Bolsa fecha em alta e dólar cai, apesar de dados fortes de emprego nos EUA

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, em um dia de volatilidade, na região dos 132 mil pontos, com os dados de dezembro do mercado de trabalho dos EUA (payroll, sigla em inglês) mostrando que a economia norte-americana segue aquecida, mas as revisões para baixo dos meses anteriores foram vistas como positivas.

A possibilidade do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) iniciar do corte de juros em março ainda gera dúvidas no mercado. Na semana, o índice fechou em queda de 1,61%.

A Vale (VALE3) teve mais uma sessão negativa e fechou em queda de 1,28%, a R$ 74,65. As ações das varejistas subiram, beneficiadas pela queda dos juros futuros americanos.

Mais cedo, o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) de dezembro mostrou que os Estados Unidos criaram 216 mil postos de trabalho, acima das expectativas dos analistas que previa 170 mil. Já a taxa de desemprego ficou em linha com a expectativa de 3,7% e o salário médio por hora trabalhada subiu 0,4% em dezembro em termos mensais contra estimativa de alta de 0,3%.

Por semana, os empregados trabalharam, em média, 34,3 horas em dezembro, abaixo da média de 34,4 horas do mês anterior.

O principal índice da B3 subiu 0,60%, aos 132.022,92 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,71%, aos 133.450 pontos. Na máxima do dia, o índice atingiu 132.634,81 pontos e na mínima 130.578,83 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alexandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa manteve a alternância de sinais nesta primeira semana de 2024.

“Quando cai com mais intensidade e se recupera com movimento mais fraco. Nesta sexta-feira chegou a superar os 132 mil pontos, perdeu força no meio da tarde, diante da perda de força em Nova York, mas se manteve em alta. O payroll voltou a dar um susto nas perspectivas de queda de juros em março, com geração de empregos acima das projeções em dezembro, mas revisão para baixo nos meses anteriores. A queda do índice de atividade de serviços (ISM, sigla em inglês) – caiu para 50,6 pontos em dezembro, de 52,7 pontos em novembro-, porém, ajudou a equilibrar as sensações as apostas de corte do Fed em março retomaram ao patamar de 65% de ontem”.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que a bolsa chegou a cair após o payroll, mas logo reverteu o sinal com o mercado analisando melhor os dados.

“Os dados vieram acima do esperado, tanto do trabalho quanto ganho médio por hora. Isso mostra uma economia forte. Mas, em contrapartida, analisando o histórico, vemos uma queda progressiva nos últimos meses, que é positivo. Além disso, os dados dos últimos dois meses foram revisados reforçando apostas na Bolsa de Chicago de que a queda dos juros permanece para iniciar em março. Acredito que o cenário não muda para o corte das taxas no 1T24. O mercado vai seguir atento a novos indicadores”.

Cohen disse que mesmo com a alta do Ibovespa, a semana tende a encerrar em campo negativo. O índice passou por um movimento de ajuste nesse começo do ano”.

Vinicius Steniski, analista de ações do TC, disse que o dado mais importante do mercado de trabalho dos EUA, payroll, à princípio assustou o mercado com o emprego acima do esperado.

“Grande parte das vagas criadas foi por conta do governo e saúde. Mas quando olhamos outros dados, como hora trabalhada, isso veio a cair, sinalizando que foram contratadas mais pessoas, mas por períodos mais curtos, ou seja, mais vagas de trabalho por meio período. Outros pontos como um maior tempo que o trabalhador temporário segue desempregado, uma queda na participação da força de trabalho, aumento na duração de período de pessoas desempregas demonstram que o mercado de trabalho não está tão forte como o dado aparenta. Após essa leitura, o mercado se recuperou e começou a subir aqui e lá fora”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse a princípio o movimento do mercado ficou negativo com o payroll acima do esperado, mas depois os dados foram olhados com detalhe e as bolsas aqui e lá fora passaram a subir.

“O importante é olhar para a média de horas semanais trabalhadas, que caiu ligeiramente em relação ao consenso e os ganhos salarias acabaram aumentando um pouco, mas esse aumento veio um pouco abaixo do projetado pelo mercado; a taxa de desemprego acabou ficando menor que o estimado; o número de horas trabalhadas acaba compensando um pouco o número de vagas. O relatório não veio tão pior como se imaginava Farto afirmou que outro ponto é que nos últimos dias tem sido mais negativo para a bolsa americana e aqui com a antecipação desses dados. O ADP já tinha antecipado um pouco disso e os pedidos de seguro-desemprego também, isso já estava no preço e hoje o mercado começa a se acomodar um pouco em torno dessa informação. De qq maneira isso confirma a visão do mercado que a gente tinha visto muito otimismo em relação à decisão [do Fed] de dezembro, o mercado começou a precificar uma queda de juros já em março, mas aos poucos vamos calibrar melhor essa informação; não acredito em queda no primeiro trimestre, é muito prematuro imaginar por conta do que eles projetaram para o ano. CME caiu ainda mais as apostas. A expectativa de queda [de juros] no 1T24 vai diminuindo”.

Mais cedo, Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, disse que o payroll “surpreendeu para cima ao exibir a criação de 216 mil novos postos de trabalho ante 175 mil esperados. Contudo, houve revisão do mês anterior de 199 mil para 173 mil ao passo que o resultado de outubro também foi revisto para baixo em outros 45 mil postos. No final das contas, tudo para dizer que o bom resultado do headline no mês corrente pode ser considerado liquidamente negativo se considerarmos a revisão dos meses anteriores”.

Mais cedo, Enzo Pacheco, analista da Empiricus, disse que os números vieram acima das expectativas de mercado, crescimento de 216 mil de postos de trabalho, queda leve da taxa de desemprego de 3,8% para 3,7% e os salários mensal e anual vieram acima.

“Os mercados estão dando uma realizada e, talvez, o corte de juros em março seja errônea como previa o mercado, as treasuries subiram. Vamos começar a ver a discussão. Ainda não descarto o primeiro corte dos juros em maio, talvez esperar para o segundo semestre. Os setores de saúde, governo e assistência social foram os responsáveis pelo aumento; já construção transportes e armazenamento perderam postos de trabalho”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,71%, cotado a R$ 4,8714 para venda em dia de divulgação do tão aguardado relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos (payroll, sigla em inglês).

Apesar dos postos de trabalho terem vindo acima do esperado, a revisão dos meses outubro e novembro e a queda no número de horas trabalhadas ajudaram no recuo da moeda estrangeira. Na semana, o dólar subiu 0,40%.

Mais cedo, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou que foram criadas, em dezembro, 216 mil vagas ante projeção de 170 mil.

A taxa de desemprego foi de 3,7%, abaixo das estimativas de 3,8%. Por semana, os empregados trabalharam, em média, 34,3 horas em dezembro, abaixo da média de 34,4 horas do mês anterior.

As vagas criadas em novembro foram revisadas de 199 mil para 173 mil, enquanto no mês imediatamente anterior caíram de 150 mil para 105 mil.

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo, o “dólar está há muito tempo na faixa entre R$ 4,85 e R$ 4,99, mas até o final de março a moeda deve chegar a R$ 4,50. O câmbio está controlado, estamos fazendo o dever de casa”.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “o mercado continua bastante otimista após a revisão dos dados, e o Fed deve continuar com a visão de que o trabalho está indo na direção certa. Por mais que o payroll tenha sido forte, a inflação perdendo força está empolgando o mercado”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, refletindo o payroll, divulgado nesta manhã nos Estados Unidos.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,060% de 10,055% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,680% de 9,700%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,810%, de 9,825%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,050% de 10,055% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão perto da estabilidade, apesar de encerrarem a semana com perdas após uma série de nove semanas de ganhos, muito impulsionada pelo relatório de empregos mais forte do que o esperado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,07%, 37.466,11 pontos
Nasdaq 100: +0,10%, 14.524,1 pontos
S&P 500: +0,18%, 4.697,24 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA