Renda variável voltará a ter protagonismo se houver controle da inflação e ajuste fiscal, diz CEO da B3

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São Paulo – O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse estar “esperançoso” com as perspectivas para o mercado de renda variável nos próximos meses, com a visão de que o Brasil está saindo em uma condição diferente de outros mercado do atual cenário de forte incerteza, marcado pela inflação e elevação de juros no exterior.

Para isso, ele aponta que será necessário ter a confirmação de que a inflação vai ficar dentro da meta no ano que vem, em torno de 5%, e que a taxa de juros já atingiu ou vai atingir o pico nos próximos dias aqui no Brasil e começa a cair, com um afrouxamento monetário no início do ano que vem, fruto de um ajuste fiscal no início do governo. “Com essas condições, eu vejo que a renda variável vai voltar a ter protagonismo em 2023 no Brasil”, comentou.

“O período é de muita incerteza, mas o Brasil saiu na frente em relação ao ajuste da política monetária para controle da inflação. Já vivemos várias transições políticas e nos próximos 45 dias será mais uma transição. A conclusão dos painéis é que haverá uma oportunidade do mercado voltar a ter protagonismo maior no início do ano que vem”, analisou o CEO da B3, após debates sobre as perspectivas para o mercado financeiro, em evento organizado pela B3 e Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), na manhã desta terça-feira, em São Paulo (SP).

Neste ano, ele avalia que ainda haverá novas ofertas secundárias (follow-ons), é pouco provável que haja IPOs (ofertas primárias de ações), mas 2023 promete. “Estimamos que existam cerca de 100 empresas se preparando para abrir capital e não virão todas de uma vez, deve haver uma evolução ao longo de 2023 se prevalecerem as condições de controle da inflação global e controle da inflação pelo novo governo”, finalizou.

B3 lança plataforma que permite criar índices com maior agilidade

A B3 anunciou a criação de uma nova plataforma para a criação de índices. Batizada de Indices on Demand, a solução permite o desenvolvimento de indicadores com maior rapidez, já que adota as ferramentas mais avançadas de Big Data e o método Ágil nos processos.

Com a possibilidade de disponibilizar novos índices, os participantes de mercado poderão lançar diversos produtos financeiros referenciados, como ETFs (fundos de índices) e derivativos, com a agilidade necessária e toda a governança que a B3 garante. Ao mesmo tempo, os investidores ganharão maior visibilidade sobre diferentes segmentos da economia brasileira, além de novas opções de investimentos para a diversificação de suas carteiras.

“O Indices on Demand é um importante passo para consolidar a B3 como a principal referência no desenvolvimento de índices. Com a nova plataforma, estamos mais próximos dos nossos clientes e de suas demandas”, afirma Henio Scheidt, gerente de produtos da B3.

O sistema do Indices on Demand também permite o desenvolvimento de índices mais sofisticados, como os baseados no mercado de derivativos e que refletem o desempenho de produtos da frente de Balcão. Esse é o caso do primeiro produto criado a partir a nova metodologia, o Indice de Crédito de Descarbonização B3 (ICBIO B3), que consolida a variação diária do preço médio do Crédito de Descarbonização (CBIO), explica a B3.

A B3 também apresentou o novo índice de CBIO, o ICBIO B3, que foi desenvolvido para atender os movimentos do mercado global e de novos produtos e serviços ESG.

O Crédito de Descarbonização (CBIO) é um dos instrumentos adotados pela Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), em 2017, para ajudar o Brasil a atingir as metas de descarbonização assumidas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015 (COP 21). Ele é emitido por produtores e importadores de biocombustíveis, certificados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Os distribuidores de combustíveis fósseis têm metas anuais de descarbonização calculadas pela ANP, com base na proporção de combustíveis fósseis que comercializam, e adquirir CBIOs é a única forma de atingimento destas metas. Cada CBIO corresponde a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida.

“O lançamento do ICBIO B3 traz grande visibilidade ao mercado de crédito de descarbonização, além da possibilidade de criação de produtos financeiros referenciados, capazes de integrar diferentes estratégias de investimento, como proteção de preço”, comenta a B3.