Bolsa fecha em alta em dia de baixa liquidez; resiste à queda em Nova York; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta resistindo à queda dos índices em Nova York com a informação de que a Apple pretende diminuir as contratações e reduzir os gastos para o ano que vem em meio ao cenário desafiador da economia. Mas a liquidez na sessão de hoje foi baixíssima com a cautela dos investidores.

Ao longo do dia, o Ibovespa chegou a subir mais de 1%. As commodities fecharam em alta com as notícias da China de incentivos à economia. Amanhã, a expectativa dos investidores fica para a Vale (VALE3), que divulga seu relatório de produção.

Em relação ao exterior, ao contrário das apostas da semana passada em que os agentes financeiros acreditavam em um aumento de juros nos Estados Unidos em 1 ponto porcentual (pp); agora já enxergam uma elevação de 0,75 pp na reunião da próxima semana.

O principal índice da B3 subiu 0,37%, aos 96.916,13 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou ganho de 0,01%, aos 97.680 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,8 bilhões. Em Nova York, os índices caíram.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que na sessão de hoje o mercado deu mais um respiro, principalmente, na primeira metade do pregão que “uma mudança de cenário de fato, mas agora à tarde a piora lá fora fez reduzir os ganhos por aqui devido a uma notícia que saiu na Bloomberg dizendo que a Apple deve reduzir contratações e rever os planos com as altas incertezas [com inflação alta, possível recessão]”.

O analista comentou que as varejistas estavam subindo forte devido aos fatores macroeconômicos, com alívio no aperto monetário e recessão, mas pioraram. Já as commodities, segundo Komura, é uma análise diferenciada.

“O petróleo sobe porque o cenário de demanda e oferta continua apertado e não teve nada oficial em relação à visita do Biden [presidente dos Estados Unidos, Joe Biden] ao Oriente Médio; e o minério está seguindo a China com o governo anunciando que quer estimular o setor imobiliário e expectativas de estímulos monetários”.

Com a incerteza alta do cenário econômico, a liquidez reduz e “muitos investidores estão esperando para se posicionarem”.

Mais cedo, José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, disse que a notícia de que bancos locais chineses podem financiar o término de obras inacabadas, injetando liquidez na economia “favoreceu as commodities e impactou positivamente a nossa Bolsa, atrelado a isso está claro que o aumento dos juros norte-americanos será de 0,75 ponto porcentual dando alívio ao mercado”.

O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,4250, com alta de 0,37%. A moeda norte-americana passou a subir após a Bloomberg divulgar reporte apontando que a Apple planeja diminuir as contratações e reduzir os gastos no próximo ano, o que na visão dos investidores é mais um ingrediente para uma possível recessão econômica global.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “a Apple cortar gastos reflete as incertezas do mercado, que não recebeu bem isso”.

Komura, porém, acredita que a semana, esvaziada de indicadores, tende a ser mais tranquila, mas alerta: “Isso deve mudar à medida que a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se aproximar”, observa.

De acordo com o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “existe a mudança de percepção de que o pior da inflação talvez já tenha ficado para trás. De qualquer forma, vai haver uma desaceleração nos Estados Unidos, e o aperto do ciclo monetário tem este objetivo”.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “a notícia do Wall Street Journal sugerindo que o Fed deve elevar os juros em 0,75% em 27 de julho reduz os receios com uma postura superagressiva na política monetária americana, abrindo espaço para um rali de alívio em um mercado muito castigado nas últimas semanas, apesar da persistência de um cenário macro bastante desafiador”.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta neste início de semana após IGP-10 acima das expectativas do mercado (0,60% vs 0,48%).

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,900% de 13,875% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,960%, de 13,765%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,345%, de 13,115% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,210% de 12,950%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam em campo negativo, apesar de atingirem ganhos de 1% em suas máximas na sessão, depois a Apple divulgou que planeja diminuir o número de contratações e gastos no próximo ano para lidar com uma possível desaceleração econômica. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,69%, 31.072,61 pontos
Nasdaq Composto: -0,81%, 11.360,0 pontos
S&P 500: -0,83%, 3.830,85 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA