Bolsa fecha em alta com commodities, China e expectativa de PEC desidratada; Dólar retrai

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Foto: Pexels

São Paulo – A Bolsa fechou em alta em dia de alívio com a possibilidade de afrouxamento das medidas de restrições na China, alta das commodities e expectativa de uma desidratação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Foram alcançadas mais de 27 assinaturas para começar a tramitação da proposta no Senado.

As ações da Vale (VALE3), mineradoras e siderúrgicas subiram refletindo a alta do minério de ferro em Dalian, na China. Já a Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou com a possibilidade de a Opep fazer algum corte na produção de barril de petróleo, segundo fontes.

Vale (VALE3) aumentou 3,86% e Petrobras (PETR3 PETR4) avançou 4,29% e 4,18%. CSN (CSNA3) subiu 8,46%.

Os destaques de queda ficaram para as ações da Embraer (EMBR3), Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), que caíram respectivamente 3,63%, 2,96% e 3,10%.

Os papéis de Suzano e Klabin perderam com os investidores “reduzindo algumas posições defensivas no dia de hoje”, disseram analistas da Ativa Investimentos em relatório.

O principal índice da B3 subiu 1,95%, aos 110.909,61 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 2,04%, aos 111.615 pontos. O giro foi de R$ 27,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, comentou que as commodities puxaram o Ibovespa para cima. “O índice subiu sob a liderança de Petrobras, Vale e CSN e CSN Mineração; rumores de que a covid na China pode chegar ao fim impulsionaram o minério de ferro e o setor de siderurgia”.

Labarthe acrescentou que os investidores “estão com expectativa de que a PEC seja desidratada e que o prazo proposto de quatro anos seja calibrado no Congresso e surgiram rumores de que Alckmin possa ser o ministro da Fazenda no lugar de Haddad, o que animou o mercado”.

Um gestor de investimentos de uma corretora que não quis se identificar comentou que a Bolsa sobe “puxada pelas commodities de maior peso, Petrobras e Vale, mas segue com o volume reduzido por conta dos juros americanos e à espera da nova equipe econômica”.

Victor Miranda, operador de renda variável da One Investimentos, disse que o humor da Bolsa melhorou com a PEC e a China. “A redução de incertezas com relação à PEC da Transição, o que fica pendente é a desidratação, principalmente em relação ao prazo, perto de dois anos; a China também ajuda com a vacinação em massa em idosos e retomada do mercado imobiliário”.

Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, disse que a PEC está precificada uma vez que a equipe de transição já fala em negociação em relação à proposta que foi protocolada. “Imagino que o mercado está precificando que o texto vai ser desidratado em alguma medida e dependendo do grau dessa desidratação será melhor tende a impactar menos no fiscal no próximo ano”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,39%, cotado a R$ 5,2900. A moeda refletiu a melhora do ambiente externo, protagonizada por um eventual relaxamento da política de Covid zero na China, além da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição que foi protocolada e que, por ora, aliviou a sensação de incertezas fiscais.

De acordo com o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “aqui no Brasil as coisas estão muito incertas, e a principal preocupação agora são os nomes para a área econômica. O dólar ainda está elevado, e a gente espera à medida que nomes forem divulgados a situação ficará mais estável. O mercado precisa de alguma certeza”.

Brigato também entende que os protestos na China, pela reabertura econômica e relaxamento das medidas contra a Covid, foram vistos de modo positivo pelo mercado.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura “hoje estamos vendo que os fatores externos estão ajudando o mercado principalmente por causa da China, onde há especulação de que o fim das restrições da política de Covid zero pode ser antecipado”.

“A PEC foi protocolada, mas a gente não acha que passa desse jeito, ainda vai ser desidratada ao longo das negociações. Com tudo isso, a gente está vendo um alívio no dólar, na bolsa e nos juros. O cenário ainda está incerto para falar que o dólar vai começar a desvalorizar”, analisa Komura.

O boletim da Correparti diz que os recentes protestos contra a política de combate à Covid, na China, podem fazer com que tais medidas sejam revistas no país asiático.

“Aqui deveremos ter uma abertura em queda, em sintonia com o exterior”, observa a Correparti. A empresa, contudo, pondera que a PEC da Transição, que foi protocolada ontem à noite no Senado, e a indefinição sobre a equipe econômica do presidente eleito, Lula (PT), podem afetar a moeda brasileira ao longo do dia.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em forte queda nesta terça-feira (29), com o início da tramitação da PEC da Transição no radar. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,688% de 13,700% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,965%, de 14,290%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,170%, de 13,695% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,875% de 13,400%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,2900 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, enquanto Wall Street continuou um início de semana lento, com os investidores ainda monitorando os últimos desenvolvimentos relacionados ao súbito aumento de protestos na China sobre a política de covid-zero do governo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,01%, 33.852,53 pontos
Nasdaq Composto: -0,59%, 10.983,8 pontos
S&P 500: -0,15%, 3.957,63 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.