Vamos continuar subindo as taxas de juros para abaixar a inflação, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: BCE

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fez uma palestra nesta sexta-feira no European Banking Congress, em Frankfurt, na Alemanha, e reafirmou que o banco deverá continuar no ritmo de subida de taxas de juros para conter a inflação. “Em última análise, aumentaremos as taxas para níveis que tragam a inflação de volta à nossa meta de médio prazo em tempo hábil”.

“A inflação na área do euro está muito alta, tendo atingido dois dígitos em outubro pela primeira vez desde o início da união monetária. E com a tendência de a inflação continuar alta por um período prolongado, precisamos acompanhar com muita atenção a evolução das expectativas de inflação. Além disso, embora os dados recentes de crescimento do PIB tenham surpreendido positivamente, o risco de recessão aumentou”, disse.

Lagarde afirmou que a inflação não deve abaixar em um curto prazo por conta de uma recessão econômica. “Os aumentos nos juros nos ajudam a retirar o suporte à demanda mais rapidamente. E eles enviam um sinal claro ao público de nossa determinação em reduzir a inflação, o que ajudará a ancorar as expectativas. As taxas de juros são, e continuarão sendo, a principal ferramenta para ajustar a orientação de nossas políticas”.

O ambiente hoje é desafiador, segundo Lagarde, porque há várias ocorrências simultâneas, que desestabilizam a economia. “O que torna a situação que enfrentamos hoje especialmente desafiadora é que não estamos apenas enfrentando uma sequência de eventos malfadados a pandemia, a crise energética, a invasão injustificável da Ucrânia pela Rússia e a alta inflação mas, como resultado, o ambiente ao redor nós também está mudando”.

Ela cita que, por um lado, a globalização deixou a produção mais eficiente por desmembrar setores produtivos em várias partes, mas, por outro, as restrições na cadeia de suprimentos interromperam a produção industrial, o que vem causando um choque de oferta, e impacta a inflação.

“Nesse contexto, as oscilações da demanda provocadas pelo fechamento e reabertura da economia ‘bateram no muro’. Em vez de as quantidades aumentarem para atender à demanda, os preços dispararam. Essa é uma das principais razões pelas quais juntamente com o aumento dos preços da energia a inflação voltou tão ferozmente”.

Ela cita também o fator energia como um dos motores do crescimento e do aumento na inflação, com a crise energética enfrentada pela Europa por conta da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Para isso, o investimento em energia sustentável e que não dependa de outras fontes é importante.

“A longo prazo, é provável que a necessidade de diversificar também acelere a transição verde na Europa, e o investimento maciço em energias renováveis aumentará tanto a oferta de energia quanto a demanda agregada ao longo do tempo. Mas durante a fase de transição, enfrentamos efeitos incertos em ambos os lados da economia”.

Para Lagarde, a consistência entre as áreas de políticas públicas continua sendo importante em um mundo pós-pandêmico. “Se respondermos separadamente aos desafios de hoje, corremos o risco de ficar no caminho uns dos outros. Mas se agirmos juntos, podemos enfrentar esses desafios e garantir que nossos objetivos sejam alcançados”, conclui.