Não definimos ritmo de redução de taxas de juros, diz Powell

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que não sabe o ritmo de aumento de juros do banco, mas que a redução patrimonial já tem um plano praticamente completo que pode ser implementado já na reunião de maio. Ele também afirmou que o impacto da política monetária deve demorar e ser visto apenas em 2023 e 2024.
“Não decidimos nosso ritmo de aumento das taxas básicas ainda. Há sete aumentos previstos e sete reuniões restantes, apesar de que alguns membros prevejam mais de sete aumentos. Atuaremos de acordo com os dados”, afirmou Powell em coletiva de imprensa após a decisão de política monetária do banco, que elevou a meta das taxas de juros bancárias para a faixa entre 0,25% e 0,5%.
“Também temos a redução patrimonial do Fed, que funciona praticamente como uma elevação da taxa básica”, explicou o presidente do órgão. Segundo ele, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) já começou a delimitação de um plano de redução das participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas e dívidas de agências do banco.
“Fizemos esse plano e ele está praticamente pronto. Iremos entrar em um consenso e começar a aplicá-lo em uma reunião em breve. Quem sabe podemos fazer isso já em maio”, afirmou Powell.
INFLAÇÃO
O presidente do Fed explicou que apesar do objetivo do aumento de juros ser o controle da inflação, os efeitos da política monetária sobre a pressão de preços deve demorar um pouco.
“Veremos a inflação amenizar por conta disso em 2023 e 2024. Neste ano a pressão baixará por questões além de nosso controle”, disse ele.
Apesar da previsão de inflação neste ano ter aumentado para 4,3% em comparação com a perspectiva de crescimento de apenas 2,6% na reunião de dezembro, Powell explica que a expectativa continua sendo de uma pressão inflacionária menor do que a do ano passado.
“O que aconteceu foi a guerra entre Ucrânia e Rússia, que realmente alteraram nossas visões sobre inflação e crescimento, já que ela afeta os preços de commodities e deve complicar as cadeias de insumos. No longo prazo, no entanto, ainda é incerto o quanto esse conflito nos impactará”, disse ele.
Com isso, Powell explica que a previsão é de que a inflação comece a cair no final deste ano, diferente das expectativas anteriores de começar uma redução no começo do segundo semestre. Ele, no entanto, mantém a expectativa de uma baixa em 2023, quando o Fed prevê uma inflação de 2,7%.
MERCADO DE TRABALHO
Quando questionado se a ação do Fed de aperto monetário não iria aumentar o desemprego em vez de manter o mercado de trabalho aquecido ao mesmo tempo que diminui a inflação, Powell disse não enxerga dessa maneira, já que mercado de trabalho e inflação vêm andando separadamente desde a pandemia.
“No momento o mercado de emprego está altamente apertado, de uma forma que chega a ser insalubre. São 1,7 vagas abertas para cada pessoa desempregada. Ou seja, há uma forte demanda e pouca oferta. Isso eleva os preços dos salários a um nível muito além do consistente para manter a inflação em 2%, que seria nosso objetivo”, explica ele.
“Com o aumento de taxas básicas, queremos reduzir essa demanda a quem sabe uma vaga por pessoa desemprega. O mercado ainda estaria aquecido, mas os salários não cresceriam tão rápido, evitando um aumento inflacionário”, continuou. Segundo Powell, a manutenção de um mercado de trabalho forte e duradouro depende da estabilidade de preços. “Não sei até quando esse aumento de salários continuará”.
“A economia e o mercado de trabalho são fortes o suficiente para aguentar o aumento de taxas de juros, acreditamos. E se precisarmos nos mover mais rápido, faremos isso”, disse