Bolsa fecha em baixa, refletindo falas de Haddad e Powell; dólar e juros sobem

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São Paulo, 28 de junho de 2023 – A Bolsa fechou em queda pelo terceiro dia consecutivo. A informação passada à Globo News pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a ampliação do programa de incentivo à compra de carros, o peso da Vale (VALE3) e a participação do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no evento do Banco Central Europeu (BCE), foram os fatores que pesaram sobre o Ibovespa. Os DIs mais longos e o dólar fecharam em alta.

 

O principal índice da B3 caiu 0,71%, aos 116.684,06 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu de 0,63%, aos 118.685 pontos. O giro foi R$ 21,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

 

Powell disse que o trabalho ainda é duro para combater a inflação e que ainda poderia elevar taxas de juros em reuniões seguidas. O evento começou na segunda-feira e terminou hoje em Sintra, Portugal.

 

Os investidores ficam de olho na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) e no relatório trimestral de inflação, após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Os dados e as decisões serão conhecidos na quinta.

 

As ações da Vale (VALE3) caíram 3,15% refletindo a preocupação com a China. Hoje, os números mostraram que o lucro das principais empresas da China caiu 18,8% no acumulado dos primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período de 2022. Em maio, o indicador teve queda de 12,6% ante o mesmo mês do ano passado.

 

Já as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,72% e 0,94%, após os dados de estoque de petróleo nos Estados Unidos em queda, resultado em alta acentuada nos futuros da commodity.

 

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o mercado começa a ficar pesado quando se aproxima dos 119 mil e 120 mil pontos e hoje a Vale pressionou o índice “por conta do efeito China com perspectivas fracas da economia e, agora à tarde o setor financeiro começou a realizar possivelmente por conta da reunião dos presidentes dos bancos centrais, em Portugal, que sinalizaram cenário austero para juros em alta”.

 

O dólar comercial fechou em alta de 1,10%, cotado a R$ 4,8500. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor por um novo ciclo contracionista em algumas das principais economias mundiais.

 

O sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem entende que o pessimismo lá fora ganha mais força no mercado local, já que o fechamento da Ptax de julho ocorre na próxima sexta, último dia de junho.

 

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam majoritariamente em alta. A preocupação com a economia global também teve impacto nos juros.

 

Nagem entende que as taxas estão praticamente no zero, à espera de alguma notícia sobre as taxas de juros brasileiras e globais, especialmente a norte-americana.

 

“As taxas já vêm bem pressionadas, porque o mercado já precificou muito o corte. Se ele não chegar na magnitude que se espera, a gente pode ver esse movimento de taxas futuras subindo um pouquinho, sim”, explica o diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni.

 

Por volta das 16h49 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,965% de 12,980 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,015% de 10,970%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,420%, de 10,310%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,435% de 10,325% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,8530.

 

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, depois que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, deixou em aberto a possibilidade de aumentos consecutivos das taxas de juros. Também pesou sobre os índices as ações de fabricantes de chips, que afundaram devido à possibilidade de mais sanções à China.

 

As ações das empresas de semicondutores caíram depois que o The Wall Street Journal informou que os Estados Unidos estavam considerando novas restrições de exportação para a China.

 

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

 

Dow Jones: -0,22%, 33.852,66 pontos

Nasdaq 100: +0,27%, 13.591,8 pontos

S&P 500: -0,03%, 4.376,86 pontos

 

 

Soraia Budaibes, Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA

 

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