Biden diz que há longo caminho e muitas ameaças na evacuação no Afeganistão

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O presidente norte-americano, Joe Biden, caminha ao lado de fora da Casa Branca / Foto: Casa Branca

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ontem que a evacuação de norte-americanos e outras pessoas do Afeganistão será “difícil e dolorosa” de qualquer maneira e alertou que “ainda há muito para ser feito e ainda muita coisa pode dar errado”.

“Deixe-me ser claro, a evacuação de milhares de pessoas de Cabul será difícil e dolorosa, não importando se tivéssemos começado isso há um mês ou se esperássemos para realizá-la em setembro”, disse Biden em anúncio na Casa Branca, se referindo ao transporte de pessoas feito no aeroporto de Cabul, capital afegã.

“Não há como evacuar tantas pessoas sem dor, perda e imagens de partir o coração que você vê na televisão”, continuou ele. “É apenas um fato. Temos um longo caminho a percorrer e muitas coisas ainda podem dar errado.”

Biden também disse que o Talibã tem sido “cooperativo” na expansão da zona de segurança controlada pelos Estados Unidos em torno do aeroporto de Cabul. Segundo ele, apesar disso, os Estados Unidos podem ter que prorrogar o prazo de 31 de agosto para a retirada total de cidadãos norte-americanos e outros aliados do país.

Cerca de 28 mil pessoas foram evacuadas desde que o país caiu nas mãos do Talibã, disse o presidente. “11 mil só nas últimas 36 horas”, disse ele. “Um total de 33 mil pessoas foram evacuadas desde julho, antes da queda do país”.

“O ambiente de segurança está mudando rapidamente”, disse ele. “Sabemos que os terroristas podem tentar explorar a situação e alvejar afegãos inocentes ou tropas norte-americanas.

“Eles estão mantendo vigilância constante e nós também estamos mantendo vigilância constante”, ele disse, “para monitorar e interromper ameaças de qualquer fonte, incluindo a provável a ISIS-K, a afiliada afegã”.

Biden disse que os refugiados evacuados estão sendo transportados para locais de transferência em bases militares dos Estados Unidos e outros locais em países terceiros, onde estão sendo processados e submetidos a verificação de antecedentes.

Assim que forem liberados, serão transportados para os Estados Unidos ou outros países por uma “frota de reserva civil” de aviões oferecidos por grandes companhias aéreas – uma operação que ele comparou ao Berlin Airlift durante a Guerra Fria.

“Acho que a história vai registrar que essa foi a decisão lógica, racional e certa a ser tomada”, disse ele sobre a decisão de desistir.

“Meu trabalho é fazer julgamentos que ninguém mais pode ou fará. Eu os fiz”, ele afirmou. “Estou convencido de que estou absolutamente correto em não decidir enviar mais mulheres e homens para a guerra por uma batalha que na verdade não é mais justificada”.

Biden está sob pressão crescente desde que ordenou que as tropas norte-americanas saíssem do Afeganistão após uma ocupação de 20 anos, desencadeando uma rápida tomada de controle pelo Talibã.

Na manhã de ontem, Biden se reuniu com autoridades de segurança nacional para uma atualização sobre a situação, disse a Casa Branca em um comunicado.

“Eles discutiram a situação da segurança e as operações de contraterrorismo, incluindo o ISIS-K”, disse o anúncio. “A equipe de segurança nacional discutiu os esforços diplomáticos e militares intensos e contínuos para facilitar o trânsito em centros de transferência em países terceiros, afirmando a importância das contribuições que mais de duas dezenas de nações parceiras estão fazendo para este esforço global.”