Bolsa fecha em alta pela 1ª vez em agosto após 13 quedas seguidas; dólar recua

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São Paulo- Após 13 pregões consecutivos em queda, a Bolsa fechou em leve alta, a primeira no mês de agosto, no patamar dos 115 mil pontos, em um dia de agenda vazia aqui e no exterior e vencimento de opções sobre ações. O Ibovespa teve apoio das varejistas com o recuo dos juros futuros (DIs), dos papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) e bancos. Na semana acumula perdas de 2,25%.

Mas, a China segue no radar dos investidores. Hoje a segunda maior incorporadora do país, a Evergrande entrou com pedido de falência. A inflação nos Estados Unidos e a possibilidade de prolongamento do ciclo de alta de juros por lá também preocupa os investidores. As empresas de varejo subiram como Magazine Luiza (MGLU3) 6,38% e Petz (PETZ3) 3,91%. Os papéis do Carrefour Brasil (CRFB3) avançaram 5,23% apesar da empresa fazer uma reestruturação na área digital e e-commerce e demitir funcionários.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em alta de 0,58% e 0,25%, nessa ordem. Vale (VALE3) caiu 1,11%.

O principal índice da B3 subiu 0,37%, aos 115.408,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,19%, aos 117.475 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que a Bolsa encerrou em alta, após 13 sessões de queda, “mesmo que de forma tímida e sob volatilidade características de dias de vencimento de opções, com apoio das ações da Petrobras e varejistas”.

Dierson Richeti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, disse a China teve impacto pela manhã nos mercados com a notícia sobre o prejuízo das incorporadoras, mas ao longo do dia os investidores foram absorvendo o assunto.

“A queda dos DIs beneficiou as ações do varejo e consequentemente a Bolsa, hoje tem vencimento de opções sobre ações e será um exercício movimentado em virtude das quedas recentes. Para as próximas semanas esperamos estabilidade e ficamos na expectativa de um fato novo, seja na questão política ou macro, para o mercado voltar a subir com uma certa força; existem muitas oportunidades boas no mercado, muitas empresas voltaram para preços atrativos, mas o investidor precisa ter cautela”.

Vinícius Steniski, analista de ações do TC, disse a sessão de hoje é morna “em um dia sem indicadores e de vencimento de opções, apesar do minério de ferro ter subido forte na China não deu um incentivo para a Vale subir por aqui, o petróleo beneficia Petrorio”.

Heitor Martins, estrategista de investimentos da Nexgen Capital, disse que o Ibovespa registra a primeira alta após 13 pregões seguidos em queda. ” A Bolsa está sendo puxada pelos setores de tecnologia e varejo por conta da queda dos DIs [curva de juros] e impacta positivamente nas ações já os papéis ligados a commodities caem. Toda a semana o mercado repercutiu uma possível recessão na China com a queda do setor imobiliário, o que pode impactar não só a China como os países emergentes”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,28%, cotado a R$ 4,9673. O ambiente global, contudo, segue conturbado com preocupações que envolvem a China e, especialmente, os Estados Unidos. Na semana, a moeda teve valorização de 1,25%.

Segundo o economista-chefe G5 Partners, Luis Otávio Leal, “caiu a ficha” do mercado que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá de manter as taxas altas por mais tempo, e que este problema não será resolvido “de uma hora pra outra”.

Leal avalia que a China dificilmente voltará a atingir o crescimento anual de 5%, e que o patamar entre 3 e 4% é algo mais plausível daqui para frente: “O mercado está incorporando que a China não será mais a salvadora da pátria, o motor da economia global”, sentencia.

Para o economista da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o driver da semana foi a dinâmica dos juros lá fora, mais do que a China. O mercado se deu conta que vai haver alguma escassez de liquidez”.

Borsoi entende que o tripé de solidez econômica dos Estados Unidos, redução do balanço do Fed e a necessidade do Tesouro norte-americano de recompor seu caixa está afetando a percepção sobre a curva longa de juros e gerando maior aversão ao risco.

Sobre a desaceleração da economia chinesa, Borsoi entende que “todo mundo aprendeu a se alavancar em cima do crescimento da China”, e que a dificuldade de uma retomada da economia global está intimamente ligada ao desempenho do país asiático.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, refletindo o movimento das treasuries (títulos do Tesouro norte-americano).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,440 % de 12,445% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,530 % de 10,530 %, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,130 %, de 10,055 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,330 % de 10,130 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, perto da estabilidade, e se recuperaram de perdas acentuadas no início do dia, mas encerraram a semana com quedas acentuadas, à medida que as quedas em agosto continuam em Wall Street.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,07%, 34.500,66 pontos
Nasdaq Composto: -0,20%, 13.290,8 pontos
S&P 500: -0,01%, 4.369,71 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA