Juros não subirão preventivamente, mas Fed está pronto para agir para conter inflação

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse que o banco central norte-americano não irá elevar a taxa de juros, hoje perto de zero, preventivamente, reafirmando o compromisso da autoridade monetária com o alcance de seu mandato duplo. No entanto, ele disse que está pronto para agir caso a inflação persista acima da meta.

“Não vamos subir os juros porque um dado mostrou que a taxa de desemprego está caindo ou porque a inflação dá sinais de aceleração por conta da reabertura”, afirmou ele em audiência no Congresso sobre a resposta ao novo coronavírus.

Questionado sobre se uma taxa de inflação em 5,0% era aceitável nos Estados Unidos, Powell respondeu: “Não”. Ele também negou que o país irá reviver os níveis elevados de inflação da década de 70. “Acho muito, muito pouco provável que o cenário de inflação dos anos 70 irá se repetir agora”, disse.

Na semana passada, o banco central norte-americano previu que a taxa de inflação medida pelo índice de preços para os gastos pessoais (PCE) em 2021 será de 3,4%, depois da previsão de alta de 2,4% em março. Para 2022, a taxa deve acelerar a 2,1%, acima da projeção anterior de 2,0%.

“Observamos a inflação com muita cautela, mas se notarmos que a taxa está persistentemente elevada, vamos agir. Temos as ferramentas para lidar com uma inflação elevada, para trazê-la para nossa meta [de 2,0%]”, afirmou Powell.

O chefe do Fed atribuiu a aceleração da inflação nos Estados Unidos à reabertura econômica e aos gargalos de oferta – fatores que ele acredita que irão desaparecer com o tempo.

“A maior parte do aumento de preços que estamos vendo agora se deve a setores ligados à reabertura como aluguel de carros, passagens áreas e hotéis. Esses preços elevados não devem se sustentar e a inflação deve voltar a desacelerar. O momento em que isso irá acontecer é difícil de medir”, disse ele.

EMPREGO

Powell acredita na recuperação do mercado de trabalho norte-americano nos próximos meses, mas alertou que alguns fatores ligados à pandemia de covid-19 ainda limitam a capacidade de recuperação do emprego no país.

“As escolas ainda não estão completamente abertas, as pessoas têm medo de retomar completamente suas rotinas por conta da covid-19 e, embora as contratações estejam em nível elevado, são ofuscadas pelas demissões e aposentadorias”, afirmou ele.

O chefe do Fed, no entanto, disse que confia plenamente na recuperação do emprego nos Estados Unidos, algo que, segundo ele, deve ganhar mais força no outono (no hemisfério norte). “Acredito que nos próximos meses a criação de vagas será maior do que vimos em abril e maior”, disse.

Powell afirmou ainda que acredita que o emprego e a atividade econômica irão se desenvolver bem ao longo deste ano e lembrou que a vacinação contra a covid-19 é fundamental para garantir uma recuperação firme da economia.