Bolsa fecha em alta de quase 2%, acima dos 111 mil pontos após decisão do Fed; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de quase 2% em um dia de decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) em que elevou a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual (pp) pela primeira vez desde 2018, dentro do consenso do mercado. O maior impacto foi em relação à inflação projetada para 2022, elevaram para 4,3%, de 2,6%, mas o mercado acabou absorvendo.
Alguns analistas comentaram que o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, veio em linha com as expectativas do mercado. A autoridade monetária disse que vai ancorar a inflação, se for preciso escolher entre condições mais apertadas ou aumento de desemprego.
Na sessão de hoje, a Bolsa também foi favorecida pela medida do governo chinês em adotar políticas favoráveis ao mercado de capitais. As commodities ligadas ao minério de ferro subiram.
O mercado fica à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do banco Central (BC), após fechamento do mercado.
O principal índice da B3 subiu 1,97%, aos 111.112,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 2,32%, aos 112.205 pontos. O giro financeiro foi de R$ 43,8 bilhões. As bolsas em Nova York subiram.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a taxa de juros veio dentro do esperado e devido à questão geopolítica não elevaria para 0,50 ponto porcentual (pp) nesta reunião, mas “o que surpreendeu foi a inflação [índice PCE], o mercado projetava em torno de 2,6% e ele [Fed] veio com 4,3% para 2022, essa elevação teve um certo impacto nos mercados”.
Moliterno disse que é o discurso do Fed foi “mais confuso e o mercado não sabe para onde vai”, até pelo momento da guerra em que há muitas incertezas.
Outro analista que não quis se identificar afirmou que esperava que o Fed fosse mais cauteloso por causa dos efeitos da guerra e foi mais duro. “Ele [Fed] fez várias revisões, aumentando projeção de inflação e confirmando o cenário que a gente tinha antes da guerra.”
Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos disse o bom humor no Ibovespa está diretamente relacionado à China. “O governo chinês disse, de uma forma muito prática, que vai adotar políticas favoráveis ao mercado de capitais, estimulando a economia local e o impacto é direto nas commodities”.
A economista-chefe da Reag Investimentos afirmou que os discursos entre Rússia e Ucrânia estão mais ponderados e anima o mercado, mas ainda é “ajuda marginal”.
O destaque de alta no Ibovespa ficu para as ações da CVC (CVCB3)- subiu mais de 17%- com os investidores repercutindo o balanço divulgado na véspera após o fechamento do mercado. Embora tenha registrado um prejuízo de R$ 145 milhões no 4T21, veio melhor do que o mercado estava esperando- de R$ 200 milhões. Simone comentou que o chamou a atenção foi a receita líquida que cresceu 92,5%, atingindo R$ 314 milhões com impacto do tíquete médio de viagens internacionais. “É um sinalizador de expectativa de que a economia está retomando”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,0920, com queda de 1,31%. O driver do dia foi o aumento dos juros norte-americanos, que subiram para a faixa entre 0,25% e 0,50%. O aumento, que já estava precificado pelo mercado, não foi suficiente para conter a forte alta do real, que também foi beneficiado pela valorização global das commodities.
Para o sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, “não houve nenhuma surpresa. Essa alta já era um consenso de mercado. A grande questão é se a política monetária, que é a única ferramenta de um banco central para diminuir a inflação, vai surtir efeito”.
De acordo com o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “os fundamentos do real ainda não positivos, com espaço para cair. Não vejo hoje como um movimento de correção”.
Na opinião de Beyruti, o Fed tem a missão de combater a inflação sem colocar o país em uma recessão: “A alta de 0,25% para hoje já está precificada, mas queremos ver o tom do comunicado, assim como o discurso do Powell”, explica.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o clima de menor aversão a risco contribui para menores cotações do dólar e altas nas commodities, com minério de ferro e petróleo sendo destaques de alta”.
Borsoi acredita que após sucessivas altas, o dólar deve apresentar volatilidade na abertura da sessão de hoje, guiado pela decisão a ser anunciada pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). O economista também aposta em uma postura mais hawkish (dura, propensa ao aumento dos juros) do Comitê de Política Monetária (Copom) e que a Selic (taxa básica de juros) suba 1%.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta “Super Quarta”, após decisão do FED em aumentar a taxa básica de juros 0,25 pontos percentuais, chegando ao intervalo de 0,25%-0,5%.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 13,110% de 13,120% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 13,005%, de 12,930%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,445%, de 12,430% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,250% de 12,250%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos devem fechar o pregão em alta, apesar de um dia marcado pela alta volatilidade, após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciar o primeiro aumento de juros em 2022 e sinalizar mais outros seis.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos:
Dow Jones: +0,88%, 33.839,46 pontos
Nasdaq 100: +2,94%, 13.328,8 pontos
S&P 500: +1,52%, 4.327,55 pontos