B3 espera segundo semestre positivo para renda variável

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São Paulo – A B3 mostrou uma expectativa positiva para o mercado de capitais no segundo semestre, devido à forte liquidez global, expectativa de avanço da vacinação e demanda por investimentos em renda variável e crescimento de ofertas de ações na Bolsa, mas que pode sofrer impacto por conta da inflação.

“Temos uma expectativa positiva para o mercado de renda variável no segundo semestre, esperamos uma normalização por conta da inflação, e aumento da volatilidade por conta da proximidades das eleições”, disse Gilson Finkelsztain, presidente da B3, em evento do Lide sobre mercado de capitais.

“Quanto mais segurança jurídica e fiscal, mais o dinheiro vêm, e isso vale para a reforma tributária que está em discussão”, completou.

O executivo ressaltou o bom momento do mercado de capitais, mas avalia que é preciso ter estabilidade econômica, avanço da vacinação para captar a liquidez e o retorno do interesse do investidor estrangeiro.

“O investidor estrangeiro gosta de previsibilidade e crescimento do PIB. Os preços mais baixos atraem, mas a perspectiva de crescimento é mais importante”, ressaltou.

A queda das taxas de juros atraiu muitos investidores à Bolsa e aumentou o giro financeiro médio diário para 30% a 35% esse ano, resultando em um novo patamar para esse mercado, segundo o executivo que disse que, em termos de comparação, o giro médio chegou a 15%, 20% em 2019 e em 2020, foi de 30%.

Em relação ao aumento da Selic, o presidente da B3 disse que se chegar a mais de dois dígitos, é preocupante, mas se chegar a 6,5% a 7%, como o mercado está prevendo, não irá comprometer o processo de alocação de investimento. “Se o juro de renda fixa tiver um retorno de renda variável, vamos ter um retrocesso no tempo”, opinou.

Além dos desafios apontados, o executivo disse que o mercado brasileiro ainda pode se diversificar mais e ter mais empresas listadas.

“O setor de construção civil, que é muito dependente de funding, poderia ter mais empresas listadas”, avalia.

O executivo disse que ainda são esperados muitos ipos esse ano, mas ele ressaltou que a operação no Brasil ainda é mais cara que em outros países.

“O custo médio do IPO no Brasil é de US$ 400 milhões, enquanto no mundo é de US$ 75 milhões”, completou. “Mas o custo de manter uma empresa aberta não é relevante.”

O executivo disse que o tíquete médio de investimento é de R$ 500 e que a bolsa tem atualmente 3,5 milhões de investidores em renda variável.

“Quanto mais escala, quanto mais o investidor negocia, maior os descontos oferecidos, que podem chegar a 80%. Dois terços dos investidores não pagam tarifas para custodiar as ações, a partir de um determinado valor”, acrescentou.

TECNOLOGIA

O presidente da B3 destacou que a empresa investe ‘muito’ em tecnologia, principalmente em Inteligência Artificial e digitalização, mas que considera inovação a habilidade da empresa de escutar o cliente e entender seus problemas.

“Temos a preocupação de investir em tecnologia, mas, principalmente em olhar, por exemplo, o que o ‘Blockchain’ pode agregar para o cliente. Há uma tendência em ‘tokenização’ de ativos, principalmente aqueles que há uma dificuldade em negociar de forma física”, comentou.

Em relação à pandemia, a B3 irá adotar um modelo híbrido e atualmente tem 75% dos 4,2 mil funcionários trabalhando de forma remota e que aproveitou para reformar seus escritórios durante a pandemia.

BANCOS ESTATAIS

O presidente da B3 avaliou positivamente a saída dos bancos públicos das participações em empresas.

“Não faz sentido que bancos como o BNDES e Caixa tenham participação em empresas. O Brasil deveria fomentar mais leilões de saneamento, usar o BNDES, que tem uma equipe maravilhosa, para ajudar o país nessa frente”, finalizou.

“O espírito do BNDESPar não era ter participação em empresas. O antigo presidente, que era professor de universidade pública, discordava. Eu achava que era melhor pagar imposto de renda do que dividendos”, acrescentou o empresário Luiz Fernando Furlan, que também participou do evento.