Bolsa fecha em alta com exterior e setor de consumo cíclico e proteína; dólar avança

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia acompanhando o exterior e com o arcabouço fiscal no radar dos investidores. Mas, praticamente todo o pregão foi de lado com o peso das commodities e do setor financeiro. A melhora do índice se deu no meio da tarde. Os papéis de destaque positivo ficaram para o setor do ciclo de consumo doméstico e proteína.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou as projeções econômicas para este ano: PIB deve crescer 1,9% e inflação de 5,6%. As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) subiram 5,35% e 5,68%. MRV(MRE3) avançou2,69 % e Localiza (RENT3) aumentou 1,10%. BRF (BRFS3) Minerva (BEEF3) registaram alta de 11,48% e 6,92%.

O principal índice da B3 subiu 0,59%, aos 110.108,46 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,35%, aos 110.090 pontos. O giro financeiro era de R$ 25,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o mercado caminha para um fechamento positivo. “O dia de hoje é embasado em uma expectativa de uma inflação mais baixa pela frente e votação do arcabouço, ainda que algumas mudanças tenham gerado ruído com a inclusão de duas linhas do Cajado [relator da proposta Cláudio Cajado], mas o mercado acabou digerindo; os papéis da economia local estão subindo e o exterior estão ajudando com a possibilidade de um acordo mais próximo em relação ao teto da dívida dos Estados Unidos; as declarações do Haddad de que o PIB seria revisado pra cima com a melhora de alguns indicadores da economia também estão fazendo preço; destaque para varejo e locomoção e proteínas; bancos estão patinando”.

Amanhã a Petrobras (PETR3 e PETR4) vai pagar a primeira parcela dos dividendos referente ao ano 2022 aos acionistas no valor aproximado de R$ 17 bilhões. Segundo uma fonte, muitos investidores “estão usando o crédito e antecipam a compra dos papéis”. Desse total a ser pago, 30% vão para a União e o restante para os demais acionistas. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em alta 0,44% e 0,58%.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que o Ibovespa opera de lado “com realização do setor financeiro, Petrobras e Vale, em meio a queda do minério de ferro [caiu em Qindao e Cingapura e subiu em Dalian]; lá fora pode melhor, mas espero um dia mais estável para a Bolsa porque já subiu oito pregões consecutivos, corrigiu na terça e voltou a subir ontem; tem um ponto importante do Ibovespa que é os 110 mil pontos, ponto de resistência e tem realização nessa região”.

Bruna disse que as ações de consumo cíclicos-varejistas, educação, construção- sobem “em continuidade dos últimos dias”. As ações da Braskem (BRKM5) chegaram a cair mais de 1% com a notícia de que o UBS BB rebaixou a recomendação de compra para neutra dos papéis, mas fecharam em alta de 0,21%.

A analista de investimentos da Nova Futura Investimentos disse que o Ibovespa tentou melhorar um pouco com a notícia lá de fora em que “o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, afirmou que uma legislação para resolver esse impasse do teto da dívida pode ir para o plenário da Câmara já na semana que vem”.

Mais cedo, Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que faltam notícias positivas para motivar o mercado, por isso, o Ibovespa futuro abriu em queda expressiva “falta de motivador de otimismo macroeconômico, ontem questão do teto de gastos nos EUA que deu ânimo, mas daqui para frente não tem nada novo, dia de baixa para as commodities, à exceção do minério de ferro, e talvez a única salvação seja a Vale (VALE3) segurando no positivo; burburinhos internos sobre Petrobras, cenário macro doméstico não está legal, tem o arcabouço, três CPIs; os 109 mil pontos e 110 mil pontos é uma região de grande resistência e difícil do mercado passar”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,64%,cotado a R$ 4,9670. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de uma alta residual dos juros norte-americanos.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “ainda há sinais de possível alta de juros americanos para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o que faz o dólar testar os R$ 5. O Depósito Interfinanceiro (DI) de curto prazo já com alta acima de 1% no dia, que mostra o tom hawkish por aqui”.

“Tivemos ajustes positivos no arcabouço, outros nem tanto. Tudo indica que seja um marco para novas altas do real. Ter um caminho já é algo para o mercado se alegrar”, opina Brigato.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, depois de apresentarem volatilidade. Em dia de agenda esvaziada, o mercado ainda está digerindo a aprovação do regime de urgência para votação do arcabouço fiscal na Câmara.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,690% de 13,305 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,730 % de 11,720%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,210 %, de 11,310%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,280 % de 11,240% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta pela segunda sessão consecutiva, com os investidores otimistas de que as negociações entre autoridades do governo Biden e os líderes do congresso em relação ao teto da dívida norte-americana cheguem em uma resolução nos próximos dias.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,34%, 33.535,91 pontos
Nasdaq 100: +1,51%, 12.688,8 pontos
S&P 500: +0,94%, 4.198,05 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA