Bolsa fecha em alta com apoio de exterior, commodities e bancos; dólar encerra a R$ 5,16

669

São Paulo- A Bolsa fechou em alta, recuperou mais de 2 mil pontos, impulsionada pelos índices em Wall Street, com a valorização das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e do setor financeiro. Mas o pregão não foi todo de otimismo.

O Ibovespa chegou a cair mais de 1% com após a divulgação dos dados de trabalho do mercado norte-americano (payroll, sigla em inglês), acima do esperado mostrando que a atividade econômica nos Estados Unidos está forte e que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá desafios à frente na política de juros. O alívio veio na segunda metade da sessão. Na semana, o Ibovespa acumulou perda de 2,05%.

Na ponta positiva, o Banco do Brasil (BBAS3) foi um dos grandes destaques, subiu 4,06% após o Bradesco BBI ter elevado a recomendação da ação de neutra para outperform; Petrobras (PETR 3 e PETR4) avançou 2,50% e 2,38% com alta do petróleo. Vale (VALE3) aumentou 1,45%.

A Yduqs (YDUQ3) foi destaque de queda de 7,65% e Magazine Luiza (MAGLU3) caiu 1,65%.

Mais cedo, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou que foram criadas 336 mil vagas de trabalho em setembro contra a expectativa de 170 mil dos analistas. A taxa de desemprego subiu 3,8% contra a estimativa de 3,7% e o salário médio por hora trabalhada teve alta de 0,20% em base mensal e subiu 4,1% na comparação anual.

O principal índice da B3 subia 0,78%, aos 114.169,63 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,67%, aos 114.510 pontos. A mínima no interdiário atingiu 111.598,57 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Alex Carvalho, analista CNPI da CM Capital, disse que o Ibovespa caminha para fechar um dia de recuperação.

“Tudo parecia ser um fechamento de semana bem negativo após a divulgação dos dados de emprego norte-americanos, que vieram bem acima das projeções, mostrando ainda uma economia bastante acelerada. Momentaneamente, o mercado ficou estressado, mas no final do dia o cenário foi outro e o Ibovespa subiu. Apesar dos dados do payroll não serem positivos para a Bolsa, a taxa de desemprego e o ganho médio por hora trabalhada nos Estados Unidos vieram abaixo do esperado, o que nos indica um consumo mais reduzido, e isso pode fazer com que o Fed repense sua política monetária para a próxima decisão de juros. Por enquanto o mercado trabalha com a hipótese de mais uma manutenção na taxa americana. O setor bancário e das grandes commodities impulsionam o dia”.

Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, disse que os dados vieram ruins e assustou em um primeiro momento a nossa Bolsa.

“Nas últimas semanas, o mercado já tinha estressado demais e boa parte da piora já estava no preço, a curva de juros [ títulos do Tesouro norte-americano] abriu muito, o T-10 está no maior nível desde a crise de 2007, mas quando saiu o payroll foi uma surpresa negativa, a atividade americana está muito forte e acaba jogando água no chopp da festa de que a inflação está sob controle por lá; o dado reforça a tese de que o Fed deve aumentar os juros por mais uma rodada e manter as taxas altas por mais tempo; as commodities também ajudam a melhora da nossa Bolsa e as ações sensíveis a juros sofrem”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que o número do payroll veio pior do que o esperado, mas é necessário olhar os dados minuciosamente.

“O número veio bem pior, a curva de juros operava em alta, mas precisamos olhar com mais detalhes, quebrar o número porque o payroll é um conjunto. Apesar de o número de vagas ter vindo acima do esperado, a taxa de desemprego subiu um pouco. Mas está difícil um dado desse relatório amenizar o grosso dele. Payroll muito acima do esperado significaria em tese pressão na inflação e consequência mais juros, o que tende a frear a economia e pode ter recuo mais forte para commodities, o que seria ruim pra Brasil. Apesar de não ter negociação na China”.

Segundo um gestor de um grande banco, os dados do payroll vieram muito acima “mostrando resiliência da economia da norte-americana, o que gera inflação e acende a luz amarela para o Fed nas próximas reuniões”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,12%, cotado a R$ 5,1613. A moeda refletiu na sessão de hoje – assim como ao longo da semana – o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não apenas suba os juros, mas mantenha as taxas altas por mais tempo, e que este processo culmine em uma recessão tanto nos Estados Unidos quanto global. Na semana, o dólar valorizou 2,68%.

O sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigarto acredita que o aumento de 0,2% na hora trabalhada em setembro – saltando de US$ 33,81 de agosto para US$ 33,88 para o mês seguinte – acendeu alguma esperança no mercado e isso é um fator que talvez esteja exercendo menos pressão na moeda brasileira.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “não teve nenhuma notícia para justificar este movimento de queda. Os mercados devem estar pesando a possibilidade de termos uma recessão no futuro, caso o Fed suba e mantenha as taxas elevadas”.

Mais cedo, o relatório de emprego nos Estados Unidos apontou a criação de 336 mil vagas em setembro, muito acima das expectativas de 170 mil. Já o número de vagas criadas em agosto foi revisado de 187 mil para 227 mil.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, com mercado focando na desaceleração dos salários ao invés da criação de vagas da Payroll.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,242% de 12,246% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,960 % de 11,000%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,840%, de 10,885%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,085% de 11,140% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, mesmo após a divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos mais fortes do que o esperado e um aumento nos juros dos Treasuries.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,87%, 33.407,58 pontos
Nasdaq 100: +1,60%, 13.431,3 pontos
S&P 500: +1,18%, 4.308,50 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA