BCE deve tirar juros de território negativo até setembro, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) deve tirar sua taxa de depósito do território negativo atual até o final de setembro e poderá aumentá-la ainda mais se prever que a inflação vai se estabilizar próxima à meta de 2%, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, nesta segunda-feira (23).

Com base na perspectiva atual, provavelmente estaremos em posição de sair das taxas de juros negativas até o final do terceiro trimestre, disse Lagarde em um post no blog do BCE.

A taxa de depósito do BCE está atualmente em -0,5%, o que significa que os bancos são cobrados para deixar dinheiro na instituição. O BCE manteve esta taxa negativa desde junho de 2014, uma vez que o banco central lutou por anos contra uma inflação baixa demais.

Entretanto, com o aumento expressivo dos preços nos últimos anos – a inflação na zona do euro atualmente encontra-se em 7,4%, muito acima da meta do BCE de 2% – a instituição está sendo obrigada a agir com mais determinação.

“Se virmos que a inflação estabiliza nos 2% no médio prazo, uma normalização progressiva das taxas de juros em direção à taxa neutra será apropriada”, disse Lagarde, admitindo que as taxas poderão subir mais “se a economia da zona euro sobreaquecer”.

A economista francesa disse esperar que as compras de ativos através do programa APP terminem muito no início do terceiro trimestre, o que permitirá ao BCE começar a aumentar as taxas já a partir da próxima reunião, agendada para julho. Analistas preveem duas subidas de 25 pontos-base nas reuniões de política monetária de julho e setembro.

Há cada vez mais vozes dentro do BCE apostando em uma subida de 50 pontos-base, mas Lagarde reiterou a estratégia de uma normalização gradual. “Isto significa que é sensível a movimentações passo a passo, observando os efeitos na economia e nas perspectivas de evolução da inflação, enquanto as taxas vão subindo”, explicou, alertando para os choques de oferta que a economia enfrenta, como as restrições relacionadas à covid-19 na China e os impactos da guerra na Ucrânia.

A presidente do BCE disse que a instituição poderá avaliar “o desenho e introdução de novos instrumentos” para assegurar que a política monetária seja transmitida de forma apropriada à zona do euro.