Barkin, do Fed, diz ser possível evitar recessão quando se atingir taxa neutra

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Richmond, Thomas Barkin, disse que o banco pode começar a avaliar quanto mais precisará ser feito para trazer a inflação à meta de 2% após elevar a taxa básica de juros para um nível neutro.

“Assim que estivermos na faixa de taxa neutra, podemos determinar se a inflação permanece ou não em um nível que nos obriga a desacelerar a economia”, disse Barkin num texto preparado para um discurso na Câmara do Comércio do Nordeste de Maryland.

O membro do Fed disse que a taxa básica de juros em 0,83% ainda está longe do nível que considera perigoso para uma recessão. Segundo ele, a taxa neutra está na faixa entre 2% e 3%.

“Antes da crise de 1929, a economia lidava com taxas ainda mais altas do que isso. Uma vez que entremos no intervalo da taxa neutra, podemos então determinar se a inflação permanece em um nível que exija que coloquemos um freio na economia”, afirmou.

Barkin também ressaltou que o Fed primeiramente considerou as pressões inflacionárias como “temporárias”, em meio à retomada das cadeias globais de produção conforme a pandemia ia sendo controlada. Com outros ventos contrários vindo à tona, ele diz que a inflação continua em alta.

“Vimos choques nos preços das commodities devido ao conflito na Ucrânia e novos lockdowns na China. Estes fizeram da inflação a manchete do dia – desde de 1º de maio, e o Wall Street Journal teve uma reportagem sobre inflação em sua primeira página 25 vezes este ano”, explicou o membro do Fed.

O Fed elevou sua taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual (pp) e tornou-se mais agressivo nos últimos meses em sua tentativa de trazer a inflação, a maior em 40 anos, mais perto da sua meta de 2%.

“Faremos o que for preciso”, disse Barkin, pontuando em seu discurso os recentes comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, de que aumentos de 0,5% estão sobre a mesa para as próximas duas reuniões do Fed, em junho e julho.