Yellen alerta para inflação nos EUA, mas reforça noção de transitoriedade

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A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janett Yellen / Foto: Federal Reserve

São Paulo – A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, disse que a aceleração da inflação nos Estados Unidos está ligada à reabertura da economia após as duras restrições adotadas para conter a disseminação do novo coronavírus, sinalizando que o movimento é temporário.

“A aceleração da inflação está ligada às dificuldades da reabertura econômica, que tem provocado gargalos de oferta”, afirmou ela durante depoimento a um comitê da Câmara dos Deputados sobre o orçamento.

Em abril e maio os norte-americanos viram uma disparada da inflação, com o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subindo 4,7% e 5,0%, respectivamente – os maiores patamares em décadas nos Estados Unidos.

Questionada pelos deputados pelos efeitos da inflação mais baixa nos Estados Unidos sobre a baixa renda, Yellen disse que uma taxa persistentemente abaixo da meta do banco central também apresenta riscos.

“Na maior parte da última década, a inflação nos Estados Unidos ficou abaixo da meta de 2%. Há riscos em um ambiente de inflação tão baixa por tanto tempo assim como há riscos com a inflação alta”, disse ela. “O Federal Reserve fica atado a uma política muito acomodatícia, com compras de ativos, para poder sustentar um ambiente de taxas baixas e economia crescendo”, acrescentou.

As declarações de Yellen acontecem um dia depois de o Federal Reserve (Fed) apresentar suas novas projeções para a inflação. De acordo com o banco central norte-americano, a taxa de inflação medida pelo índice de preços para os gastos pessoais (PCE) em 2021 será de 3,4%, depois da previsão de alta de 2,4% em março.

Para 2022, a taxa deve acelerar a 2,1%, acima da projeção anterior de 2,0%, e passar para 2,2% no ano seguinte, acima da estimativa anterior de 2,1%. No longo prazo, a projeção ficou inalterada em 2,0%.

Por fim, o núcleo da inflação PCE foi revisado de 2,2% para 3,0% para este ano, e de 2,0% para 2,1% no ano que vem. A mediana das projeções aponta que o núcleo da inflação PCE será de 2,1% em 2023, sem alterações antre a previsão divulgada em março.

Falando ontem em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou a transitoriedade da inflação nos Estados Unidos, embora não tenha descartado a possibilidade de a taxa ficar persistentemente acima da meta de 2%. Se isso ocorrer, segundo ele, o banco central tem ferramentas para trazer os preços para o objetivo.