Bolsa fecha em alta expressiva, acima dos 100 mil pontos, commodities avançam; dólar cai 1,4%

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta expressiva na sessão desta quinta-feira e recuperou mais de 2 mil pontos com os investidores mais aliviados com sinalizações de que a inflação nos Estados Unidos não deve ficar alta por longo período. A recessão já é consenso entre os agentes financeiros.

Mas na realidade “o mercado está buscando uma narrativa para buscar qualquer queda e qualquer alta, procura um indicador para dar uma respirada”, como disse Caio Henrique Soares Rodrigues, head de renda variável da Rio Negro Investimentos.

Hoje o dia foi favorável para as commodities com o pacote de estímulos do governo chinês à economia do país. A Vale (VALE3) subiu 2,90% e Gerdau (GGBR4) avançou 5,76%. O petróleo teve um dia de ganho.

O principal índice da B3 subiu 2,03%, aos 100.729,72 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 2,17%, aos 102.145 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam alta.

André Luzbel, head de renda variável da SVN, disse que a recessão vai acontecer na Europa, Estados Unidos, com o cenário econômico ruim por lá, e em certo grau aqui, mas alguns pontos mudaram nos últimos dias.

“Com a queda acentuada das commodities em pouco tempo [diferente de hoje] reflete direto na inflação, fazendo com que os preços sejam revistos. Esperava-se que inflação alta fosse por longo período, agora estima-se um pouco mais curto com o preço atual das commodities”.

E acrescentou que “o mercado começou a precificar uma melhora a longo prazo, e a expectativa é de que o Fed suba os juros, mas com menor intensidade do que se imaginava”.

O head de renda variável da SVN enfatizou que o mercado começou a revisar o dólar porque “se a inflação não vai ser alta como imaginava e os juros também não tão altos, os EUA podem ter uma política mais frouxa em um período mais rápido que se estimava”.

Mais cedo, Caio Henrique Soares Rodrigues, head de renda variável da Rio Negro Investimentos, disse que a Bolsa está mais otimista após a ata do Fed da véspera em que o tom mais duro de controle de inflação está sendo vista de maneira mais positiva pelos mercados, mas enfatizou que “o mercado pode estar colocando nos ativos hoje a desaceleração da economia, com menor pressão na inflação e consequentemente juros menores”.

O head de renda variável da Rio Negro Investimentos comentou que na última semana as commodities passaram por uma correção abrupta “ocasionada pelo medo de recessão, mas hoje “as commodities melhoraram com a aumenta do minério de ferro na China e ajuda as mineradoras e siderúrgicas por aqui”.

José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, disse que o otimismo na Bolsa é atribuído às commodities e percepção de que os juros nos Estados Unidos podem ter menores.

“O mercado entendeu que a ata do Fed [banco central norte-americano divulgada ontem] está desatualizada e alguns indicadores mostram que a economia tem desacelerado mais que o estimado, o que leva a um certo alívio nos juros e deve pressionar menos a inflação”.

As commodities sobem segundo o analista da Codepe Corretora, “com o incentivo do governo chinês à economia do país”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,43%, cotado a R$ 5,3440. A moeda operou em movimento de correção após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) confirmar seu compromisso no combate à inflação e evitar a recessão que se aproxima no horizonte. Os imbróglios fiscais domésticos continuam no radar, mas hoje não surtiram efeito no câmbio.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “o movimento de correção, hoje, é normal. O mercado já digeriu a PEC Kamikaze, é um cenário que já se ajustou, embora não vá ser fácil”, referindo-se à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Bondade.

“O payroll (folha de pagamentos, um dos principais termômetros do emprego nos Estados Unidos) será decisivo, mais que o IPCA. Parece que aqui já atingimos o ápice da inflação, mas os Estados Unidos seguem como uma incógnita”, analisa a fonte. O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será divulgado às 9h e o indicador norte-americano às 9h30 ambos amanhã.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o que vemos hoje é apenas uma correção, já que nada mudou para os mercados se recuperarem”.

Komura acredita que a expectativa é com a divulgação do payroll (folha de pagamentos, um dos principais termômetros do emprego nos Estados Unidos), amanhã, e qual o impacto dele no quadro inflacionário atual: “A ata do Fed se mostrou preocupada com a inflação, mas o mercado está um passo à frente, preocupado com a recessão”, explica.

De acordo com a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “a ata do Fed veio em um tom mais hawkish (duro, propenso ao aumento dos juros), sinalizando forte preocupação com a inflação e reforçando ainda mais o temor por uma recessão global”.

Consorte também entende que as questões fiscais locais, com a PEC da Bondade, aumentam o risco para o Brasil: “Hoje com a agenda vazia, fica espaço para termos algum ajuste no movimento de ontem”, analisa Consorte.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda nesta quinta-feira (7), com risco de recessão no radar e após o resultado do IGP-DI.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,755% de 13,760% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,515%, de 13,550%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,800%, de 12,890% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,730% de 12,830%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta no pregão, com o S&P subindo 1,4% – maior ganho consecutivo de 2022, à medida que Wall Street se apoiou em uma série de ganhos consecutivos no aguardo da divulgação do indicador-chave de empregos amanhã.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,12%, 31.384,55 pontos
Nasdaq Composto: +2,28%, 11.621,3 pontos
S&P 500: +1,49%, 3.902,62 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA