brasileira, que é muito pesada no setor de mineração e siderurgia e acaba tirando o “brilho que podia ter”.

Silva disse que com o fechamento da curva de juros ” devemos acompanhar o varejo e bancos e devemos ver o movimento de rotação de setores, saindo de commodities e indo para os players de mercado interno”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,34%, cotado a R$ 4,9540. A moeda refletiu, durante a sessão, o otimismo do mercado com a aprovação do texto-base do arcabouço fiscal, ontem, na Câmara.

Para o economista da Guide Research Rafael Pacheco, “o que mais faz preço hoje é o arcabouço. Também tem um vetor de fluxo, com o sentimento do investidor estrangeiro sobre o Brasil ficando mais positivo. O preço justo do dólar é entre R$ 4,90 e R$ 5”.

Segundo a Mirae Asset, “o mercado deve respirar aliviado, depois do veto do aumento real de 2,5% real em 2024. Despesas só podem variar a 70% das receitas nestes dois anos (2023 e 2024), limitadas ao teto de 2,5% acima da inflação. Além disso, governo passa a contingenciar até 25% das despesas e o Fundeb acabou mantido dentro do limite das despesas”.

De acordo com a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, a boa recepção ao texto aprovado do arcabouço pelo mercado poderá ajudar no câmbio hoje. A economista observa que alguns mecanismos que evitam exagero nos gastos públicos foram aprovados no texto.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, na contramão dos juros internacionais, ainda refletindo aprovação do texto-base do arcabouço fiscal com amplo apoio da Câmara e conteúdo mais austero do que o proposto inicialmente pelo relator, Cláudio Cajado (PP-BA).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,275% de 13,300 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,625 % de 11,685%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,115 %, de 11,165%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,160 % de 11,140% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo negativo, com o Dow Jones recuando pelo terceiro pregão consecutivo, à medida que as conversas entre autoridades da Casa Branca e do Congresso não avançam e se aproxima ainda mais a data para um possível calote da dívida norte-americana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,77%, 32.799,92 pontos
Nasdaq 100: -0,61%, 12.484,2 pontos
S&P 500: -0,73%, 4.115,24 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA