Bolsa fecha em alta pelo 4º dia seguido engatada por commodities, dólar fica abaixo dos R$ 4,90

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo quarto dia seguido, no patamar dos 119 mil pontos, com o impulso das commodities-valorização do minério de ferro em meio aos estímulos chineses e elevação do petróleo- e com o sinal positivo do exterior. A Vale, ação de maior peso no índice, disparou e carregou o setor de mineração e siderurgia. A Petrobras (PETR3 e PETR4) e petroleiras também puxaram o índice.

Mais cedo, ao governo chinês anunciou que vai reduzir a taxa mínima de depósito obrigatório em bancos em 0,25 ponto porcentual (pp). Além disso, outro fator que beneficiou a Vale (VALE3) foi que o JP Morgan reiterou a recomendação de compra das ações da empresa e elevou o preço-alvo para R$ 89.

O banco também elevou a recomendação para os papéis da Bradespar (BRAP4) de neutra para compra e preço-alvo de R$ 29. As ações foram destaque de alta no índice, de 5,16%.

As ações das mineradoras e siderúrgicas ficaram entre as maiores alta do Ibovespa. A Vale (VALE3) disparou 4,09%; CNS (CSNA3) avançou 3,65%. CSNMineração (CMIN3) registrou alta de 3,26% e Usiminas (USMI5) aumentou 1,47%. Petrobras (PETR3 e PETR4) ganhou 2,94% e 2,54% e Petrorio (PRIO3) acelerava 2,17%.

No campo negativo, Via (VIIA3) caiu 18,91%, após o anúncio do preço do follow-on [oferta subsequente de ações] a R$ 0,80 por ação, quase 28% abaixo da cotação de fechamento do pregão de ontem. Segundo um analista do mercado, as ações de Magazine Luiza (MGLU3) acabam sofrendo pela correlação que tem com Via, atuam no mesmo segmento”. Os papéis baixaram 1,52%.

O principal índice da B3 subiu 1,02%, aos 119.391,55 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,90%, aos 120.580 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que a Bolsa tem uma sessão positiva impulsionada, principalmente pelas commodities.

“Com mais uma medida de estímulo do governo chinês em cortar o compulsório bancário em 0,25 pp favoreceu as ações ligadas às commodities, a Vale subindo quase 5% arrasta todo o setor materiais básicos, que inclui Suzano e Klabin, também estão subindo, petroleiras e os bancos, à exceção do Itaú; consumo cíclico está apanhando um pouco e o mercado fica preocupado com a situação financeira do setor; as aéreas estão caindo com atenção à alta do petróleo, que pode gerar preocupação com combustível da aviação”.

Bruna ressaltou que os dados de hoje nos Estados Unidos, divulgados mais cedo, poderiam ter refletido de forma uma negativa no mercado, mas “os investidores veem uma perspectiva de manutenção dos juros na reunião da próxima semana, carrega otimismo para as bolsas e puxa o Ibovespa”.

Mais cedo, nos Estados Unidos, a inflação ao produtor (PPI, sigla em inglês) avançou 0,7% em agosto ante o mês anterior e a previsão era de (+0,4%). O núcleo do índice, que exclui os preços de alimentos, energia e comércio, avançou 0,3% em agosto em base mensal, após subir 0,3% em julho.

As vendas no varejo de agosto cresceram 0,6% em agosto na comparação com julho, enquanto os analistas previam (+0,2%) e os pedidos de seguro-desemprego semanal subiram em 3 mil, para 220 mil.

O mercado ainda reage aos dados de ontem com o índice de inflação ao consumidor, que apontou alta de 0,6%, dentro das projeções e o núcleo ficar acima das estimativas (+0,3%).

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa é puxada pela alta das commodities e um exterior mais positivo. ” A tranquilidade do mercado norte-americano, que está olhando para a decisão de juros na semana que vem [19 e 20] e atento ao tom do comunicado, deixou o mercado mais ameno por lá permitiu que a alta das commodities fizessem bem para o Ibovespa, com Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) puxando o índice”.

Farto disse que o mercado não está dando tanto destaque aos dados norte-americanos que saíram mais cedo, que performaram mal. “O mercado está dando mais importância ao CPI de ontem e já está se consolidando uma manutenção de juros para a próxima semana, para o encontro de novembro ainda está em aberto”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,90%, cotado a R$ 4,8720. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o otimismo do mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não irá mais subir os juros.

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, apesar dos dados apontarem para uma economia aquecida nos Estados Unidos, o mercado entende que o Fed não irá subir mais os juros: “Existe uma aposta no crescimento de China e Estados Unidos, que podem levar o Brasil e o mundo na carona”, avalia.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, na manhã de hoje, o aumento de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa básica de juros europeia. Já nos Estados Unidos, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) foi a 0,7% em agosto ante julho.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o tom do BCE foi dovish (suave, menos propensa ao aumento dos juros), e que a instituição disse que os juros estão em um patamar suficiente para levar a inflação de volta à meta.

Mesmo com o PPI ainda demonstrando força da economia estadunidense, Borsoi entende que o mercado tenta se manter otimista e entendendo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não dará prosseguimento a alta dos juros.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham de lado, conforme operaram a maior parte do dia, com viés de queda, depois dos dados norte-americanos divulgados nesta manhã. As vendas no varejo dos Estados Unidos subiram 0,6% em agosto em comparação com o mês anterior, enquanto o Indice de Preços ao Produtor do país (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,7% no período.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,295% de 12,300 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,395% de 10,380%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,010%, de 10,010%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,240 % de 10,245% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com o Dow Jones registrando seu maior rali em um mês, enquanto os investidores celebravam a retomada do mercado de IPOs de Wall Street e uma série de dados econômicos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,96%, 34.907,11 pontos
Nasdaq 100: +0,81%, 13.926,1 pontos
S&P 500: +0,84%, 4.505,10 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA