Biden precisou fazer escolha difícil no Afeganistão, diz Sullivan

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Foto: FreeImages.com / Ben Shafer

São Paulo, 17 de agosto de 2021 – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, precisou fazer uma escolha entre poupar a vida de soldados norte-americanos ou sacrificá-los para manter o Talibã afastado do Afeganistão, afirmou o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, em coletiva de imprensa.

“A decisão feita pelo presidente foi muito difícil. De qualquer forma, teríamos um preço humano a pagar. Se soldados tivesse ficado, centenas de homens e mulheres poderiam morrer para proteger o Afeganistão de uma guerra civil”, afirmou ele.

Segundo Sullivan, a retirada de 15 mil soldados do país feita pelo governo do ex-presidente Donald Trump fez com que as forças armadas norte-americanas perdessem terreno no controle do país. “2.500 soldados não seriam nem de longe suficiente para conter o avanço do Talibã. E mesmo que aumentássemos novamente, teríamos que enviar uma grande massa de soldados para fazer isso. O presidente precisou escolher entre poupar essas pessoas ou tomar parte no conflito interno do país”, disse ele.

Além disso, o conselheiro explicou que o acordo feito por Trump com o Talibã para retirada em 1 de maio colocou uma ameaça sobre as tropas dos Estados Unidos. “Precisávamos recolher os soldados rapidamente porque mais tempo lá os colocaria em perigo. Desde maio esse relógio começou a correr”, afirmou.

Sullivan, no entanto, afirmou que tanto o presidente como todos os envolvidos dentro do governo assumem responsabilidade pelas consequências dessa escolha. “Sabemos o que vem com uma decisão difícil delas e aceitamos o fardo. Mas também temos que destacar que não é algo único nosso, mas compartilhado por diversos outros grupos”, afirmou.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de um planejamento mais cuidadoso para a saída das forças do país, Sullivan disse que “todos planos irão ter suas falhas na vida real”. O conselheiro afirmou que cenas de caos são esperadas em situações como essa.

Ele também destacou as escolhas de deixar equipamento para trás para que as forças afegãs se defendessem e a total dissolução do exército do país uma vez que o Talibã entrou no território do país. “Eles não são uma entidade operacional. Não levamos mais ela em consideração nem seu governo”, disse ele.

Quando questionado se o Afeganistão se tornaria um “paraíso” dos terroristas, Sullivan afirmou que não esperava isso acontecer. “Combatemos forças terroristas em diversas outras regiões de formas não militares. E continuaremos a fazer com o Talibã”, disse ele.

Por fim, o conselheiro de segurança garantiu que forças militarem em outras regiões do mundo, como na Coreia do Sul e na Europa não iriam ser retiradas como ocorreu no Afeganistão. “Saímos de lá porque não era nosso papel lutar em uma guerra civil. As nossas outras posições são de proteção de aliados contra forças externas”, concluiu.