Ata mostra que membros do Fed se preparam para redução de compra de ativos

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São Paulo – Os membros Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) começaram se preparar para a redução gradual da compra de ativos, realizada mensalmente pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no valor de US$ 120 bilhões, de acordo com a ata da reunião de 15 e 16 de junho. O documento mostrou que vários participantes preferem começar o chamado tapering pelos títulos lastreados em hipotecas, enquanto outros preferem uma diminuição equivalente.

“Vários participantes ofereceram seus pontos de vista sobre as compras de MBS do Comitê. Vários participantes viram benefícios em reduzir o ritmo dessas compras mais rapidamente ou antes das compras de Treasuries, à luz das pressões de valorização nos mercados imobiliários”, diz a ata.

“Vários outros participantes, no entanto, comentaram que reduzir o ritmo das compras de Treasuries e MBS era preferível porque esta abordagem estaria bem alinhada com as comunicações anteriores do Comitê ou porque as compras de títulos do Tesouro e MBS fornecem acomodação por meio de sua influência nas condições financeiras mais amplas”, acrescenta.

O documento mostra ainda que, nas próximas reuniões, os membros do Fomc concordaram em continuar avaliando a evolução da economia em relação às metas de pleno emprego e estabilidade de preços e em começar a discutir seus planos para ajustar a trajetória e a composição das compras de ativos. “Além disso, os participantes reiteraram a intenção de avisar com bastante antecedência de um anúncio para reduzir o ritmo de compras”, diz.

O Fomc adotou uma abordagem de alcance do progresso substancial para iniciar as discussões para a retirada da política de dinheiro fácil – que inclui a taxa de juros perto de zero – oferecida pelo Fed desde março do ano passado, quando a economia norte-americana foi duramente atingida pela pandemia de covid-19 e precisou ser fechada para conter a disseminação do novo coronavírus.

“O padrão do comitê de progresso adicional substancial foi, no geral, considerado como não tendo sido alcançado, embora os membros esperassem que o progresso continuasse. Vários membros mencionaram que esperavam que as condições para começar a reduzir o ritmo de compra de ativos fossem atendidas um pouco mais cedo do que haviam previsto nas reuniões anteriores à luz dos dados recebidos”, diz a ata.

O documento mostra ainda que alguns membros viram os dados recebidos como um sinal menos claro sobre o momento econômico e julgaram que o comitê teria informações nos próximos meses para avaliar melhor a trajetória do mercado de trabalho e da inflação. Como resultado, vários desses membros enfatizaram que comitê deveria ser paciente ao avaliar o progresso em direção a suas metas e ao anunciar mudanças nas compras de ativos.

“Os participantes geralmente julgaram que, por uma questão de planejamento prudente, era importante estar bem posicionado para reduzir o ritmo de compras de ativos, se apropriado, em resposta a desenvolvimentos econômicos inesperados, incluindo um progresso mais rápido do que o previsto em direção às metas do comitê ou surgimento de riscos que possam impedir o cumprimento dos objetivos do comitê”, diz a ata.

Neste contexto, os membros do Fomc avaliaram que a postura atual da política monetária e orientação futura continuam apropriadas para promover o pleno emprego, bem como para atingir uma inflação média de 2% ao longo do tempo assim como para manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas em 2%.

TAXA DE JUROS

Os membros do comitê também reiteraram que a orientação existente baseada em resultados implicava que as trajetórias da taxa de juros e do balanço de ativos dependeriam do progresso real em direção ao cumprimento das metas de emprego máximo e inflação do Comitê.

“À luz dos dados recebidos e das implicações para as perspectivas econômicas, alguns membros mencionaram que esperavam que as condições econômicas estabelecidas na orientação futura do comitê para a taxa de juros fossem atendidas um pouco antes do que haviam projetado em março”, diz a ata.

Na reunião de junho, a projeção dos membros do Fed traduzida pelo gráfico de pontos mostrou que deve haver dois aumentos dos juros em 2023, bem antes do previsto nas estimativas de março, quando o chamado dot plot indicava que a taxa básica ficaria perto de zero até pelo menos 2024.

“Vários participantes enfatizaram, no entanto, que a incerteza em torno das perspectivas econômicas era elevada e que ainda era muito cedo para tirar conclusões firmes sobre a trajetória do mercado de trabalho e da inflação”, diz a ata.