Ações de Vale e Usiminas estão entre as piores quedas do Ibovespa após balanços fracos

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São Paulo – A ação da Usiminas cai após a divulgação dos resultados do julho a setembro deste ano. Às 16h29 (horário de Brasília), o papel USIM5 recuava 4,43%, a R$ 7,34, acompanhada por outras companhias de commodities metálicas (CSN, -5,97%, Vale, -5,09%, Gerdau, 3,64%, Gerdau Metalúrgica, -3,48% e CSN Mineração, -3,00%) nas piores quedas do Ibovespa (-0,41%).

A XP avaliou os números como “fracos”, ligeiramente melhores do que as suas estimativas e do consenso de mercado, mas com desempenho mais lento em relação ao trimestre anterior, escreveram os analistas Andre Vidal e Helena Kelm.

A corretora destaca que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 836 milhões caiu 57% em base trimestral e 71% am base anual, com margem de 10%, com menores volumes de vendas nos segmentos de aço e minério de ferro, maior CPV/t caixa de aço devido aos maiores custos com placas adquiridas e maior custo de coque adquirido por terceiros.

“Os custos, capital de giro e, em última análise, geração de caixa ainda serão pressionados nos próximos meses, e acreditamos que os investidores aguardarão uma melhor visibilidade de quando esse processo terminar para ganhar confiança para aumentar a exposição a ação”, comentaram os analistas da XP, que manteve o preço-alvo de R$15,5 com recomendação neutra para USIM5.

O BTG Pactual também manteve a classificação neutra com preço-alvo de R$ 10,00 para o papel pois considera que “a visibilidade operacional está mais baixa do que nunca”, reforçando a impressão manifestada há alguns meses, quando rebaixou a ação.

O BTG considera que a visibilidade dos ganhos da companhia permanece fraca e espera uma piora da rentabilidade à frente. “Acreditamos que a chamada ainda está intacta e esperamos que as margens EBITDA do aço permaneçam abaixo de 10% no futuro previsível. Também temos uma série de perguntas sobre o caminho de longo prazo da alocação de capital e preferimos esperar à margem até que haja mais clareza sobre todos esses tópicos”, comentaram os analistas, que veem as ações negociando abaixo de 3x EBITDA 23, o que é barato, mas com menos valor que concorrentes.

O Itaú BBA disse que o resultado tem impacto neutro para a sua avaliação de compra com preço-alvo R$ 15,00, considerando que o EBITDA ajustado de R$ 836 milhões no 3T22 veio acima da sua estimativa de R$ 670 milhões, mas com queda de 57% no trimestre devido a tendências mais fracas em geral. O resultado acima do esperado deve-se a melhores resultados na divisão de processamento de aço.

Os resultados da divisão de aço foram prejudicados por custos mais altos e quedas sequenciais nos volumes e preços domésticos de aço (queda de 1% no trimestre e 3% no trimestre, respectivamente).

Na divisão de mineração, os embarques de minério de ferro ligeiramente menores e a menor realização de preços de minério de ferro afetaram os resultados. A Usiminas também forneceu guidance para os volumes de aço no 4T22, que devem ficar entre 850-950 mil toneladas (queda de 14% no trimestre), disse o BBA.

Antes da teleconferência para analistas e investidores, realizada hoje às 11h, a Guide Investimentos também mostrou uma expectativa de impacto negativo para o papel. “Esperamos que o mercado reaja de forma mais cética ao resultado e busque investigar mais as tendências para essas unidades de negócio mais onerosas”, comentou o analista Gabriel Gracia.

A Guide destacou que companhia foi bastante afetada por um aumento de custos nas unidades de siderurgia e transformação de aço.

O faturamento líquido da companhia somou R$ 8,4 bilhões no 3T22, um recuo de 7% contra o mesmo período do ano anterior. Os volumes da companhia também apresentaram uma ligeira queda no mesmo critério de comparação, tanto nas vendas de aço (-13% A/A) quanto na venda de minério (-3%).

O grande destaque negativo do resultado ficou pela compressão de margem bruta (queda de quase 23 p.p., fechando o trimestre em 11,9%) oriunda de um aumento expressivo dos custos (+26% A/A), impactado pelas unidades de siderurgia e transformação de aço.

A empresa fechou o trimestre com um lucro líquido de R$ 608 milhões, com uma margem de 7,2%.

PREÇO DO MINÉRIO DE FERRO REDUZ RENTABILIDADE DA VALE

A Vale divulgou ontem o balanço do terceiro trimestre, com lucro líquido de US$ 4,46 bilhões, queda de 18,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. A receita líquida encolheu 19,5%, para US$ 9,93 bilhões, em base de comparação anual.

Para a XP Investimentos, a companhia reportou resultados financeiros piores do que o esperado, com um ebitda Ajustado Proforma de US$ 4 bilhões, abaixo de suas estimativas e abaixo do consenso em 14% e 12%, respectivamente. Todas as análises foram divulgadas antes da teleconferência de resultados, realizada na manhã de hoje.

“O FCF das operações ficou em US$ 2,2 bilhões (yield anualizado de 14%, mas excluindo WK seria de 9%). Os resultados foram piores do que o esperado devido aos menores preços de minério de ferro e níquel, aliados a maiores custos (bunker e combustível). A empresa também revisou o conceito de Dívida Líquida Expandida (reduzindo-a), mantendo a meta inalterada na faixa de US$ 10-20 bilhões (assim, efetivamente aumentando a meta). Esperamos uma reação negativa do mercado, mas negociando a 3,6 EV/Ebitda 2023, e mantemos nossa recomendação de compra”, explicou a corretora.

A Guide Investimentos acredita em uma negativa das ações da Vale, com os preços do minério no mercado internacional em queda, assim como os preços praticados pela Vale. “O negócio de metais básicos parece promissor, mas ainda é pequeno e o aumento da produção foi acompanhado por um aumento anormal nos custos, impactando negativamente as margens da empresa”, detalhou a Guide.

Para a Genial Investimentos, o destaque negativo, já previsto, foi a queda no preço realizado de minério de ferro pela companhia. Controle de custos abaixo das estimativas não auxiliaram a Vale no trimestre, que reportou um ebitda pior do mercado esperava.

“A resiliência na produção e diferencial competitivo ainda fazem a mineradora parecer descontada frente aos pares. Mantemos nossa recomendação de compra, com preço-alvo de R$90, apresentando um upside de +26,92%”, apontou a Genial.

O BTG Pactual disse que espera que a economia da China se recupere gradualmente em 2023, à medida que o governo relaxa as restrições à covid-19. Além disse, espera que a gestão da Vale continue disciplinada em sua estratégia de alocação de capital e que a maior parte da agenda dependa dos retornos em dinheiro dos acionistas (previsão de um rendimento de 10% a 11% para 2023, incluindo recompras.

“A Vale mantém sua meta de dívida líquida expandida na faixa de US$ 10-20 bilhões, o que implica que há muita flexibilidade para gerenciar o caixa. Reiteramos nossa recomendação de compra, com o estoque negociando a 4,7x EV/EBITDA 2023”, explicou o BTG.

Para a Ativa Investimentos, diferentemente de seu relatório de vendas e produção, que veio em linha, o resultado operacional de Vale decepcionou. Diante de menores preços realizados de minério de ferro, as receitas ficaram mais uma vez bem abaixo do esperado.

Em metais básicos, apesar da melhora na produção em cobre, a queda nos preços de níquel resultou em menor resultado da divisão. Por outro lado, os menores preços realizados em finos de minério resultaram em variação positiva do capital de giro, bem como o menor imposto de renda pago em comparação ao segundo trimestre de 2022

“Com um forte resultado financeiro em função de variação cambial positiva, seu lucro líquido trimestral superou nossas expectativas. Ainda assim, temos uma impressão negativa dos resultados operacionais de Vale e esperamos uma reação ruim do mercado perante os números apresentados”, concluiu a Ativa.

O Bank of America (BofA) destacou que a Vale revisou seu conceito de dívida líquida expandida para excluir alguns compromissos operacionais e regulatórios (agora em US$ 13,3 bilhões de US$ 12,5 bilhões no segundo trimestre de 2022), mas manteve sua meta de alavancagem de US$ 10-20 bilhões, o que eles acreditam que os mantêm mais alinhados com as práticas de mercado.

“No geral, acreditamos que isso poderia ter como objetivo fornecer maior flexibilidade para executar o atual programa de recompra e potencialmente absorver provisões adicionais relacionadas a Mariana. As provisões relacionadas a Brumadinho e descaracterização diminuíram de US$ 7,2 bilhões para US$ 6,7 bilhões, principalmente devido a desembolsos no período e variações cambiais, embora tenha havido um acréscimo de US$ 176 milhões em provisões no trimestre. Mantemos nossa classificação neutra, pois vemos os preços do minério de ferro permanecendo pressionados à frente, mas ainda vemos retornos de caixa atraentes”, comentou o BofA, que apontou preço-alvo de US$ 16.

Com Emerson Lopes / Agência CMA.