Senador afirma ter 27 assinaturas para pedir criação da CPI do Ministério da Educação

701
O vice-presidente da CPI da Pandemia, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL). (Foto Jefferson Rudy/Agência Senado)

Brasília – O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou, nesta quinta-feira, que o requerimento de criação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias de corrupção no Ministério da Educação conta com 27 assinaturas de parlamentares – o mínimo necessário para ser apresentado à Mesa Diretora do Senado Federal.

O último senador a dar apoio à CPI foi Alexandre Giordano (MDB-SP). “Após a assinatura do senador Giordano, acabamos de conseguir as assinaturas necessárias para a instauração da CPI do MEC. Vamos passar a limpo o bolsolão do MEC de demais escândalos de corrupção deste governo no MEC”, escreveu Rodrigues, em suas conta no Twitter.

Segundo reportagens publicadas em março, os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, cobrariam propina para intermediar a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao MEC.

Os pastores evangélicos participavam de reuniões com prefeitos no MEC e em eventos organizados nos municípios, acompanhando o ex-ministro Milton Ribeiro. Eles teriam poder sobre a agenda do ex-ministro da Educação. As denúncias provocaram a demissão de Ribeiro. Em depoimento na Comissão de Educação, prefeitos confirmaram o pedido de propina, mas negaram o pagamento aos pastores.

O ex-ministro foi preso preventivamente em sua residência, em Santos (SP), mas, nesta quinta-feira, foi liberado pelo desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.

“Esse caso alcança o alto escalão do governo federal. O próprio ex-ministro Milton Ribeiro havia declarado anteriormente que o tráfico de influência que ocorria por parte do senhor Gilmar e dos outros era autorizado e determinado pelo presidente da República”, afirmou Rodrigues.

“Quando se alcança os mais altos escalões da República, isso deixa de ser uma questão da esfera somente da CGU [Controladoria-Geral da União], do Ministério Público e passa a ser uma questão da esfera política”, completou.

O jornal “Folha de S.Paulo” publicou um áudio de Ribeiro, no qual o ex-ministro afirma que atendia os pastores por orientação do presidente Jair Bolsonaro.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que submeterá o requerimento de criação da CPI do MEC aos líderes partidários, mas ressaltou que o momento não é oportuno para a investigação devido às eleições de outubro.