Bolsa fecha em alta de 1,68% com commodities e discurso de Powell; dólar encerra abaixo dos R$ 5

213
Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo -O primeiro pregão de novembro foi de alívio para os ativos de risco. A Bolsa fechou em alta de 1,68%, ultrapassou os 115 mil pontos, com o apoio das commodities- Vale (VALE3) chegou a disparar mais de 2,20%-, mercado reagindo bem aos balanços e ao discurso mais suave de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Powell disse que ainda está preocupado com a inflação, que o mercado de trabalho ainda está apertado e que vai ficar de olho nos novos indicadores para as próximas decisões. Na sexta-feira, sai o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês), considerado o dado mais importante para entender a economia norte-americana.

A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice, subiu 1,91%. Petrobras (PETR 3 e PETR4) avançou 1,16% e 1,09%.

O principal índice da B3 subiu 1,68%, aos 115.052,96 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,64%, aos 116.570 pontos. Na máxima do dia, o índice atingiu 115. 433,25 pontos. O volume financeiro foi de R$ 25,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que o tom do discurso do Powell foi suave e o mercado reagiu positivamente, mas as commodities ajudaram a puxar o Ibovespa.

“O resumo da fala do Powell foi positivo, disse que está próximo de um fim de ciclo e isso o mercado gostou, não vai alterar o ritmo de redução de balanço, parece que vai ter uma mudança de expectativa para a reunião de dezembro; o movimento do Ibovespa está muito na conta da alta da Vale por causa do minério de ferro e petróleo, o que faz Petrobras e PetroRio subirem, além disso a nossa curva de juros responde aos treasuries e também reduziu os ruídos políticos depois da fala do Lula. Mas vamos esperar sexta-feira, com o payroll, que mexe com expectativa, se vier muito diferente pode ter uma mudança do cenário de hoje”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que a cautela é o nome de maior atenção, mas o mercado gostou das declarações do presidente do Fed. “Powell disse que ainda tem preocupação com taxa de desemprego e o grande ponto continua sendo a inflação, vamos ficar de olho em novos indicadores, o dia é de menor estresse para os ativos de risco, por enquanto. Ele deixou claro que tem possibilidade de novas altas nas taxas, tudo vai depender de novos indicadores; para a reunião de dezembro seguem as apostas para a manutenção dos juros”.

Para André Meirelles, diretor de alocação e distribuição Invest Smart XP, Jerome Powell manteve um tom cauteloso na coletiva, após a decisão de manter as taxas de juros inalteradas e o mercado reagiu positivamente.

“Powell ratificou que pode voltar a elevar os juros nas próximas reuniões, caso o Fomc considere que as condições econômicas não são condizentes com o retorno da inflação à meta de longo prazo; além disso reforçou que não está confiante de que já atingiu o patamar de juros necessário para levar a inflação de volta a meta, para os ativos brasileiros a decisão foi positiva.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que não teve surpresa na decisão do Fed em manter as taxas de juros. “O Fed deixou claro que vai acompanhar essas taxas na economia, agora é momento de guardar e ver qual será o impacto real, não havendo necessidade de novas aumentos em virtudes de alguns sinais de enfraquecimento da economia e aumento expressivo dos treasuries (vetor bastante importante para controlar a inflação), acompanhar divulgação no decorrer da semana novos dados. Eles não querem sinalizar um corte na próxima reunião porque pode ter desancoragem dos treasuries. As apostas começaram a subir para um corte de 0,25 pp nas taxas em 2024”.

Bruna Sene, analista da Nova Futura de investimentos, disse além da decisão do Fed, as commodities e balanços ajudaram a impulsionar o índice. “Com os dados nos EUA mais mistos que saíram pela manhã houve aumento na expectativa de manutenção de juros lá fora novembro e dezembro, sem novas altas, o dia está bem marcado por alívio dos treasuries, alguns balanços que o mercado gostou como da Vivo, da PetroRio, Vamos e commodities. O Ibovespa tinha vindo buscar um suporte importante nos 112 mil pts, é um divisor de água importante, como resistência pro Ibovespa temos 115,5 até 116 mil pts, seria um próximo pto de atenção”.

Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC liquidez, disse que o Fed praticamente repetiu o comunicado anterior. “Houve um pequeno ajuste na avaliação da atividade econômica, que saiu de “sólido” para “forte”, marginalmente hawkish”.

Mais cedo, operador de renda variável da Manchester Investimentos disse que esperava um mercado mais cauteloso hoje por conta da decisão de juros aqui e lá fora, mas o dia começou animado. “No primeiro dia do mês a gente tem mais fluxo por conta dos balanceamentos de carteiras, fundos ajustam posições e isso requer atenção. Não é garantia de que o fluxo se mantenha e pode ocorrer alguma correção ao longo da tarde por conta do Fed,; hoje não dá para tomar como base, se o mercado continuar subindo após feriado, será um movimento mais estrutural; vemos alta generalizada das ações, o índice carrega quase 50% só com a alta forte de Petrobras e Vale”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,38%, cotado a R$ 4,9709. Isso se deve à manutenção das taxas de juros norte-americanas na faixa entre 5,25% e 5,5%, e de sinais de desaceleração da economia dos Estados Unidos, o que pode fazer com que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não volte a subir os juros.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, a decisão do Fed, de hoje, reforça cada vez mais a ideia de que uma nova manutenção das taxas irá ocorrer em dezembro, na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em 2023.

Komura pontuou que o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, foi comedido, como de costume, mostrando cautela e que está atento aos indicadores econômicos para eventuais mudanças de rota.

“Precisamos, porém, monitorar o tom do comunicado do Copom, o quanto a questão fiscal pode interferir em 2024”, disse Komura sobre a decisão que será divulgada no começo desta noite.

Komura entende que o bom humor global de hoje também é relacionado ao mercado de trabalho nos Estados Unidos, que contribuem para que o Fed não suba mais os juros.

O relatório publicado pela Automatic Data Processing (ADP) e pela Macroeconomic Advisers apontou a criação, nos Estados Unidos, de 113 mil vagas no setor privado em outubro. As projeções eram de 130 mil.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. A manutenção das taxas de juros norte-americanas na faixa entre 5,25% e 5,5% reforçaram o movimento de alívio nas Treasuries.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,034% de 12,052% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,970% de 11,080%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,855%, de 11,040%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,030 % de 11,225% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, após a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter as taxas de juros inalteradas pela segunda vez consecutiva.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,67%, 33.274,58 pontos
Nasdaq 100: +1,64%, 13.061,5 pontos
S&P 500: +1,05%, 4.237,86 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA