Ministro Pazuello recua e libera estados para vacinar hoje

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São Paulo – A campanha de vacinação contra a covid-19, que inicialmente terá como alvo profissionais de saúde, poderá começar hoje, afirmou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante evento ocorrido mais cedo. Ontem, ele havia dito que a vacinação começaria a partir do dia 20 “simultaneamente” em todo o Brasil, embora em São Paulo o governador João Doria tenha anunciado que a vacinação no estado “deve começar imediatamente”.

O Ministério da Saúde começou hoje a distribuição das vacinas para todos os estados brasileiros, depois de fracionadas as quantidades previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI). “A partir daí, os estados fazem a distribuição local”, disse Pazuello durante uma entrevista coletiva convocada no domingo.

Em São Paulo, Doria determinou que a vacinação começasse antes do prazo inicialmente anunciado por Pazuello. Isso porque o imunizante que será utilizado é o produzido pelo Instituto Butantan, localizado no estado, e o processo de distribuição das doses que cabem aos paulistas poderá ocorrer mais rapidamente.

Os anúncios feitos por Doria e por Pazuello ontem ocorreram quase simultaneamente, e as informações conflitantes levaram os jornalistas a questionar tanto o ministro quanto o governador a respeito dos prazos que ambos anunciaram.

Pazuello disse que a decisão do governo paulista de vacinar antes da data estipulada pelo Ministério estava “em desacordo com a lei”.

“Reafirmo que a coordenação nacional de imunização é do Ministério da Saúde. Por medida provisória com força de lei. E está pactuado com os governadores, que todas as doses recebidas, que são seis milhões de doses, serão distribuídas de forma proporcional ao estados e entregues simultaneamente. E a partir daí iniciaremos a vacinação de forma igualitária em todos os estados. Qualquer movimento fora desta linha esta em desacordo com a lei”, afirmou.

Doria, por sua vez, negou ter quebrado a lei, afirmando que São Paulo usará as doses que lhe foram designadas no PNI e que o Ministério da Saúde sabia que o governo paulista separaria as doses a que tinha direito antes de enviar o restante do material ao governo federal.

O ex-deputado federal e atual secretário de governo de São Paulo em Brasília, Antônio Imbassahy, disse na entrevista coletiva que ontem, no início da reunião da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que determinaria o uso emergencial das vacinas, foi contatado pelo secretário nacional de vigilância e Saúde, Arnaldo Medeiros, para ser informado do número de doses a que o governo paulista teria direito.

Segundo Imbassahy, Medeiros “colocou com exatidão o número de vacinas que caberia a São Paulo. E nesta conversa acertamos e ele também entendeu como absolutamente consequente, que se pudesse as vacinas de São Paulo ficarem aqui, como sempre aconteceu, que não tinha nenhum sentido de fazer retrabalho – mandar vacina para um galpão [do Ministério da Saúde] e depois voltar novamente para galpão da secretaria estadual de saúde do estado de São Paulo.”

Hoje cedo, durante ato simbólico de entrega de vacinas contra a covid-19, Pazuello mudou o discurso e disse, segundo a Agência Brasil, que a vacinação contra o novo coronavírus começará nos estados ainda nesta segunda-feira.

Ainda de acordo com a Agência Brasil, ele afirmou que a previsão é que a distribuição das doses da vacina com uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) ocorra até as 14h de hoje, e que as primeiras aplicações sejam feitas até as 17h.