Bolsa fecha em alta puxada por Vale e varejistas; Petrobras cai, assim como dólar

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A Bolsa fechou em alta, acima dos 113 mil pontos, em dia de apetite ao risco com curva de juros em queda beneficiando as empresas do ciclo doméstico como as varejistas e puxada pelos papéis da Vale (VALE3), ação de maior peso do índice, ainda na esteira da reabertura da China.

Em contrapartida, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em queda em meio à desvalorização do petróleo, mas chegaram a subir no início do pregão. A companhia anunciou que a partir de amanhã (25), o preço da gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro, um aumento de R$ 0,23 (litro). Os outros combustíveis não serão alterados.

Os papéis da Vale (VALE3) subiram 1,06%. Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) foram destaque de alta e avançaram 8,66%. Via (VIIA3) e Lojas Renner (LREN3) aumentaram 2,03% e 4,41%. Na ponta negativa, a maior queda ficou para as ações de 3RPetroleum (RRRP3) de 3,08%.

O principal índice da B3 subiu 1,15%, aos 113.028,15 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 1,43%, aos 113.965 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Um analista do mercado que não quis se identificar disse que a Bolsa sobe puxada por Vale “com a reabertura da China e o destaque na sessão de hoje fica para as varejistas”.

Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos disse que o Ibovespa sobe puxado pelo mercado interno. “Não tem nenhum grande fato fazendo preço, Petrobras em queda acompanhando o recuo do petróleo com temor de recessão e ações ligadas às commodities com bom desempenho ainda devido à reabertura da China animando os investidores”.

Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, disse que a Petrobras amanheceu em forte alta com o reajuste dos preços dos combustíveis, mas à tarde “começou a cair com o recuo do preço do barril do petróleo, seja por sinais de recessão lá fora ou oscilação nos contratos longos e curtos e tem bagunçado o mercados; existe poucos reflexos na indicação de Jean Paul Prates para assumir a presidência da empresa, vamos aguardar a votação e a tendência é o governo interferir principalmente na alta dos combustíveis”.

Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa tem um dia de “respiro, mas que uma tendência de alta com as varejistas se beneficiando com os DIs levemente no negativo, bancos em alta e sem notícias ruins fazem os investidores voltarem às compras”.

O operador da Manchester Investimentos também disse que a alta de ações como do Carrefour (CRFB3) e Pão de Açúcar (PCAR3) “pode ter relação com a capacidade de essas empresas grandes do varejo de repassar preço, uma vez que o grupo de alimentação de bebidas foi registou inflação de 0,55%”.

Mais cedo foi divulgado Indice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), inflação oficial do país, referente a janeiro, que subiu 0,55% e o mercado previa elevação de 0,52%. A ação do Pão de Açúcar subiu 5,05% e Carrefour avançou 3,86%.

O dólar comercial fechou em queda de 1,13%, cotado a R$ 5,1420. A moeda refletiu o ambiente de risk on global após a divulgação do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) e um movimento de correção da moeda brasileira.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “lá fora, existe um certo otimismo em relação ao Banco Central Europeu (BCE). Já nos Estados Unidos, vamos que a atividade segue em contração, e o PMI de hoje acabou confirmado isso. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) está mais duro que o necessário”.

“Neste cenário, os investidores estão tomando mais riscos e o Brasil se beneficia com isso”, avalia Komura.

O PMI Industrial de janeiro foi a 46,8 pontos (ante expectativa de 47,0 pontos), enquanto o PMI de Serviços foi de 46,6 pontos (expectativa de 45,3 pontos). Ambos os resultados estão abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que dá a entender que o Fed deve desacelerar a alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos.

De acordo com o economista BlueLine Flávio Serrano, “a moeda segue em correção, temos um dólar fraco globalmente”.

Serrano, contudo, chama a atenção para o quadro inflacionário doméstico, que segue preocupante, mas enfatiza que nesta terça a atmosfera é de maior apetite ao risco e valorização dos ativos de risco.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “além da questão da moeda única, que já se sabe que é muito difícil passar em ambos os congressos, o presidente Lula citando a questão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como financiador de obras no exterior e ajudando as exportações para a Argentina remete ao passado, o que o mercado não gosta. O câmbio não é tão influenciado já que temos um dólar em forte queda global”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, repercutindo cenário macroeconômico e algum otimismo global. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,535% de 13,565% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,725%, de 12,845%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,705%, de 12,830%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,790% de 12,910% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1480 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, apesar de passarem a maior parte da sessão com Dow Jones, S&P e Nasdaq operando no vermelho, após a divulgação de uma nova série de balanços corporativos que Wall Street continua a utilizar para monitorar a situação da economia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:

Dow Jones: +0,31%, 33.733,96 pontos
Nasdaq 100: -0,26%, 11.334,3 pontos
S&P 500: -0,07%, 4.016,95 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil / Paulo Holland/ Darlan de Azevedo