Setor bancário deve perder R$ 9 bi ao ano por redução do teto de juros para consignados, diz Itaú BBA

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Imagem: Shutterstock

São Paulo – O Itaú BBA considerou negativa a notícia de que os reguladores brasileiros reduziram o teto da taxa de juros dos empréstimos consignados públicos do INSS (principalmente pensionistas) de 2,14% para 1,70% ao mês.

Isso porque, segundo os cálculos dos analistas, o setor perderá R$ 9 bilhões por ano em receita líquida com juros (NII), se os spreads caírem quase pela metade, uma vez que o crédito consignado do INSS representa uma fatia relevante de R$ 230 bilhões do bolo de crédito no Brasil (em janeiro de 2023), 7% de todo o crédito a indivíduos.

A medida inicialmente proposta pelo atual governo federal entrou em vigor na noite desta segunda-feira, 13 de março de 2023.

“Em nossa cobertura, o crédito consignado do INSS tem destaque especial para o Banco Pan (30% do total de crédito) e Bradesco (6% do total de crédito). O impacto no resultado do Banco Pan pode ser ainda mais significativo, uma vez que os lucros da cessão desses créditos serão acumulados.” Segundo o BBA, isso também é uma má notícia para sua controladora, o BTG, que planejava comprar e carregar esses créditos com spread.

O Inter tem uma exposição total de 4% de sua carteira de crédito total, mas suas taxas já estão próximas do novo teto, portanto não terá impacto direto nos lucros. O peso da folha de pagamento do INSS para o Banco do Brasil é menor, em 2% do total de empréstimos, contando mais com funcionários públicos ativos para a folha de pagamento, segundo informações do banco.

O Nubank ainda não possui crédito consignado, mas o vê como uma importante fonte de lucro para os próximos anos.

‘No geral, a notícia não será bem recebida pelos investidores bancários. Além do impacto direto sobre os ganhos, é um lembrete hostil do risco de incertezas relacionadas a políticas em tempos de transição. Os spreads nesse produto de folha de pagamento já estavam no nível mais baixo de uma década’, diz o Itaú BBA.

“Continuamos cautelosos com os grandes bancos, e o Banco do Brasil mais uma vez se destaca como relativamente menos afetado devido à sua carteira de crédito mais diversificada e estrutura resiliente de NII.” concluiu.