Bancos centrais devem apertar política monetária mesmo em recessão, diz Schnabel do BCE

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Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – Bancos centrais de todo o mundo correm o risco de perder a confiança do público e agora devem agir energicamente para combater a inflação, mesmo que isso leve suas economias para uma recessão, disse Isabel Schnabel, membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), neste sábado (27).

“Mesmo que entremos em recessão, temos pouca escolha a não ser continuar o caminho da normalização”, defendeu Schnabel no simpósio anual do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). “Se houvesse uma desancoragem das expectativas de inflação, o efeito sobre a economia seria ainda pior”, completou.

Schnabel também alertou os bancos centrais contra pausas ao primeiro sinal de uma possível virada nas pressões inflacionárias. Segundo ela, em vez disso, os formuladores de políticas deveriam sinalizar sua “forte determinação” de trazer a inflação de volta à meta rapidamente.

“Se o público espera que os bancos centrais baixem a guarda diante dos riscos ao crescimento econômico – isto é, se eles abandonarem sua luta contra a inflação prematuramente – corremos o risco de ver uma correção muito mais acentuada no futuro”, disse.

A dirigente disse que está aumentando o risco de que as expectativas de inflação de longo prazo ultrapassem a meta do BCE, e as pesquisas agora sugerem que a inflação está prejudicando a confiança do público nos bancos centrais.

“Se um banco central subestima a persistência da inflação – como a maioria de nós tem feito nos últimos um ano e meio – e se demora a adaptar suas políticas, os custos podem ser substanciais”, afirmou.

Schnabel também defendeu que “tanto a probabilidade como o custo da atual elevada inflação vir a tornar-se entrincheirada em expectativas são desconfortavelmente elevados”. “Neste contexto, os bancos centrais precisam de agir energicamente”, assinalou.