Bolsa encerra três semanas de queda e sobe 4,7%; no dia alta foi de 2,2%

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Foto: energepic.com / Pexels

São Paulo – Otimismo externo, Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial e dados acima do esperado sobre emprego nos Estados Unidos fizeram o Ibovespa encerrar uma sequência de três semanas de queda e subir 4,70% nesta semana, mesmo com o anúncio do governo de elevar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre o setor financeiro, que fez as ações dos principais bancos recuarem na semana. Hoje, o Ibovespa teve alta de 2,22%, aos 115.202,23 pontos.

“A alta dos juros de dez anos nos EUA, por conta da elevação da Inflação, gerou pressão nos mercados de ações e cambial. Pesou também a questão da pandemia da Covid no mundo, obrigando algumas regiões do planeta a voltarem com o lockdow. Se lá fora as bolsas de valores desabaram, aqui o Ibovespa conseguiu se manter no positivo, influenciado pela aprovação da PEC Emergencial no Senado, que isenta o governo em caso de estourar o teto da dívida e gerar risco da responsabilidade fiscal”, explicou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora.

A novela envolvendo a PEC Emergencial ainda não chegou ao fim, já que sua aprovação, em segundo turno, no Senado Federal abriu espaço para começar a discussão na Câmara dos Deputados, onde também ainda depende de aprovação. Pode ser que seja mais rápida a conclusão dos trabalhos na Câmara, já que já foi validado pelo Senado.

“Na próxima semana a agenda econômica trará uma nova rodada de indicadores importantes para avaliar como está ocorrendo a retomada da economia em diferentes países. O mercado financeiro continuará volátil, sendo influenciado por notícias em relação ao avanço das vacinas para o covid-19 ao redor do mundo e quadro político no Brasil, além de notícias de pacote de estímulos nos EUA, Brasil e na Europa”, acrescentou Galdi.

O dólar comercial fechou em alta de 0,38% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6820 para venda, no maior valor de fechamento do ano, em sessão volátil seguindo o exterior em meio ao fortalecimento da moeda ante as divisas pares e de países emergentes influenciado pelo avanço do rendimento das taxas de juros futuros dos títulos de dívida do governo norter-americano, as treasuries. Os dados de emprego dos Estados Unidos, payroll, com a criação de vagas de trabalho em fevereiro acima do esperado refletiu no preço dos ativos globais.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, ressalta que o título de 10 anos (T-Note) chegou a subir a 1,61%, potencializado pelo “surpreendente” payroll. “A equação é simples. A criação de mais vagas de trabalho implicará na expansão da economia que, por sua vez, alimentará o consumo. O consumo em alta significa inflação à vista, o que deverá fazer com que o Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] ‘lance mão’ da política monetária acomodatícia”, avalia.

A economia norte-americana criou 379 mil postos de trabalho em fevereiro, acima das projeções que esperavam a abertura de 162,5 mil vagas. Os dados de janeiro foram revisados para cima, passando de 49 mil para 166 mil postos. Já a taxa de desemprego caiu para 6,2%, de 6,3% em janeiro, abaixo da previsão de 6,4%.

Para o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos, é provável que a economia e o mercado de trabalho por lá sigam em recuperação nos próximos meses. “O pacote de estímulo fiscal está em discussão no Senado e será peça importante em intensificar essa retomada, o que tem gerado mudanças na precificação de ativos. Diante da perspectiva de uma postura fiscal mais ativa, têm crescido os temores com a trajetória da inflação”, destaca.

Ele acrescenta que, a especulação de que o Fed poderá antecipar o “timing” da redução de estímulos monetários, com uma possível elevação da taxa de juros, deve continuar pressionando os vencimentos mais longos das treasuries, principalmente a T-Note, e fornecendo suporte ao dólar.

Na semana, marcada pela aprovação do texto-base da PEC Emergencial em dois turnos no Senado, com a “garantia” de que o teto de gastos será respeitado, e por várias intervenções do Banco Central (BC) no mercado cambial, a moeda avançou 1,43%, engatando a terceira semana de ganhos. Com isso, o dólar já acumula alta de 9,5% em 2021.

Voltando à PEC, ela deverá ser discutida e aprovada na Câmara dos Deputados na próxima semana e é um dos destaques da agenda, que tem ainda dados de atividade e de inflação nos Estados Unidos, na China e aqui. Na Europa, tem a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no quarto trimestre de 2020 e a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

Sobre a inflação norte-americana, a equipe econômica do banco Fator reforça que o número deverá fazer preço em meio à “hipótese da reflação” por lá e no mundo. A equipe econômica do Bradesco acrescenta que o resultado de fevereiro da inflação doméstica junto aos números de vendas no comércio e de serviços em janeiro deverão ajudar o BC na definição da taxa básica de juros (Selic) no dia 17.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda depois de mudarem de direção com a divulgação do payroll, como é conhecido o relatório sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos. Enquanto os vencimentos mais curtos apresentaram queda moderada, o fechamento das taxas intensificou-se ao longo da curva a termo.

O DI para janeiro de 2022 encerrou o dia a 3,80%, de 3,83% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,41%, de 5,53% na véspera; o DI para janeiro de 2025 ia a 6,95%, de 7,15% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,64%, de 7,83%, na mesma comparação.

Wall Street passou por uma montanha-russa nas negociações de hoje em meio aos novos sinais de uma recuperação econômica mais rápida, que levaram os juros no mercado de dívida a atingirem a maior alta do ano e castigaram o setor de tecnologia durante boa parte da sessão. Ao final de tanta volatilidade, os principais índices de ações dos Estados Unidos terminaram o dia com mais de 1,0% de elevação.

Confira a pontuação e a variação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,85%, 31.496,30 pontos

Nasdaq Composto: +1,55%, 12.920,10 pontos

S&P 500: +1,94%, 3.841,94 pontos