Bolsa fecha em leve queda e na semana acumula alta de 1,88%; dólar sob

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou em leve queda em um dia de volatilidade com vencimento de opções sobre ações e descolada dos índices no exterior. O ingresso de capital estrangeiro desde o início do ano tem contribuído para uma melhor performance do Ibovespa e os investidores aproveitam o momento em que a Bolsa está barata frente aos seus pares lá fora. Na semana, a Bolsa acumula alta de 1,88%. 
O principal índice da B3 caiu 0,14%, aos 108.941,68 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,26%, aos 109.495 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. 
Os investidores seguem cautelosos em relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que o governo está preparando para reduzir os preços dos combustíveis e energia elétrica com o objetivo de zerar os tributos federais causando perda bilionária de arrecadação para o Brasil. “Espero que o governo tenha outras atitudes para conter os efeitos inflacionários”, disse Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. 
Para a próxima semana, os investidores aguardam atentamente à decisão do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sobre a política monetária dos Estados Unidos, que deve mexer bastante com o mercado. 
Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, comentou que o comportamento da Bolsa para esta semana foi muito positivo. “O mercado fechou o ano passado muito descontado em termos de ativos de risco em relação ao exterior; hoje tivemos alívio das curvas longas dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos-chegou a bater 1,90% e está fechando a 1,760%, o que ajuda Brasil e mercados emergentes”. Os estrangeiros também aproveitaram o momento de compra em Brasil devido à Bolsa estar descontada em relação ao exterior. 
Miraglia destacou que a próxima semana será muito importante com a reunião do Fed e a tensão na Ucrânia ainda gera incertezas no mercado. 
Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA, comentou que os investidores seguem em busca de ações descontadas e interesse do estrangeiro por ativos brasileiros, e “deixa de lado o mau humor externo e as preocupações fiscais internas”. 
Flavio Conde, head de renda variável da Levante Ideias Investimentos, disse que os responsáveis para o movimento positivo na Bolsa são os estrangeiros-até quarta-feira (19) ingressaram R$ 15,544 bilhões. “Normalmente se negocia em torno de R$ 30 bilhões por dia e entrar R$ 15 bi em 10 pregões é um volume considerável e é o que tem feito nossa Bolsa subir mesmo em dias de queda nos Estados Unidos”. 
Conde comentou que o investidor estrangeiro está fazendo um movimento tático “tira um pouco o pé das bolsas norte-americanas, que acumulam altas em dólar de mais de 100% nos últimos quatro anos e aposta em Brasil onde ficou tudo muito barato”. 
O dólar comercial fechou em 5,455, com ganho de 0,7%. A moeda foi impulsionada hoje pelas especulações em torno da definição da política monetária dos Estados Unidos – o Federal Reserve (Fed) divulga suas ações na quarta que vem – e pela preocupações com o quadro fiscal brasileiro. Na semana, a moeda recuou 1,76%. 
Segundo a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “o dólar está devolvendo a grande depreciação vista durante a semana”. Ela acredita, porém, que este movimento é reflexo é reflexo da reunião do Fed, e o consequente anúncio do início do aumento dos juros. 
Concomitante a isso, Quartaroli acredita que os temores fiscais voltaram a ser motivo de preocupação. “O presidente (Jair Bolsonaro) precisa sancionar o orçamento ainda hoje, e o mercado recebeu muito mal a PEC dos Combustíveis, vendo nisso mais uma atitude eleitoreira do governo”, observa. 
Para o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, “neste movimento tem um pouco de realização. Foi uma semana com grande entrada de capital. O mercado tem dúvidas se a China entregar o que está prometendo, ainda mais em um cenário global afetado pela Covid”. Ele ainda explica que a China crescendo menos, os investimentos também irão diminuir, o que afeta principalmente os países emergentes, que são grandes exportadores de commodities. 
Nagem, contudo, acredita que o principal driver do dia foi o aumento dos juros nos Estados Unidos: “Isso (o aumento) é inevitável, a inflação lá está alta. Mesmo que não tão grande, é um movimento que causa fuga de moedas nos mercados emergentes”, avalia. 
O cenário doméstico continua sendo um entrave para o real deslanchar. “Estas quedas do dólar nos últimos dias foram sintéticas, artificiais. O ano não tem perspectivas positivas para que isso aconteçam, nenhuma reforma vai ser aprovada. Não se justifica”, analisa Nagem. 
As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta sexta-feira (20), com risco orçamentário no radar e possível alta de juros nos EUA. 
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,875% de 11,880% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,455%, de 11,440%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,185%, de 11,060% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,300% de 11,095%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,45 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com a Nasdaq registrando sua pior semana desde outubro de 2020, caindo 2,72% – puxada para baixo principalmente pelo desempenho ruim das ações da gigante de tecnologia Netflix.
 Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações 
dos Estados Unidos após o fechamento:    
 
          Dow Jones: -1,30%, 34.265,37 pontos
          Nasdaq 100: -2,72%, 13.769 pontos
          S&P 500: -1,89%, 4.397,94 pontos