Bolsa fecha em queda após Fed e com peso de commodities; dólar recua

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São Paulo- A Bolsa fecha em queda em dia movimentado aqui e lá fora em meio à decisão do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) em subir, conforme o esperado, os juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto porcentual (pp) e o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizar que a política deve seguir restritiva até que a inflação de mais sinais de queda para atingir a meta de 2%.

Somado a isso, por aqui as ações da Vale (VALE3) e commodities caíram puxando o índice para baixo refletindo os dados ruins da mineradora de produção de minério de ferro no 4T22, abaixo das expectativas divulgados na véspera-80,9 milhões de toneladas, queda de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os papéis da mineradora recuaram 1,11%

O setor bancário também caiu e as ações da Ambev (ABEV) despencaram 3,51% com os rumores sobre rombos fiscais.

Os investidores também acompanharam as eleições para a presidência do Senado e da Câmara. E ficam à espera do Copom.

O principal índice da B3 caiu 1,19%, aos 112.073,55 pontos. O Ibovespa futuro perdeu 1,14%, aos 112.665 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que Jerome Powell segue “preocupado com a inflação, que ainda persiste de forma forte; Powell sinaliza que pode estender o processo de alta de juros e, na sexta-feira, o mercado vai ficar de olho no payroll; pode vir altas menores por mais tempo”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que no início do discurso de Powell o mercado não tinha gostado, mas depois foi mudando. “O mercado se prendeu ao ponto em que disse que as próximas decisões dependerão de dados, que por sua vez já estão mostrando arrefecimento da atividade e inflação”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que os números da Vale não foram bons e “a China não está ajudando. O minério subiu bastante no feriado do Ano Novo Lunar e agora a gente precisa esperar algumas semanas para ver se a demanda vais seguir se fortalecendo”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, afirmou que o dia é difícil para a Bolsa brasileira com reunião do Copom e do Fed e amanhã de política monetária na Europa, além de temporada de balanços.

“Aqui temos um tempero adicional de votação das casas legislativas, por mais que tenha favoritismo é difícil de precificar margem de vitória que daria governabilidade para os próximos anos, há muita incerteza no radar, o ajuste de posição seria natural. Se desenha o temor de um aperto monetário que se dê nos próximos meses de maneira continua, com juros altos por mais tempo, provocando recessão o que prejudica a percepção das commodities; a mineração e siderurgia caem; bancos também registram queda com investidor mostrando dificuldade de precificar as incertezas”.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que Bolsa cai com destaque para a Vale (VALE3). “Desde que acabou o feriado chinês, o minério ferro não teve força para subir, ele tem sempre um movimento de rali no overnight, mas acaba sempre caindo no final do dia e isso está pesando sobre as ações da Vale; lembrando que a mineradora subiu muito nos últimos dois meses e está com muita gordura para quem estava comprado no papel realizar”.

O gestor da Galapagos Capital destacou a boa performance da Petrobras “continua se recuperando das quedas recentes e o Prates [presidente da estatal, Jean Paul Prates] está indicando os nomes para o Conselho e devemos acompanhar como o mercado vai receber as nomeações; outro setor que voltou a pesar na Bolsa são os bancos e amanhã começam os resultados com o Santander”.

O dólar fechou em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,0610. Após o aumento de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa básica de juros norte-americana, o mercado entendeu que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) está próximo ao final do ciclo contracionista.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “o (presidente do Fed, Jerome) Powell veio com um tom mais duro, e garantiu uma alta na próxima reunião. O mercado, porém, está muito confiante em um Fed mais dovish (suave, menos propenso ao aumento dos juros). O Powell não trouxe nenhuma novidade”.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, entende que “o mercado vinha precificando o fim da elevação e a alta de hoje mostra que eles estão próximos ao fim do ciclo”.

“O sinal de desaquecimento da atividade econômica dos Estados Unidos não é tão forte, e isso mostra que recessão pode não ser tão severa”, analisa Abdelmalack.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta neste momento, com mercado no aguardo de decisões sobre juros do Copom e do Fed, mas também repercutindo incertezas quanto ao mercado doméstico. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,590% de 13,530% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,890%, de 12,805%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,850%, de 12,730%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,915% de 12,785% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em que o banco central subiu os juros em 0,25 ponto percentual (pp) e comentários do presidente Jerome Powell durante sua coletiva de imprensa.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,02%, 34.092,96 pontos
Nasdaq 100: +2,00%, 11.816,3 pontos
S&P 500: +1,04%, 4.119,21 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA