Bolsa fecha em alta pelo 7º dia consecutivo, acima dos 119 mil pontos com fluxo estrangeiro; dólar cai

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo sétimo pregão consecutivo e rompeu os 119 mil pontos-119.052,91 pontos, marca atingida em setembro de 2021, em mais um dia entrada do capital estrangeiro por meio das blue chips e do setor varejista. Os papéis de tecnologia, fintechs e construção civil também foram destaque positivo.
Os destaques de alta na B3 foram para as ações do Banco Inter (BIDI 11), que subiram 10,12%. Em seguida, os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) e Meliuz (CASH3) avançaram 10,00% e 9,05%.
O principal índice da B3 subiu 1,35%, aos 119.052,91 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,46%, aos 119.900 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,5 bilhões. Em Wall Street, os índices fecharam em alta.
Para Jimmy Keller, fundador da Keller Capital, o mercado de commodities segue pressionado com um mês de conflito na Ucrânia, e aliado à nossa taxa de juros real atrativa “trazem capital externo para o Brasil empurrando a Bolsa para cima e o câmbio para baixo”.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que hoje é mais um bom dia para ativos de risco com a sétima alta do Ibovespa e queda do dólar. “Os dois estão relacionados porque o que tem jogado pra cima nossos ativos é a entrada de fluxo estrangeiro, muito pujante desde o início do ano, e que proporcionou de certa maneira esse descolamento da nossa Bolsa com os mercados desenvolvidos”.
Spiess comentou que a valorização não é só ações ligadas às commodities ou bancos, “mas de empresas que estavam descontadas, como varejo, que têm sido instigadas à alta com estímulos do governo, em um ano eleitoral, para esse setor”.
O analista da Empiricus destacou que a semana foi intensa de informação para serem absorvidas com ata do Copom, Relatório de Inflação e amanhã será divulgado o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), prévia da inflação oficial. “Se o IPCA-15 corroborar a ideia de que não haverá alta da Selic em junho, teremos mais um pregão em alta”.
Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, comentou que o mercado está mais propício a risco “com um dólar em queda e fluxo estrangeiro forte com entrada [de recursos] para as principais blue chips e para papéis descontados, como varejo”. Assim como na véspera, os papéis do setor varejista se recuperam e avançam “O DI [taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI)] não subindo já ajuda muito esse setor impactado por juros e inflação”. As taxas dos DIs operavam em queda.
Bertotti disse a inflação vai seguir contínua no mundo e deixa o investidor temeroso. “Aqui o Banco Central (BC) adotou uma política contracionista e o Relatório Trimestral de Inflação divulgado hoje (RTI) declara que a inflação é persistente, existe preocupação com a alta dos combustíveis, mas a valorização do dólar frente ao real pode amenizar um pouco nossa inflação”.
O economista da Messem Investimentos disse que o grande driver desta quinta-feira é a reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e as sanções que possam vir”. O conflito entre Rússia e Ucrânia e uma possível falta de conciliação “ainda deixa o mercado cauteloso”.
Um analista de uma grande gestora de investimentos disse que a alta na Bolsa reflete mais um dia de entrada de capital externo. “O Ibovespa continua subindo com o fluxo estrangeiro dando as cartas”. Na terça-feira (22), o saldo externo foi de R$ 2,592 bilhões, pregão em que o índice subiu 0,96%. No acumulado do mês, os recursos externos somam R$ 20,97 bilhões.
O dólar comercial fechou em R$ 4,8330, com queda de 0,20%. A moeda chegou a operar abaixo dos R$ 4,80, mas no período da tarde ganhou força, em um movimento de correção, impulsionado pelo risco inflacionário.
Segundo o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “a grande questão é até quando esta entrada de capital motivada pelos juros irá durar. Acho que o suporte é de R$ 4,80, não vejo o dólar em R$ 4,50”.
Além das eleições que começam a ganhar forma, Santana acha que o aumento dos juros nas economias desenvolvidas devem começar a mudar este panorama: “Além da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em maio, o dólar deve ganhar força quando a zona do euro iniciar a elevação dos juros”, projeta.
Para o sócio-fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o que favorece o fluxo são juros e bolsa. As commodities, no momento, estão ajudando mais a equilibrar o aumento de custos como os insumos agrícolas do que fortalecendo o real”.
Nagem acredita que o avanço do real tende a não perder força: “Ainda hoje deve fechar abaixo dos R$ 4,80, e até a próxima semana chegar em R$ 4,60.
Já está no nível pré-Covid. Ainda somos um porto seguro em termos de juros”, observa.
Este avanço, contudo, acaba mascarando problemas estruturais como a parte fiscal, diz Nagem, que relembra que o “governo não fez a lição de casa e isso não significa que o país esteja bem”.
De acordo com a equipe da Ouro Preto Investimentos, “o movimento agora é ligado ao petróleo, com o capital estrangeiro buscando países fortemente ligados a esta commodity, como é o caso do Brasil, que ainda em um diferencial de juros altíssimos, que devem estacionar na casa dos 13%, enquanto os Estados Unidos ainda estão no começo deste ciclo”.
O efeito de outras commodities importantes para a economia brasileira, no momento, é outro: “O impacto disso será observado mais na balança comercial”, analisa a Ouro Preto. As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após coletiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dando mais detalhes sobre o Relatório Trimestral de Inflação.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 12,840% de 12,975% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,300%, de 12,640%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,715%, de 12,065% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,565% de 11,865%, na mesma comparação
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com a Nasdaq subindo 1,93%, à medida que os investidores recuperam a confiança na economia dos Estados Unidos após novos dados econômicos, como a queda nos pedidos de seguro-desemprego.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,85%, 34.649,00 pontos
Nasdaq 100: +1,58%, 14.142,7 pontos
S&P 500: +1,15%, 4.507,61 pontos