Bolsa dos EUA; Serviços no Brasil; Perse e reoneração da folha

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São Paulo, 9 de fevereiro de 2024 – Os índices futuros americanos abriram em instabilidade e as bolsas europeias em alta. A semana termina com o mercado nos Estados Unidos aquecido após a forte alta das ações no pregão de ontem (8), impulsionados pela temporada de resultados corporativos e pela contínua valorização das ações de tecnologia. O índice S&P 500 permaneceu próximo de alcançar a marca histórica de 5 mil pontos. Nos últimos dias, a temporada de resultados corporativos tem sido um dos principais motores por trás da recente trajetória ascendente do mercado.

Ontem, foram divulgados os números de novos pedidos de seguro-desemprego, que caiu em 9 mil, para 218 mil na semana encerrada em 3 de fevereiro, após ter alcançado 224 mil na semana anterior (dado revisado). Os analistas previam 220 mil pedidos. Na última divulgação sobre o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês), que não inclui setor agrícola, o número de novas vagas criadas chegou a 353 mil. A estimativa dos analistas era a criação de 180 mil vagas.

Analistas acreditam que o mercado de trabalho aquecido nos EUA é um dos maiores “entraves” para que o Federal Reserve (Fed,o banco central norte-americano) mude sua atual política monetária de juros, ou seja, que inicie um ciclo de queda. A próxima reunião do Fed acontece no fim de março.

O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, afirmou ontem que é possível que economia dos EUA retorne ao nível pré-pandemia. Ele defendeu, porém, que a aterrissagem suave seja um pouco mais acidentada com pressão inflacionária contínua.

“Contrariamente à maioria das previsões (incluindo a minha), o progresso na inflação ocorreu enquanto a economia se manteve saudável. Com exceção dos setores sensíveis aos juros, deixamos de falar em recessão. O mercado de trabalho pode não estar contratando tanto, mas também não estão demitindo”, comentou Richmond.

Por aqui, hoje saem os números do setor de Serviços referente a dezembro do ano passado. A previsão é um avanço de 0,65% ante novembro. No comparativo com o mesmo período de 2022, é projetada uma queda de 1,90%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro CMA.

Em Brasília, cerca de 300 deputados e senadores assinaram ontem um manifesto pedindo ao governo a manutenção do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). O Perse foi criado durante a pandemia de Covid-19 para socorrer o setor de eventos mas, no final do ano passado, o governo editou uma medida provisória (MP 1202/23) que revoga o programa de forma gradual.

Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a Receita Federal vai investigar suspeitas de fraudes no Perse. Segundo ele, o Fisco produzirá, nos próximos dias, um relatório com detalhes de quanto cada empresa beneficiada pelo programa deixou de pagar em tributos.

A mesma MP que revoga o Perse também prevê a reoneração de 17 setores da economia beneficiados pela desoneração da folha de pagamentos. Nesse caso, eles pagam tributo sobre o faturamento e não sobre a folha, o que beneficia em especial quem tem muita mão de obra.

Nesta semana, 17 frentes parlamentares assinaram um documento pedindo que essa medida seja devolvida ao Executivo pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, ou colocada em votação pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para ser rejeitada.

A temporada de balanço de quarto trimestre continua nesta sexta-feira. Hoje é o dia da Usiminas.

No setor corporativo, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) aprovou ontem o aumento de tarifa de importação de cinco produtos de aço, atendendo parcialmente a pedidos dos produtores nacionais, que alegavam concorrência desleal. As informações são da Agência Brasil. Há dois anos, o governo rebaixou unilateralmente em 10% o Imposto de Importação de uma série de insumos industriais. Segundo a Gecex-Camex, a decisão representa uma recomposição. O órgão continua a analisar pedidos para restaurar a alíquota de outros produtos abrangidos pela redução das tarifas.

O Grupo CCR divulgou ontem o balanço do quarto trimestre de 2023, com lucro líquido ajustado de R$ 393,9 milhões, alta de 184,6% em comparação com o mesmo período de 2022. Em 2023, o lucro líquido ajustado somou R$ 1,415 bilhão, alta de 89,9% em comparação a 2022. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 1,917 bilhão, alta de 20,1% em relação ao último trimestre de 2022. Em 2023, o Ebitda ajustado chegou a R$ 7,770 bilhões, alta de 13,2%, na comparação anual

A Usiminas divulgou hoje o balanço do quarto trimestre de 2023, com lucro líquido de R$ 975 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 839 milhões registrado no mesmo período de 2022  No acumulado do ano passado, o lucro líquido foi de R$ 1,6 bilhão, queda de 22% em comparação a 2022.

A produção no Brasil e no exterior de petróleo, líquido de gás natural (LGN) e gás natural da Petrobras alcançou 2.935 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) no quarto trimestre de 2023, alta de 10,9%, na comparação anual. Na comparação trimestral, a produção subiu 2%, em função, principalmente, do ramp-up das plataformas P-71, no campo de Itapu, FPSO Almirante Barroso, no campo de Búzios e dos FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi, nos campos de Marlim e Voador. Também contribuiu para o resultado do 4T23 a entrada de 4 novos poços de projetos complementares nas Bacias de Campos e Santos. Esses efeitos foram parcialmente compensados pelo declínio natural de campos maduros. No Brasil, a produção foi de 2.901 milhões de boed, crescimento de 11,1% na comparação com o mesmo período de 2023. No exterior, a produção foi de 34 milhões de boed, baixa de 2,9% na mesma base de comparação. O terceiro trimestre da safra 2324 da Raízen confirmou resultados robustos da Companhia, que registrou receita líquida R$ 58,5 bilhões (-3%), EBITDA Ajustado de R$ 3,9 bilhões (+33%) e lucro líquido ajustado de R$ 754 milhões.

A São Martinho registrou lucro líquido de R$ 210,6 milhões no terceiro trimestre do ano-safra 2024/2023 (3T24), 51% menor do que o reportado na mesma etapa de 2023/22, devido, principalmente, ao reconhecimento antecipado do Precatório da Copersucar de 2023, informou a companhia em seu relatório de resultados do período divulgado hoje. Em nove meses de 2024, o lucro líquido da companhia somou R$ 848,9 milhões, 1,7% abaixo na comparação anual.

O Banco do Brasil (BB) aprovou a distribuição de R$ 630.166.902,30 a título de remuneração aos acionistas sob a forma de dividendos e R$ 1.751.180.439,76 sob a forma de Juros sobre Capital Próprio (JCP), ambos relativos ao quarto trimestre de 2023, totalizando aproximadamente R$ 2,3 bilhões em 29 de fevereiro.

O Banco do Brasil teve lucro líquido ajustado recorde de R$ 35,6 bilhões em 2023, que representa um RSPL (retorno sobre patrimônio líquido) de 21,6% e um crescimento de 11,4% em relação a 2022. O valor adicionado à sociedade alcançou R$ 86,1 bilhões em 2023. O índice de capital principal do BB encerrou o ano em 12,12%. No 4T23, o lucro líquido ajustado foi de R$ 9,4 bilhões, aumento de 7,5% na comparação com o trimestre anterior e de 4,8% em relação ao 4T22.