Bolsa fecha em alta pelo segundo dia, acima dos 114 mil pontos, com ajuda de Petrobras, Vale e melhora externa; Dólar cai

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia, rompendo o patamar dos 113 mil pontos, puxada por Petrobras (PETR3 e PETR4), que virou para o positivo seguindo o petróleo, Vale (VALE3) na esteira da reabertura chinesa e a melhora dos índices em Nova York.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,42% e 1,27%. Vale (VALE3) avançou 0,94%. O destaque de alta ficou para os papéis da Weg (WEGE3) de 4,05%, com uma casa de análise apostando um resultado positivo no 4T22.

A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos para blindar os ativos da empresa por lá assim como aconteceu no Brasil na semana passada.

O principal índice da B3 subiu 1,09%, aos 114.270,07 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 1,06%, aos 115.125 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em baixa.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos disse que o avanço da Bolsa se deve à “melhora no exterior, entrada de estrangeiros por aqui, virada da Petrobras com a recuperação do petróleo e a Vale firmando em alta”.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que aqui o mercado está firme. “O humor com o Brasil está bom sem grandes novidades da área política, o que faz com que a gente perfome melhor que outros mercados, como o mercado está ‘under’ em Brasil, uma realização no mercado externo acaba ajudando o Brasil e o estrangeiro tem que vender a bolsa americana e comprar a brasileira, um movimento técnico”.

Silva disse que depois do reajuste da Petrobras, “aumentou o ruído político sobre a empresa, a Vale continua como porto seguro com a reabertura de China, a queda dos bancos pesa no índice futuro e o movimento nas varejistas com a saída da Americanas beneficia outras empresas do setor como Magazine Luiza e Lojas Renner”.

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, disse que a Bolsa acompanha o mau humor e movimentos de bancos e varejo acabam influenciando no índice uma vez que não tem a referência da China para as commodities.

“O investidor sai do papel de bancos e vai demorar um tempo para voltar depois do evento Americanas, a operação de risco sacado ficou em xeque; é uma incógnita de como as empresas varejistas estão lançando isso [risco sacado] em seus balanços; o cenário de juros nos EUA ainda está confuso e ajuda a gerar volatilidade no preço do petróleo”.

Os analistas da Commcor Corretora disseram, em relatório, que o destaque do dia fica para a lista de credores da Americanas, com um total de R$ 41,2 bilhões em dívidas. “Com valores ainda passíveis de revisões, ao menos dá para ter uma melhor leitura dos credores-Deustche Bank e Bradesco lideram-e a magnitude das exposições perante a empresa que está em recuperação

O dólar comercial fechou em queda de 1,22%, cotado a R$ 5,0790. A moeda refletiu, durante quase a totalidade da sessão, a animação do mercado com a possibilidade de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) menos duro.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “vemos um tom mais otimista, principalmente vindo de fora. Continuamos vendo que o fluxo estrangeiro beneficia muito o real. O Brasil é um cenário atrativo, com os ativos muito descontados”.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “observamos um intenso fluxo estrangeiro, com o investidor de olho especialmente nas empresas ligadas às commodities com a reabertura da China”.

“Vamos uma perda de força global do dólar, e outras divisas emergentes têm conseguido se recuperar ainda mais que o real”, avalia Abdelmalack.

A economista, contudo, observa que os fatores domésticos seguem impedindo maiores ganhos da moeda brasileira: “O pano de fundo fiscal, inflação e a postura internacional do Governo não deixam que o real se valorize mais”, opina.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “os ativos de riscos locais têm acompanhado melhora de humor externa. Dentre os motivos da alta global nos ativos: dados de inflação mais baixos nos Estados Unidos, o que reforça percepção de um Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) mais dovish e menor ritmo de aperto monetário no início de 2023. Ao mesmo tempo, reabertura da China também favoreceu players ligados à commodities. O Brasil mantém desafios estruturais no longo prazo, mas fluxo de curto prazo ainda se sobrepõe aos ativos locais”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve queda, repercutindo algum otimismo global. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,490% de 13,535% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,655%, de 12,725%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,590%, de 12,705%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,660% de 12,790% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,0750 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos devem fechar o pregão em campo negativo, próximos da estabilidade após chegarem a cair mais de 1%, enquanto os investidores analisam os últimos lucros corporativos em busca de pistas sobre como o aumento dos juros impactou as empresas dos Estados Unidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos por volta de 17h21 (de Brasília):

Dow Jones: -0,09%, 33.704,00 pontos
Nasdaq 100: -0,20%, 11.311,1 pontos
S&P 500: -0,15%, 4.010,57 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil / Pedro Holland/ Darlan de Azevedo