Ação da Vale registra forte queda com projeções sobre demanda e dividendos

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São Paulo – A ação da Vale está entre as maiores quedas do Ibovespa em dia de desaceleração do índice. Analistas seguem repercutindo os números do segundo trimestre divulgados anteontem e projeções que indicam uma queda de demanda do minério de ferro na China no segundo semestre e uma possível distribuição extraordinária de dividendos. Às 15h46 (horário de Brasília), o papel VALE3 apresentava queda de 4,58%, a R$ 110,27.

A Ativa alterou a recomendação da ação de compra para neutro e aumentou o preço-alvo VALE3 de R$ 120,00 para R$ 120,40, considerando que haverá uma redução de demanda do minério de ferro na China no segundo semestre e uma queda de preços abaixo dos níveis atuais nos próximos períodos, porém, ainda em patamares muito confortáveis para a companhia, favorecendo a geração de caixa e distribuição de proventos.

“Apesar de verificarmos uma maior demanda por minério de ferro de países que experimentam recuperação econômica, acreditamos que a demanda da China, maior consumidor de minério de ferro, deve ser menor na segunda metade do ano quando comparado ao primeiro semestre de 2021 dado as possíveis limitações na produção de aço devido às restrições ambientais e a desaceleração das atividades do setor de construção no país asiático. Acreditamos que os atuais níveis de preço já compreendem tal potencial”, explicou a corretora.

A Genial Investimentos colocou o ativo em revisão, repercutindo notícia do jornal “Valor Econômico” de que a Vale está discutindo a possibilidade de distribuição extraordinária de dividendos motivada pela proximidade de tributação em 2022. A decisão da empresa em relação a esse tópico deve ser deliberada em setembro.

A corretora destaca que, só considerando as reservas de lucros, a remuneração total ao acionista deveria alcançar US$ 12,4 bilhões, e que a empresa não tem dívida, e considera que a ideia de realavancar o negócio via pagamento de dividendos não deve ser descartada.

“Nos termos atuais, considerando a atual reserva de lucros da empresa e a potencial alavancagem, o rendimento em dividendos esperado deve ficar acima dos 10%. Muito interessante”, disse a Genial, em nota.

Em teleconferência de resultados realizada ontem, o presidente da Vale disse que mantém a previsão de continuar mais agressiva na distribuição de dividendos aos acionistas, mas descartou mudanças na sua política de remuneração mesmo com a possível aprovação da proposta de reforma tributária do governo. A atual proposta da reforma prevê a tributação de dividendos e a extinção de juros sobre capital próprio (JCP).

Em seu balanço do segundo trimestre, a Vale informou que distribuirá um mínimo de US$ 5,3 bilhões em setembro com base no resultado do primeiro semestre do ano e seguindo a política de remuneração aos acionistas. O valor final será discutido e aprovado pelo conselho de administração.

Em junho, a companhia distribuiu aproximadamente US$2,2 bilhões em dividendos e que o programa de recompra de ações anunciado em abril estava cerca de 45% completo, com um total desembolsado de US$ 2,6 bilhões para cerca de 122 milhões de ações até a apresentação de resultados do segundo trimestre, em 28 de julho.

“Considerando a distribuição de US$ 3,9 bilhões em março, a Vale retornou um total de US$ 8,1 bilhões aos acionistas no primeiro semestre de 2021”, informou a mineradora.