Bolsa fecha em alta com bom humor no exterior e com valorização do setor financeiro; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta e voltou à faixa dos 98 mil pontos em um movimento de recuperação com os sinais de otimismo no exterior e as ações do setor financeiro, siderurgia e da Petrobras (PETR3 e PETR4) ajudam a puxar o índice. Mais uma sessão de liquidez reduzida.

O principal índice da B3 subiu 1,37%, aos 98.244,80 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou ganho de 1,50%, aos 99.040 pontos. O volume financeiro foi de R$ 18,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Amanhã a Petrobras vai pagar a segunda parcela da remuneração aos acionistas. O valor é de R$ 24,234 bilhões, 1,8578 por ação e a União deve receber em torno R$ 7 bilhões dessa parcela. Um gestor de carteiras que não quis se identificar disse que seus recursos de Petrobras serão utilizados para comprar ações da Vale, que acredita estar barata e deve anunciar dividendos.

Segundo Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a Bolsa está acompanhando o otimismo lá fora com “os investidores avaliando as perspectivas de ganhos em meio às especulações sobre decepções da economia estão precificadas”.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) segue em alta firme apesar do anúncio de redução no preço da gasolina, “o que mostra uma aderência da estatal à política de preço como positiva”, comentou.

Moliterno afirmou que os setores de siderurgia e o financeiro estão retomando. “Semana que vem começam os balanços de bancos e a expectativa é para resultados bons haja vista um aumento na carteira de crédito e melhora na linha financeiro”. Já os papéis de varejo são mais fracos.

Gustavo Bocuzzi, head de renda variável da Ethimos Investimentos, disse que a Bolsa acompanha o bom humor nos Estados Unidos, mas “com menor intensidade porque a nossa situação fiscal aqui preocupa e os ruídos políticos são constantes”.

Mais cedo, Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos disse que a Bolsa está em um movimento técnico “dando um respiro de tudo que vimos na semana passada com a queda do minério de ferro e petróleo”.

Moura também comentou que o mercado está em tom de cautela aguardando os resultados corporativos aqui e nos Estados Unidos. “Vai ser a hora da verdade para as empresas. A nossa bolsa está descontada, negociando nas menores relações de Preço/Lucro (PL) dos últimos 20 anos e espero uma desaceleração do lucro, mas ainda acho que não vai ser a pouco de justificar a Bolsa nesse valuation que está hoje”.

O analista da Finacap afirmou que o mercado está digerindo toda a narrativa que vem tomando conta do mercado recentemente, o temor uma recessão global, e aqui a PEC dos benefícios aprovada na semana passada.

“Os investidores estão fazendo um balanço do risco. A PEC tem um risco fiscal com a injeção de benefícios nas mãos da população, que vai causar uma pressão inflacionária; a pergunta é o que vai acontecer com a inflação diante do aperto monetário do Banco Central (BC) contra esse incentivo que está sendo dado pelo governo. Fica a dúvida se o estímulo causado vai ser maior que o efeito dos juros pra frear a inflação”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,11%, cotado a R$ 5,4190. A moeda, que operou abaixo dos R$ 5,40 durante boa parte da sessão – impactada por um movimento de correção e maior apetite ao risco globais -, ganhou força, puxada pela disparada da inflação na Europa (+8,6% no acumulado de 12 meses, até julho), reforçando as expectativas de um Banco Central Europeu (BCE) mais hawkish (duro, propenso ao aumento de juros) na reunião desta quinta-feira.

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o BCE aumentar os juros gera alívio no mercado, que vê nisso um movimento mais coordenado dos bancos centrais, o que dá equilíbrio ao mercado mundial de moedas”.

Rostagno acredita que o dólar, até o final de 2022, deve operar entre R$ 5,10 e R$ 5,60, e que nesta terça o real vai na esteira do movimento observado no exterior.

De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o dólar está colado com o movimento externo. Os sinais indicam que a crise nos Estados Unidos será melhor do que se esperava, e parece que o cenário começa a melhorar”.

Nagem, contudo, entende que a moeda não deve quebrar o patamar de R$ 5,30, e que os investidores estão cautelosos com a reunião do presidente Jair Bolsonaro com os embaixadores, ontem: “É preocupante”, pondera. O chefe do executivo colocou, novamente, o sistema eleitoral brasileiro em dúvida.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a semana não tem um grande driver, então o foco é na agenda micro. Os investidores estão digerindo os resultados do último trimestre da maior economia do mundo”.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta terça-feira, ainda bastante pressionadas pela escalada dos últimos dias.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,920% de 13,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 14,035%, de 13,880%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,445%, de 13,270% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,360% de 13,105%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam em campo positivo nesta terça-feira. Com a temporada de divulgação dos balanços do segundo trimestre, os investidores analisam como as empresas estão respondendo às expectativas de recessão, alta de inflação e de juros pelos bancos centrais, principalmente se planejam reduzir as contratações ou outros investimentos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +2,43%, 31.827,05 pontos
Nasdaq Composto: +3,11%, 11.713 pontos
S&P 500: +2,76%, 3.936,69 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA