Bolsa fecha em alta acompanhando Nova York; Vale e bancos subiram; dólar encerrou valorizado

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta e, pela primeira vez na semana acima dos 99 mil pontos, puxada pelo otimismo no exterior com bons resultados corporativos. Por aqui, os destaques ficaram para as ações do setor financeiro, que subiram em bloco, e para os papéis da Vale (VALE3), maior peso no índice, que se recuperaram de perdas recentes e avançaram 1,75%.

Mas a melhora do índice se deu no final dos negócios. A maior parte do pregão foi de queda com o peso da Petrobras (PETR3 e PETR4), o temor da recessão e preocupação com o setor imobiliário na China.

O evento importante de hoje foi a elevação dos juros na zona do euro pela primeira vez em 11 anos, mas não impactou a Bolsa

O principal índice da B3 subiu 0,75%, ao 99.033,17 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto aumentou 0,92%, aos99.710 pontos. O giro financeiro foi de R$18,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Marcelo Oliveira, CFA e sócio fundador da Quantzed, disse que a Bolsa reverteu as perdas puxada pela alta das bolsas em Nova York. “A força do mercado norte-americano, que vive uma temporada de resultados favoráveis até o momento, ajudou o Ibovespa”.

Oliveira também comentou que os destaques de alta ficam para a Vale e os bancos, e a maioria das commodities caiu motivada por uma desaceleração econômica e lockdowns na China”.

Mais cedo, Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que os setores ligados à economia interna “ajudam a melhorar o Ibovespa e acredita que a Bolsa deve ficar no positivo”.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que o setor de comércio que vem performando bem nos últimos três dias auxilia a Bolsa.

“O mercado está bem baixo nesse setor e agora está diminuindo a queda. Com a liquidez mais reduzida nos últimos dias, vemos esses movimentos expressivos e somado a isso a partir do mês que vem tem o pagamento do Auxílio Brasil”.

Outra ação destacada por Silva é da Vale (VALE3), que vem sofrendo nos últimos dias e se recupera.

Mas o gestor da Galapagos comentou que a queda de mais de 1% na Bolsa esta manhã foi reflexo dos indicadores norte-americanos mais fracos, o que aumenta o medo de recessão nos Estados Unidos, “somado à preocupação do setor imobiliário na China, que vem se intensificando nos últimos dias com medo de calote. Tudo isso contribui com que o mundo fique com medo de recessão e faz com que as commodities ligadas ao crescimento mundial caíssem como o petróleo e commodities metálicas”.

Outro ponto apontado pelo gestor da Galapagos acrescentou que “o mundo crescendo menos e o cenário eleitoral cada vez mais complicado em relação ao fiscal pressiona o mercado”.

O gestor da Galapagos disse que a elevação mais cedo dos juros pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) em 0,5 ponto percentual (pp) foi um pouco mais hawkish (duro), mas em contrapartida teve uma ponta dovish (suave) com um novo programa para a abertura dos spreads dos bonds [títulos] e resultou que “a decisão meio neutra para o mercado e não teve muita repercussão”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,4970. Além do aumento dos juros na Europa, os ruídos políticos domésticos não deixam a moeda brasileira respirar, mesmo em um dia de queda da moeda-americana ante seus pares e algumas emergentes

Segundo fonte ouvida pela CMA, “o episódio do Bolsonaro com os embaixadores foi horrível. À medida que as eleições se aproximam, o ambiente político piora, com um presidente que parece disposto a não aceitar o resultado, e ficou claro que pode fazer qualquer coisa”.

O mercado, continua a fonte, vai ficando na defensiva com este cenário, e não improvável que dólar chegue a R$ 6,00 antes das eleições: “Era um dia para o dólar estar tranquilo, e algumas emergentes estão ganhando força hoje”, observa.

De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “por mais que tenha sido hawkish (duro, propenso ao aumento de juros), o mercado interpretou isso muito bem. Os riscos de desancoragem da inflação estavam muito altos, chegando a níveis preocupantes”.

Komura também acredita que o anúncio da criação do Instrumento de Proteção de Transmissão (TPI, na sigla em inglês), que permitirá ao banco comprar títulos ao ver indícios de uma fragmentação financeira, foi positivo: “Isso mostra que o Banco Central Europeu (BCE) está comprado com a ideia de manter a estabilidade e inflação”, analisa.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, “o câmbio deve se deteriorar com a postura do BCE, que puxou os juros mais do que se esperava. Vai começar uma mudança de fluxo estrangeiro para a Europa”.

Sanchez entende que a postura da instituição foi hawkish, e que a taxa terminal deve atingir ao menos 3%: “Ainda assim, o BCE está bem para trás no combate inflacionário, e agora está correndo atrás do prejuízo”, opina.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta acompanhando decisão surpreendente do Banco Central Europeu.

o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,905% de 13,870% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,995%, de 13,880%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,490%, de 13,335% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,410% de 13,285%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercados de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com a Nasdaq subindo 1,3% – e o setor de tecnologia mais uma vez liderando os ganhos, após bons resultados corporativos, como o da Tesla, e o dólar perdendo força.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,51%, 32.036,90 pontos
Nasdaq 100: +1,36%, 12.059,6 pontos
S&P 500: +0,98%, 3.998,95 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA