Ações da Petrobras sobem após transição informar que plano estratégico poderá ser revisado pelo governo eleito

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo -As ações da Petrobras registram forte alta nesta terça-feira, após o encontro da diretoria da empresa com a equipe de transição de energia do governo eleito e especulações. As ações chegaram a subir mais de 6% e às 16h55 (horário de Brasília), avançam 4,75% em PETR3 e 4,72% em PETR4, em dia de alta das cotações de petróleo. O Ibovespa sobe 2,08%.

Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, o coordenador-executivo do grupo de trabalho de energia da equipe de transição, Mauricio Tolmasquim, disse que pediu para que o plano de investimentos que será apresentado amanhã pela petrolífera seja revisto Alguns aspectos vão ser revistos, como a transição energética, [com o objetivo] de transformar a Petrobras em uma empresa de energia, disse ele ao jornal.

Nesta terça-feira, a Petrobras informou que amanhã será realizada uma reunião do conselho de administração para apreciar o Plano de Negócios e, no dia seguinte, será realizado o encontro anual com analistas e investidores, oPetrobras Day, em horário a ser definido.

Ontem foi realizada a primeira reunião entre o grupo de trabalho de energia da equipe de transição e o comando da Petrobras, de forma virtual. Ficou acertada uma nova reunião entre as partes, em formato presencial, na sede da empresa, no começo de dezembro.

Por meio de comunicado, a Petrobras disse que, “no encontro, foram estabelecidos os primeiros passos para uma transição profissional e dentro das boas regras de governança.” Do lado da companhia, participaram o presidente, Caio Paes de Andrade; o diretor de Relacionamento Institucional e de Sustentabilidade, Rafael Chaves; o diretor de Governança e Conformidade, Salvador Dahan; e a advogada-geral da Petrobras, Taisa Maciel.

“A Petrobras se colocou à disposição para fornecer todas as informações necessárias para que a equipe de transição conclua um primeiro diagnóstico que deve subsidiar a próxima gestão. O pedido de informações deve ser formalizado nos próximos dias”, disse a empresa, em comunicado.

Pela equipe de transição, estiveram presentes o senador Jean Paul Prates, o coordenador do GT, Maurício Tolmasquim, William Nozaki, Magda Chambriard e Deyvid Bacelar, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), além de representantes do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil.

Em nota, o grupo de trabalho de Minas e Energia informou que definiu com a direção da Petrobras como serão as trocas de informações sobre a empresa durante o processo de transição de governo.

Segundo o relator do subgrupo Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do GT, senador Jean Paul Prates (PT-RN), o encontro foi muito produtivo e cooperativo. “Tratamos de assuntos preliminares, como confidencialidade de documentos e trocas de informações. Definimos ainda critérios de sigilo, classificação e tipos de dados bem como a forma como deverão circular. Estamos buscando todas as informações para nosso relatório, tendo, obviamente, todos os cuidados para evitar especulações indevidas e vazamento de informações”, disse. O GT enviará, nos próximos dias, ofício à empresa para solicitar as informações.

“Temos vários processos de desinvestimento que a gestão atual da Petrobras está levando a cabo. Vamos destacar alguns que acreditamos deveriam ser suspensos, mas a administração atual da estatal é quem vai tomar a decisão que ela achar pertinente a respeito de casa caso”, disse.

ANÁLISE

A revisão do plano estratégico com foco na transição energética não parece ser o motivo da alta das ações de Petrobras nesta terça-feira. Também há rumores de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, a Opep+, poderá implementar um corte na produção em sua próxima reunião a ser realizada no domingo (4/12) em Viena, na Áustria.

Em nota sobre a reportagem, a corretora Ativa considerou negativo do ponto de vista da rentabilidade a intenção da companhia em avançar em projetos de energia éolica e solar de forma mais forte nos próximos anos.

“Apesar de inegável que os múltiplos atuais precificam uma dependência quase que exclusiva a fósseis, abandonar a estratégia atual de desenvolver paralelamente uma segunda fonte de receitas enquanto aloca recursos majoritariamente no pré-sal para entrar de cabeça em projetos que proporcionam menor retorno não nos parece uma estratégia maximizadora de valor. Ademais, temos visto petrolíferas globais sem expertise prévia em renováveis tendo problema para desenvolver esta estratégia ao longo dos últimos anos”, comentava a corretora pela manhã, antes da alta registrada pelas ações.