São Paulo- A Bolsa fechou em baixa em dia de forte aversão ao risco com a China ditando o ritmo dos negócios por causa da preocupação com os novos casos de covid-19 e a pressão recaiu sobre as commodities ligadas ao minério de ferro. Os bancos também caíram em bloco.
Somado a isso, a inflação e o temor de uma recessão ainda deixam os investidores temerosos. O pregão foi de liquidez reduzida em um dia em que o comprador determinou o preço e o ritmo dos negócios.
O principal índice da B3 caiu 2,07%, aos 98.212,46 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 2,06%. O giro financeiro foi de R$ 16,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimetnos disse que o dia é de aversão ao risco acompanhando o mercado no exterior e “segue no holofote dos investidores a inflação e diminuição no ritmo do crescimento; os casos de covid na China fizeram pressão nas mineradoras e siderúrgicas “.
O petróleo teve leve recuperação e ajudou a segurar a Petrobras (PetR3 e PETR4).
As aéreas sofreram bastante na sessão de hoje, principalmente com a Gol “soltando uma guidance que vê um prejuízo por ação no próximo trimestre, atrelado a isso a inflação alta e ainda o petróleo”. Asa ações da Gol (GOLL4) caíram 11,79%.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, comentou que o aumento dos casos de Covid-19 na China “pressionaram o minério e com isso Vale [com forte peso no índice] e mineradoras foram afetadas”.
Os bancos, que também estão entre as blue chips, “são derrubados pelo risco fiscal com a PEC dos Kamicaze ou dos benefícios]”, completou. A liquidez está reduzida.
Nícolas Merola, analista de investimentos da Inv., disse que a pressão no Ibovespa vem da China. “Os indícios de política zero contra a covid e possivelmente novos lockdowns e o temor da desaceleração da economia [local] fazem preço hoje”.
Na semana passada o mercado começou a descartar o lockdown no país asiático com o anúncio do pacote de infraestrutura de US$220 bilhões para incentivar a economia, mas “tudo foi muito breve”. Ele comentou que as commodities caíam e a Vale ainda mais devido aos apontamentos feitos pela Cemig.
Merola reforçou que os investidores estão em “uma situação delicada se é hora ou não de tomar risco”.
De acordo com um analista de investimentos de uma grande corretora, que não quis se identificar, disse que o mau humor no mercado é atribuído “aos novos casos de covid na China, em que as commodities caem, preocupação com o fechamento do gasoduto Nord Stream 1 pela Rússia para a manutenção e o impacto na Europa, que depende do gás russo e a inflação nos Estados Unidos”.
O analista disse que acredita que a inflação nos Estados Unidos ainda deve vir alta e “já está dado o aumento nos juros de 0,75 ponto porcentual (pp) para a próxima reunião”.
O dólar comercial fechou em alta de 1,97%, cotado a R$ 5,3720. O driver da sessão foram os novos casos de Covid na China, o que deve afetar a recuperação econômica do país asiático, além de aumentar o receio de uma recessão mundial.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “a aversão ao risco afeta principalmente os ativos de emergentes ligados às commodities. Isso vem da preocupação com o crescimento econômico e o risco de uma recessão global”.
Rostagno, no entanto, também acredita que em segundo plano os riscos fiscais e a polarização das eleições presidenciais também afetam a moeda brasileira: “A morte do tesoureiro do PT (Marcelo Arruda) preocupa os investidores com uma eventual escalada da violência”, explica.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o dólar também ganha força contra seus pares, com o medo de uma recessão global cada vez maior”.
Komura é cético quanto ao gigante asiático: “Acho que não vamos mais ter o empurrão da China na recuperação econômica. Além da Covid, a questão regulatória na China também é um problema, com a falta de transparência neste processo”, avalia.
O movimento de recuperação do real, observado entre quarta e sexta, é tido por Komura como “apenas um respiro, já que os fundamentos técnicos continuam os mesmos”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta segunda-feira (11) com uma crescente preocupação inflacionária no radar.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,880% de 13,780% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,900%, de 13,630%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,220%, de 12,960% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,080% de 12,845%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, com a Nasdaq caindo 2,2% – puxada por perdas acentuadas em ações de empresas de tecnologia. Wall Street se prepara para o início da temporada de balanços e novos dados de inflação na próxima quarta-feira.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,52%, 31.173,84 pontos
Nasdaq Composto: -2,26%, 11.372,6 pontos
S&P 500: -1,15%, 3.854,43 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA