Bolsa fecha em alta pelo 3ºdia seguido com ajuda de Petrobras e Vale e encerra a semana no positivo, dólar cai

957
Foto: Paul Pasieczny / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo terceiro dia consecutivo auxiliada por Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) e bancos, no entanto a queda das varejistas impediram que o índice subisse mais. Na semana, o índice acumulou ganho de 3,20% e o ano o Ibovespa já está no positivo.

O setor financeiro subiu em bloco favorecido pelo balanço do Bradesco (BBDC 3 BBDC4), acima do esperado. O banco registrou lucro líquido de R$ 7,04 bilhões no segundo trimestre de 2022, alta de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os destaques de alta ficaram para a Braskem (BRKM5), Minerva (BEEF3) e Petrorio (PRIO3), que subiram respectivamente 3,55%, 3,16% e 3,08%. E na ponta negativa, Alpargatas (ALPA4) e as varejistas como Americanas S.A (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3), que caíram 13,53%, 7,82%, 5,38%. Os papéis de Alpargatas foram impactados pelo balanço.

Mais cedo, o Departamento de Trabalho norte-americano divulgou o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) -dado importante para entender a economia dos Estados Unidos. O país criou 528 mil vagas em julho, enquanto os analistas previam 250 mil e isso mostra que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) teria margem para subir mais os juros.

O Ibovespa subiu 0,54%, aos 106.471,92 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto caiu 0,08%, aos 106.790 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset Managemente, disse que as varejistas foram as responsáveis pelo arrefecimento da alta da Bolsa. “O Ibovespa está sendo puxado pelas commodities e bancos, mas o fato do payrol mostrar que o mercado de trabalho está muito aquecido fez com as curvas de juros mais curtas pedissem cada vez mais juros, o que faz com que o setor de consumo seja mais afetado”.

Matheus Spiess, analista da Empiricis, comentou que a Bolsa sobe e mostra dois movimentos distintos desde a véspera, diferentemente da cautela no exterior.

“O Brasil vem se descolando da realidade externa. Ontem teve confirmação de final de ciclo de aperto monetário deu um alto astral para os investidores locais, que foram às compras; e hoje, por razões diferentes, tem boa performance de Petrobras e Vale, com forte peso no índice, que acabam justificando a alta e o descolamento brasileiro do internacional”.

O analista da Empiricus explicou que apesar de o ambiente fiscal e político, por aqui, ser complexo e o internacional “já descontamos muito desse cenário em 2021 e segundo trimestre deste ano, então os nossos preços suportariam os dados ruins, como o de hoje”.

Spiess também comentou que o resultado do Bradesco (BBDC3 e BBDC4), divulgado após o fechamento de ontem, -registrou lucro líquido de R$ 7,04 bilhões no segundo trimestre de 2022, alta de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado- foi muito bom e “acabou contagiando os demais vetores do índice”. A soma do setor financeiro com as commodities passa dos 50% do Ibovespa.

Mais cedo, foi divulgado o relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll, sigla em inglês) em que país criou 528 mil vagas em julho e o mercado entendeu que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) poderia ser mais agressivo com teria margem para subir os juros.

O dólar comercial fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 5,1680. A moeda se descolou do movimento global, e foi impactada pelas ações de empresas do setor de varejo e ligadas às commodities, que geraram intenso fluxo estrangeiro no Ibovespa. Na semana, a moeda teve desvalorização de 0,10%.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “não sentimos o movimento externo pois está ocorrendo uma recuperação das empresas ligadas às commodities, especialmente as metálicas”.

Abdelmalack observa que o movimento de fortalecimento também é beneficiado pela recuperação de empresas do setor de varejo, como a Magazine Luiza: “Isso mostra que estas ações estavam muito descontadas, e hoje elas estão gerando um fluxo intenso na bolsa”, pontua.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “o mercado continua animado com o Banco Central (BC), que deu a entender que o ciclo pode terminar. Estamos surfando neste momento de otimismo, a curto prazo o vento é favorável”, referindo-se à Selic (taxa básica de juros).

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o payroll mostra que o trabalho ainda está muito aquecido, e o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai ter de ser mais duro e subir os juros para estrangular a inflação”. O payroll (folha de pagamentos) mostrou que 528 mil vagas foram criadas em julho, muito acima das projeções de 250 mil.

Komura explica que os a conjuntura do mercado de trabalho nos Estados Unidos, como o aumento nos salários que subiram 5,2% em julho, na base anual, faz com que a economia se mantenha aquecida e aumente a dificuldade para o controle dos preços.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após resultado do mercado de trabalho norte-americano.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,765% de 13,745% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,020%, de 13,010%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,100%, de 12,100% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,005% de 12,115%, na mesma comparação.

Os principais índice do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo misto, numa sessão volátil, com Wall Street buscando antecipar uma continuidade do aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) após o relatório de empregos dos Estados Unidos para julho mostrar um mercado de trabalho ainda bastante aquecido.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,23%, 32.803,47 pontos
Nasdaq 100: -0,50%, 12.657,6 pontos
S&P 500: -0,16%, 4.145,19 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA