Ações da Vale disparam com possíveis ganhos da separação de metais básicos

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São Paulo – As ações da Vale estão entre as maiores elevações do Ibovespa nesta sexta-feira, com o mercado ainda digerindo os dados apresentados ontem pela mineradora em evento com analistas e investidores nesta semana em Sudbury, Canadá, onde fica sua unidade de metais básicos. Às 15h19 (horário de Brasília), o papel subia 7,33%, cotado a R$ 69,24.

O Bank of America (BofA) destacaram que as novas metas para a unidade de metais básicos apresentadas pela mineradora representam um passo importante para a estabilização das operações de níquel e cobre, passo que a empresa considera importante antes de iniciar as negociações para viabilizar os planos de separá-la de seus negócios. A empresa disse que a atual joint venture entre Vale e Glencore no ativo de níquel Victor pode fornecer uma plataforma para construir uma potencial nova parceria, especialmente no Canadá e na Indonésia.

“Estimamos que a Vale poderia desbloquear cerca de US$ 5-13 bilhões em valor de seus negócios de metais básicos, usando um múltiplo EV/EBITDA na faixa de 5,5-7 vezes para 2022, com base em múltiplos comparáveis de pares globais de metais básicos”, disseram os analistas do BofA, em relatório divulgado nesta sexta-feira.

No evento, a Vale também ressaltou que a produção de níquel e cobre aumentou em julho e agosto e que a unidade vai ganhar importância devido à demanda por metais para veículos elétricos e energias renováveis.

O BofA manteve a recomendação neutra com preço-alvo em US$ 16 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) por sua visão cautelosa para o minério de ferro, compensada pelo compromisso da Vale com o retorno aos acionistas.

A Vale também é mencionada como principal escolha da XP em mineração, em relatório sobre as principais ações para investir até o fim de 2022, em que cita que o setor vive um momento de incerteza, com uma desorganização da cadeia mundial de metais,atual conflito entre dois países fornecedores importantes (Rússia e Ucrânia), preços elevados de combustíveis e energia e dúvidas quanto às expectativas da demanda de produto final, devido à inflação e piora dos dados econômicos na China.

O Itaú BBA também reiterou o neutro para as ADRs da Vale, com preço-alvo de US$ 15, destacando que as novas projeções de produção de metais básicos da Vale são maiores do que as estimativas do Itaú BBA, e que a Vale estima que a demanda por níquel aumentará 50% e a de cobre 23% até 2030.

Eles também esperam que transição energética impulsione a demanda por metais básicos, abrindo caminho para uma forte dinâmica de mercado e que a empresa mostrou que um pipeline de projetos robusto está a caminho.

Por fim, a Vale reafirmou sua estratégia de “valor sobre volume” e sua disciplina de capital. A companhia divulgou previsão de alta de US$ 1,4 bilhão de custos em 2022 devido à inflação, que deve ser compensado em 2023 pela diversificação de fornecedores e otimização da manutenção, dizem os analistas.