Troca de ativos entre Eletrobras e Neoenergia é positiva para as empresas, diz BTG Pactual

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Foto Divulgação/ Eletrobras

São Paulo – O BTG Pactual disse que a troca de ativos anunciada entre a Eletrobras e a Neoenergia, na noite de sexta-feira, é positiva para as duas empresas, ainda que tenha pouco impacto material para as empresas. Às 15h53 (horário de Brasília), as ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) subiam 2,90% e 3,17% e as da Neoenergia (NEOE3) tinham alta de 2,06%.

Em relatório, os analistas do banco de investimentos destacam que a operação está em linha com as novas estratégias das empresas.

Para a Eletrobras, o negócio representa avanço adicional na meta simplificar sua estrutura societária, agilizando o processo de recuperação. Apesar de a companhia sair ganhando na troca, a hidrelétrica Teles Pires, que a companhia terá participação de 51%, é mais exposta a riscos hidrológicos e de preços, sendo que somente 65% da sua capacidade foi vendida, diz a análise.

Para a Neoenergia, representa o primeiro marco em sua estratégia de desinvestimento para desalavancar seu balanço, já que a empresa encerrou o terceiro trimestre com dívida líquida sobre o ebitda em 3,1 vezes e tem um importante capex a ser implantado nos próximos anos.

Em sua teleconferência de sexta-feira, a empresa disse que está analisando outras três transações: a venda de umausina termelétrica; encontrar um parceiro para os seus ativos de transmissão e venda de sua participação de 10% em Belo Monte.As duas primeiras transações devem acontecer no primeiro semestre do ano que vem, mas a administração disse que o desinvestimento de Belo Monte só pode acontecer em 2024.

O BTG Pactual tem recomendação de compra para Neoenergia, com preço-alvo em R$ 28.

Na sexta-feira, o conselho de administração da Eletrobras aprovou a aquisição, por sua controlada Eletronorte, da participação de 24,5% do capital social total e votante da usina hidrelétrica Dardanelos, detida pela controlada Chesf, acrescida de ações da Neonergia detidas pela Chesf.O colegiado também aprovou a compra, pela Eletronorte, de 3.653 ações da Neoenergia Afluente T, 10.905 ações da Neoenergia Coelba e 6.568 ações da Neoenergia Cosern detidas, em conjunto, pelas controladas Furnas e Eletrosul.

As condições das duas transações serão divulgadas até sete dias úteis contados das assinaturas dos contratos.

Segundo a companhia, o objetivo das operações é concentrar as respectivas participações na Eletronorte, propiciando a celebração entre a controlada Eletronorte e a Neoenergia de um contrato de permuta de ações e outras avenças, por meio do qual, com as interveniências-anuências necessárias, Neoenergia e Eletronorte acordam a permuta de participações acionárias.

A troca prevê que a Neoenergia transfira à Eletronorte ações ordinárias representativas de 50,56% do capital social total e votante da Teles Pires Participações S.A., cujo Equity Value, definido de comum acordo entre as partes, é de R$ 327,9 milhões, e ações ordinárias representativas de 0,9% do capital social total e votante da Companhia Hidrelétrica Teles Pires, cujo Equity Value, definido de comum acordo entre as partes, é de R$ 5,9 milhões.

Além disso, o permute prevê que) ações ordinárias representativas de 100% do capital social total e votante da Baguari I Geração de Energia Elétrica S.A. (consorciada líder e titular de 51% do Consórcio UHE Baguari), cujo Equity Value, definido de comum acordo entre as partes, é de R$ 453,9 milhões.

O acordo prevê ainda a transferência, pela Eletronorte em permuta à Neoenergia, ações ordinárias representativas de 49% do capital social total e votante da Energética Águas da Pedra S.A.EAPSA (UHE Dardanelos), cujo Equity Value, definido de comum acordo entre as partes, é de R$ 784,5 milhões; 95.981 ações ordinárias, 10.885 ações preferenciais Classe A e 20 ações preferenciais Classe B de emissão da Neoenergia Coelba, no montante de R$ 2,6 milhões; 46.654 ações ordinárias, 8.901 ações preferenciais Classe A e 9.473 ações preferenciais Classe B de emissão da Neoenergia Cosern no montante de R$ 603,7 mil; e 26.328 ações ordinárias de emissão da Neoenergia Afluente T no montante de R$ 112.675,99 .

O valor da operação definida é de R$ 787,8 milhões, porém sem entrada e saída de caixa, dada a permuta de ativos transacionada, e o seu fechamento está condicionado ao cumprimento de determinadas condições precedentes usuais a esse tipo de operação, incluindo as anuências cabíveis, tais como regulatórias, credores e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) à celebração dos contratos e à observância de direitos de preferência de terceiros.

Com a realização da operação, a Eletrobras irá consolidar 872 MW de capacidade instalada, R$ 2,6 bilhões de dívida líquida e obter um aumento do EBITDA anual estimado em cerca de R$ 397,0 milhões.

As transações estão alinhadas ao objetivo estratégico de racionalização de participações, conforme previsto no Plano Diretor de Negócios e Gestão (PDNG 2022-2026), e resultarão em otimização societária, uma vez que as empresas Eletrobras deixarão de deter participações nas Companhias Neoenergia Afluente T, Neoenergia Coelba, Neoenergia Cosern e EAPSA, e passarão a deter 100% da Companhia Hidrelétrica Teles Pires e 66% do Consórcio UHE Baguari.