Analistas atualizam projeções de ganhos dos bancos após balanços e regulamentação

440
Imagem: Shutterstock

São Paulo – O Bank of America (BofA) manteve sua visão positiva para os quatro maiores bancos do país e revisou suas estimativas para os papéis para ajustas às novas projeções. Com isso, reiterou a recomendação de compra das ações Itaú, Bradesco e Banco do Brasil e neutro para Santander.

Em relatório, os analistas revisaram para cima os preços-alvo de Itaú Unibanco (para R$ 36, de R$ 34), Banco do Brasil (para R$44, de R$43), devido à expectativa de maiores ganhos e em níveis pré-pandemia, enquanto as ações ainda estão avaliadas abaixo dos níveis pré-covid, e para baixo para Bradesco (para R$30, de R$31), por previsão de queda.

Os analistas estimam que o Itaú Unibanco tenha um lucro de R$26,5 bilhões, 10% acima da previsão anterior e acima do consenso da Bloomberg de R$ 25,6 bilhões, enquanto a revisão do Bradesco resulte em lucro de R$24,9 bilhões, 6% abaixo do que o esperado antes pelo banco e pelo consenso (R$ 26,3 bilhões). Por fim, o Banco do Brasil aumentou o ponto médio de seu guidance de lucro líquido em 6%, para R$ 18,5 bilhões, em linha com o consenso de R$ 18,3 bilhões.

A análise também elevou a projeção de lucro para o Santander em 2%, mas manteve a recomendação neutra e o preço-alvo em R$46.

Às 14h01 (horário de Brasília), a ação do Banco do Brasil (BBAS3) subia 0,23%, enquanto Itaú Unibanco (ITUB4) estava próxima da estabilidade, com leve queda de 0,22%, Bradesco (BBDC3 e BBDC4) recuando perto de 0,5% e Santander (SANB11) caindo 0,6%.

PIX E OPEN BANKING

A agência de classificação de risco Moody’s aponta um cenário de maior pressão sobre as receitas e margens dos principais bancos devido ao início do open banking a partir deste mês e perda de receitas de transferências com o Pix.

A agência estima que o resultado das tarifas bancárias dos cinco maiores bancos diminuirá aproximadamente 10% em 12 meses a partir de novembro de 2020, considerando o nível de tarifas relacionadas antes do Pix, em termos de pagamentos de boletos e processamento de pagamentos via cartões de débito e crédito.

“O PIX pressionou os resultados bancários provenientes de seu negócio tradicional de transferência, um serviço caro para famílias e empresas menores e uma base de renda tarifária muito forte para os bancos. A rápida adoção do sistema de pagamento do PIX, particularmente pelas famílias, que não pagam pelas transferências feitas através do PIX, já afetou a rentabilidade dos bancos tradicionais”, disse a agência, em nota.

A avaliação considera que o início do open banking no Brasil neste mês também deve mudar a estrutura de resultados dos bancos tradicionais e aumentar a pressão sobre suas margens devido à significativa demanda por serviços de menor custo, além de dar a concorrentes menores o acesso aos dados coletados por seus sistemas.

“Embora o open banking no país não mude o cenário de negócios imediatamente, esperamos que esse novo ambiente para serviços bancários e financeiros se desenvolva mais rapidamente no Brasil do que em outras jurisdições, porque muitos bancos e fintechs já têm trabalhado com o regulador local nos últimos dois anos e a demanda por serviços de menor custo é significativa”, disse a Moody’s, em nota.

A avaliação cita que a maioria das linhas de negócios de bancos tradicionais continua focada em defender seus resultados individuais com abordagem “através de uma lente bancária”, mas cita iniciativas como a do Bradesco, que anunciou planos para oferecer serviços e produtos não-financeiros como streaming de filmes.

A agência vê os serviços financeiros ainda muito concentrado nos cinco principais bancos de varejo, com serviços financeiros caros e disponíveis de forma desigual para pequenas e médias empresas locais e famílias, ao mesmo tempo que novos entrantes são adicionados ao sistema à medida que a regulamentação financeira estimula mudanças profundas e promove novas formas de fazer negócios.